Vitória de Galiotte sobre Andrés Sanchez
Presidente do Palmeiras vence o corintiano. FPF cedeu. Fim da indecente venda de mando de jogos, no Paulista. A partir de 2019
Cosme Rímoli|Cosme Rímoli
Graças ao Palmeiras, a Federação Paulista de Futebol vai acabar com a pouca vergonha em 2019. Acabará a possibilidade da venda de mandos de jogos nas fases decisivas no Paulista. Uma velha e viciada prática entre os clubes.
"Depõe contra o campeonato. A gente não precisa passar por isso. O Campeonato Paulista é um campeonato bastante competitivo, desafiador para todos. Acho que criamos uma situação desnecessária, foi isso o que eu falei não reunião. Nenhum clube deveria fazer isso. Você joga um jogo fora, outro em casa. Ponto. Só o Palmeiras se manifestou contra isso", confirmou Mauricio Galiotte.
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O presidente do Palmeiras chegou a ter uma áspera discussão com o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, pelo tema. O palmeirense não se conformou com o Bragantino, por dinheiro, trocar o direito de atuar em Bragança Paulista, pelo Pacaembu. Andrés se revoltou, dizendo que não era problema do Palmeiras, já que o próprio presidente do Bragantino, Marcos Chedid, foi que pediu. E que cada clube sabia como deveria tocar a sua vida.
"A ideia foi do Bragantino. Vamos disputar uma Série C do Brasileiro. Não temos nenhum apoio. Então, vou acabar o campeonato agora e tenho seis meses de Série C, sem apoio nenhum. O clube precisa sobreviver financeiramente porque tem que pagar suas contas", disse Chedid.
Mas a desmoralização por essa manobra não demorou. Veio a partida do Bragantino contra o Corinthians, no domingo. E o clube de Bragança ganharia muito mais dinheiro se atuasse em casa. Tivesse consideração pelos seus torcedores. Apoiasse o ótimo trabalho de Marcelo Veiga e seu humilde time.
Pecado maior, reservou apenas dois mil ingressos para sua própria torcida. Mais de 30 mil para os corintianos.
Foi o fracasso da ganância.
A Folha de São Paulo detalhou.
"A arrecadação da partida, que teve um público de 15.317, foi de R$ 607.694 mil. A equipe do interior, porém, lucrou apenas R$ 224.509,48 mil, já que teve aproximadamente R$ 383 mil descontados em razão de despesas com aluguel do estádio (R$ 72.938,28), bilheteiros (R$ 18.816,50) e CET (R$ 10.957,76).
Já no duelo contra o Palmeiras ,a arrecadação foi de R$ 420.135 mil para um público de 7.775. O lucro, porém, de R$ 330.060 mil em razão que o clube não precisou gastar com banheiros químicos, orientadores, entre outros gastos maiores. Em Bragança, por exemplo, o gasto foi de R$ 1.300, enquanto no Pacaembu em razão do público maior, foi de R$ 5.370.
O confronto contra o Corinthians foi realizado no Pacaembu porque o presidente do Bragantino, Marquinhos Chedid, esperava lucrar mais. A expectativa era uma renda em torno de R$ 1 milhão, o que geraria um lucro de aproximadamente de R$ 400 mil."
Sem graça, Chedid tenta justificar o fracasso. Coloca como vilã a TV Globo, que transmitiu o jogo para São Paulo. Ironia. É a Globo que sempre apoiou essas inversões de mando, porque em estádios grandes, tem condições técnicas de transmitir muito melhor a partida.
Chocado com o fracasso, Chedid deve mudar sua postura, caso o Bragantino se classifique para as semifinais. E jogar em Bragança Paulista, como a decência recomenda.
O presidente da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos, percebeu a desmoralização do torneio. Na nova fórmula, os duelos das quartas reúne o primeiro, o Palmeiras, contra o terceiro, o Novorizontino; o segundo, o Corinthians, contra o sétimo, o Bragantino; o quarto, o Santos, duela com o nono, o Botafogo; e o quinto, o São Paulo, disputa a vaga com o décimo, o São Caetao.
Ou seja, na disputa que a lógica indicaria ser entre os oito primeiros, o sexto, o São Bento, e o oitavo, o Ituano, ficaram de fora.
Depois houve a confusão com a primeira rodada das quartas de final, que teve de ser toda refeita. A FPF desprezou uma corrida de rua, na manhã de domingo, que passaria em frente ao estádio. E o encontro com torcedores corintianos seria inevitável, já que a partida estava marcada para as 11 horas. Além disso, se esqueceu que são paulinos e corintianos poderiam se encontrar no metrô, trem, ônibus, já que o São Paulo enfrentaria o São Caetano às 16 hora do domingo.
Quem havia elaborado a tabela se mostrou de total incompetência.
Ela teve de ser alterada completamente.
Como Reinaldo Carneiro Bastos alijado da sucessão de Marco Polo del Nero, perdeu o lugar para Rogério Caboclo, o dirigente terá a obrigação de aprimorar o seu produto mais importante. O Campeonato Paulista.
E Bastos já tomou uma decisão.
Acabou a farra da venda dos mandos.
O Palmeiras já foi beneficiado em 2015, quando o Audax adotou essa viciada estratégia. Em 2017, foi o Linense quem facilitou as coisas para o São Paulo, também tomando prejuízo.
O Corinthians foi o último clube a receber esse privilégio: jogar duas vezes em casa contra um time pequeno. A visita do Bragantino ao Pacaembu, será um marco.
O Santos, como grande, será a única equipe que poderá optar jogar na Capital, quando quiser.
Os demais, deverão respeitar seus torcedores.
E o equilíbrio técnico do estadual mais rico do país.
Vitória do Palmeiras.
De Galiotte.
Da decência.
Derrota de Andrés Sanchez.
Da ganância dos clubes pequenos.
Eles terão de aprender a valorizar suas próprias torcidas...
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