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Volta do bairrismo na Seleção. Sem Ancelotti, São Paulo exige Abel Ferreira. Rio quer Diniz. CBF analisa

Depois de décadas de tranquilidade, as duas mídias mais importantes do país divergem sobre o técnico da seleção. Sem Ancelotti, que a CBF espera até junho, Rio força Diniz e São Paulo, Abel. Jesus corre por fora

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli


Diniz e Abel. Sem Ancelotti, o Rio quer Diniz na seleção. E São Paulo exige Abel Ferreira
Diniz e Abel. Sem Ancelotti, o Rio quer Diniz na seleção. E São Paulo exige Abel Ferreira

São Paulo, Brasil

Carlo Ancelotti cada vez se mostra menos interessado na seleção.

Assim como o presidente do Real Madrid, Florentino Pérez, insiste que deseja que o italiano cumpra seu contrato até junho de 2024.

Enquanto isso, o Brasil chega a inacreditáveis seis meses sem treinador.

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O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, garante que vai esperar Ancelotti até o fim da temporada europeia, com a definição da Copa.

Só que é lógico que ele não pode ficar parado. E articula o que fazer.

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O português Jorge Jesus tem grande lobby para assumir o time e já deu sinais de que, se houver o convite, ele aceitará.

Só que o efeito colateral dessa indefinição foi o renascimento do esquecido bairrismo.

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E que pôs frente a frente as duas mais importantes imprensas brasileiras.

A paulista e a carioca.

Em portais, TVs, rádios e jornais, Abel Ferreira e Fernando Diniz estão duelando.

Nenhum outro treinador que trabalha no país é citado com chance de assumir a seleção.

Cada articulista, comentarista, narrador e até repórter deixa evidenciada sua preferência.

Primeiro, o "dinizismo".

Com sua proposta de jogo que imita o Barcelona de 2008 a 2012, quando Pep Guardiola encantou o mundo. Montando uma equipe extremamente técnica, com futebol baseado em troca de passes, preenchimento de espaços, posse de bola, jogadores exercendo múltiplas funções táticas. Marcação adiantada, pressionando, tirando o oxigênio do rival.

Desde que começou a carreira como técnico, no Votoraty, na Terceira Divisão Paulista, em 2009, ele já tentava copiar os métodos de Guardiola. A obsessão foi crescendo com o passar do tempo. Com a importância dos clubes que passaram pelas suas mãos nestes 14 anos.

Ele penou, sofreu, foi teimoso. Forçava o método de Guardiola em elencos fracos, com jogadores de poucos recursos técnicos. E perdeu partidas importantes enquanto foi radical, forçando times a saírem tocando bola, com atletas sem talento, e tomando gols infantis, bobos.

Por isso, Diniz colecionou derrotas em retas finais de campeonatos e tem um currículo pobre de conquistas. De tanto perder, finalmente se rendeu. E deixou de ingenuidade. Seus times passaram a ser mais faltosos, os defensores têm liberdade para dar chutões, não precisam mostrar habilidade dentro da sua grande área. Resumindo, aprendeu a se defender.

Felipão, Tite, Dunga, Mano Menezes. Gaúchos serviram para que o bairrismo fosse esquecido
Felipão, Tite, Dunga, Mano Menezes. Gaúchos serviram para que o bairrismo fosse esquecido

Do meio para a frente, não. Ele, que foi um jogador muito técnico, exige talento, troca de posições, velocidade, ataques em bloco. O Fluminense é o time mais plástico, mais agradável de ver no futebol deste país.

O tal "dinizismo" que contagia, que incendeia a mídia carioca.

Embora formado em psicologia, Fernando Diniz teve de ser muito criticado para melhorar seu comportamento com os jogadores. Os palavrões, as cobranças irritadiças em público já causaram várias crises. Ele está mais contido, o que passa confiança à equipe.

De prático, ele tem dois títulos na carreira. O de campeão paulista da Terceira Divisão, como Votoraty, em 2009. E o Carioca de 2023.

