‘Hegemonia do Corinthians pode ser combatida’, diz técnico do São Paulo que acabou de conquistar Supercopa
Para Thiago Viana, a evolução do trabalho e a força mental fizeram a diferença para o título inédito contra o rival; o treinador também comentou o equilíbrio do futebol feminino paulista
A conquista do título inédito do São Paulo na Supercopa, primeira competição do futebol feminino em 2025, pode ter surpreendido muita gente. Mas, a grande verdade é que o tricolor paulista já vinha batendo na trave há algum tempo.
Com um técnico que conhece muito bem o elenco — Thiago Viana está à frente do time profissional feminino do São Paulo desde 2022 e, antes disso, era treinador da base desde 2015 — e o investimento na modalidade, a taça veio.
“Eu costumo dizer que esse título foi uma construção dos nossos últimos anos. A gente vem evoluindo ano a ano, né? A gente tem essa filosofia da melhoria contínua, de cada ano ser melhor do que o anterior. Ter conquistado a vaga na Libertadores, e poder disputar outros campeonatos, como a Supercopa também, brilhou o olhar das atletas que estavam fora. Isso facilitou para que a gente conseguisse trazer atletas experientes, que agregaram bastante a nossa base — que já era sólida —, para conseguir vencer esse título”, afirma Thiago Viana sobre o que fez a diferença para a conquista.
Diante do grande rival Corinthians, um adversário muito conhecido por conta dos embates nos últimos anos, o preparo mental das atletas tricolores para a final da Supercopa também foi fundamental.
“A cada ano que passa, as atletas chegam mais longe dentro das competições, e vão evoluindo mentalmente, junto com a comissão. A gente vai criando uma casca, que vai criando uma experiência. A gente diz que pode errar, mas sempre tentar não errar duas vezes a mesma coisa, né?”, avalia o treinador tricolor.
“Acho que esse acúmulo de experiência ajudou muito a gente a fazer esse jogo no Morumbi ser mais leve, do que foi a final do ano passado, onde várias atletas ainda não tinham jogado no Morumbi. Além do trabalho mental do dia a dia, que a gente já coloca nos treinamentos algumas questões para fortalecer, e o trabalho da nossa área de psicologia. São todos pontos que ajudam a nos preparar. Fisicamente, taticamente, tecnicamente, mas também mentalmente”, completa.
Confiança e responsabilidade
Thiago Viana também comenta de que forma o título da primeira competição do ano pode ajudar a impulsionar o restante da temporada.
“Essa conquista tem dois pontos: o primeiro é dar confiança para o grupo. As atletas entenderem que podem competir de igual para igual com qualquer adversário, que podem entrar em todas as competições para ser vencedor. Ter confiança no grupo de trabalho e nas propostas”, pondera.
“E, por outro lado, traz também uma responsabilidade. As equipes vão naturalmente acabar estudando mais a gente. A gente também vai ser uma equipe que vai ter um alvo nas costas. Porque do primeiro semestre, o único título que estava em disputa, a equipe de São Paulo que conquistou. A gente vai ter que saber lidar com isso e lidar da melhor forma. É para isso que a gente trabalha, para competir, conquistar e buscar estar sempre entre os melhores.”
Futebol feminino mais equilibrado?
Por muito tempo, o multicampeão Corinthians era o time a ser batido no futebol feminino paulista. Com as conquistas do São Paulo, na Supercopa 2025, e do Palmeiras, no Paulistão 2024, e o investimento dos clubes na modalidade, esse cenário começa a mudar, e as equipes parecem cada vez mais parelhas.
“Eu vejo que as equipes vem, sim, evoluindo, aos poucos. As equipes estão começando a se organizar melhor, têm mais investimentos, patrocinadores. O mercado brasileiro está atraindo muitas jogadoras sul-americanas, algumas atletas estão retornando da Europa ou dos Estados Unidos para jogar no Brasil, porque está fazendo sentido financeiramente”, argumenta Thiago Viana.
O técnico tricolor, porém, ressalta: “A equipe do Corinthians continua sendo muito forte, continua a ser a equipe de maior investimento, de maior estrutura. Então, sem dúvida nenhuma, eu acho que essa hegemonia [do Corinthians] pode ser combatida, a luta de todas as equipes continua. Mas a equipe do Corinthians segue entre as melhores do país e do continente”.