As vantagens de Diniz, nesta disputa, são significativas. A primeira é ser brasileiro. Há rastros de xenofobia na CBF, que defendem um treinador nascido no país para comandar a seleção.

A segunda: ter a empolgada mídia do Rio de Janeiro, onde fica a CBF, a seu favor.

A terceira: a certeza de que Diniz seria mais flexível às exigências da seleção. Como amistosos fraquíssimos, marcados para garantir 2 milhões de dólares livres, cerca de R$ 9,9 milhões, à entidade. E a disposição para lidar com Neymar.

O técnico já soube lidar com os privilégios de Daniel Alves no São Paulo e de Paulo Henrique Ganso no Fluminense. Assegurou os dois enquanto convenceu o time a facilitar o jogo da dupla de ídolos veteranos.

Do outro lado do "ringue" há Abel Ferreira.

Com o apoio da belicosa imprensa paulista.

Ex-lateral esforçado, que trocava a técnica pela postura tática, dedicação. Foi assim que chegou até a seleção portuguesa comandada por Felipão. Escolheu ser treinador pela liderança e visão tática privilegiada.

Desde o início, com os juniores do Sporting, de Portugal. Logo assumiu a equipe B. Foi para o Braga B. Assumiu o time profissional em 2017. Tem, portanto, apenas seis anos como treinador. Foi para o Paok, na Grécia.

Abel não contou com elencos qualificados tanto no Braga quanto no Paok. Mas impôs seu jogo pragmático, de preenchimento de espaço, de muita responsabilidade defensiva, de extrema velocidade pelos lados, de triangulações constantes e ofensivas pelas laterais, inúmeras jogadas ensaiadas de bolas paradas, futebol posicional no ataque, com extremas abertas, para ganhar amplitude, escancarar as defesas adversárias. 

É extremamente exigente em relação à parte física dos seus jogadores. Controlador, inclusive do sono. Exige saber tudo dos seus atletas, mesmo fora de campo. Há uma cartilha rígida de comportamento no Palmeiras. 

Eclético e estudioso, é influenciado por treinadores antagônicos, como José Mourinho, Ancelotti e Guardiola. Ele não tem o menor constrangimento em colocar seu time atrás para marcar muito forte, abrir mão da posse de bola, para buscar vitórias em contragolpes. 

É prático.

E vencedor.

Ganhou oito títulos desde que chegou ao Palmeiras, em outubro de 2020. Duas Libertadores, Brasileiro, Copa do Brasil, Recopa Sul-Americana, dois Paulistas e uma Supercopa do Brasil.

Tem a seu favor o currículo. A visão profunda do futebol brasileiro. A relação profunda de confiança do elenco que comanda.

Ponto contrário, o comportamento com árbitros. São 44 cartões desde que chegou ao país. Sete expulsões. Se ele agir em uma partida importante da Copa do Mundo, pode comprometer terrivelmente o Brasil.

E também o fato de não aceitar situações comprometedoras, como amistosos inúteis, e privilégios a estrelas, como Neymar.

E, infelizmente, várias pessoas importantes ainda levam em conta a questão de não ter nascido no Brasil. Ser português. Como se o cargo de treinador da seleção estivesse amarrado à certidão de nascimento. Isso ainda pesa na CBF. 

O Fluminense é o time mais admirado do Brasil.

O Palmeiras é o mais vencedor.

São duas filosofias diferentes.

A imprensa carioca, de maneira geral, está encantada com o "dinizismo".

Os jornalistas paulistas, com as vitórias, as conquistas, o repertório pragmático do Palmeiras.

Ednaldo Rodrigues está se cansando da exposição, de ver a seleção brasileira parada, sem planejamento dentro do campo, já que não tem um treinador há seis meses.

Mas, tinhoso, promete esperar até o próximo mês por Ancelotti.

E, depois, analisar as opções. 

Levar a sério Abel Ferreira e Fernando Diniz.

Como, principalmente, correndo por fora, Jorge Jesus.

Se depender de São Paulo, o cargo é de Abel.

Se depender do Rio, Fernando Diniz assume.

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