Virada espetacular. Inter encaminha o título brasileiro
Nos últimos minutos, o Inter consegue virada histórica contra o Grêmio. Abre quatro pontos na liderança. Faltando seis rodadas
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Aos 44 minutos do segundo tempo, a bola voou na grande área.
Cruzamento desesperado do zagueiro Víctor Cuesta.
Abel Hernández surge, de surpresa na grande área, e cabeceia com vontade para as redes.
Gol do Internacional.
1 a 1.
Aos 49 minutos do segundo tempo.
Cruzamento alto.
Edenílson cabeceia e a bola bate no braço de Kannemann.
Pênalti para o Internacional
O juiz Luis Flavio de Oliveira não titubeou.
Edenílson vai para a cobrança, aos 52 minutos.
Com toda a tranquilidade, ele desloca o goleiro Vanderlei.
Bate no canto esquerdo, enquanto o goleiro cai no direito.
2 a 1 diante do grande adversário, o Grêmio.
De virada.
Oitava vitória do time de Abel Braga.
O Internacional abre quatro pontos de distância do São Paulo, segundo colocado.
Termina com 11 jogos sem vitórias nos Grenais.
Vitória que encaminha o título brasileiro depois de 41 anos para o time colorado.
O Grêmio de Renato Gaúcho, que saiu na frente no jogo, com gol de Jean Pierre, aos 30 minutos do segundo tempo, sentiu o baque. Na sexta colocação, com 11 pontos de diferença do primeiro colocado, o Internacional, primeiro colocado, só resta focar na decisão da Copa do Brasil, diante do Palmeiras.
O sonho do Brasileiro acabou.
Em compensação, para o time de Abel Braga, nunca esteve tão vivo.
A rodada foi importantíssima. E colorada.
A começar pelo sábado. Com o vexame do São Paulo, no Morumbi, empatando com o fraquíssimo Coritiba. Também ontem, o Atlético Mineiro, de Sampaoli, com seu elenco de mais de R$ 140 milhões, perdeu para o limitado Vasco, por 3 a 2.
Hoje, o atual campeão brasileiro, Flamengo, com seus jogadores importantes, perdeu para o Athletico Paranaense, por 2 a 1. E ficou a sete pontos de distância.
Até o Palmeiras que chegou a ter ambição de vencer a Libertadores e a Copa do Brasil, além do Brasileiro, não tem mais direito nem a pensar. Com os reservas perdeu para o Ceará e fica, ao lado do Grêmio, a 11 pontos de distância.
"(A virada contra o Grêmio) Representa muita coisa. Temos passado por muita coisa nos últimos anos. Trabalhamos todos os dias. Estou há mais tempo e sei a responsabilidade que é. Fico muito feliz em contribuir. Esperamos coroar no final. Seguiremos trabalhando.
"Viramos um jogo que parecia perdido, mas não ganhamos nada ainda", alertava misturando euforia e muita consciência, Edenílson, ao final do jogo no Beira-Rio.
O Internacional tem seis jogos importantíssimos para definir o título nacional.
Red Bull Bragantino, em casa; Athletico Paranaense, fora; Sport, em casa; Vasco, fora; Flamengo, fora; e o Corinthians, em casa.
Desses 18 pontos em jogo, se ganhar 15 será campeão.
Ou seja, tem até o direito de perder um jogo.
O Grenal de número 429 deixou a emoção para o final.
Tanto Renato Gaúcho como Abel Braga montaram suas equipes com muita precaução. Os dois vividos treinadores sabiam muito bem da importância de vencer o jogo. Fortaleceria a esperança da conquista do título brasileiro. E também de perder, traria o peso de abandonar a competição nacional.
O Internacional enfrentava também enorme trauma. Só de quem é do Rio Grande do Sul sabe. A metade vermelha de Porto Alegre lastimava 11 Grenais sem vitórias. Por não vencer o clássico, o argentino Eduardo Coudet teve seu trabalho questionado pela imprensa local, fator que teve muito peso na sua demissão e ida para o minúsculo Celta de Vigo.
Abel Braga tinha um plano traçado. Sufocar o Grêmio, marcar o primeiro gol para tirar o peso das costas de seus jogadores. E obrigar o time de Renato Gaúcho a se abrir, para explorar os contragolpes.
O Internacional pressionou como pôde por 15 minutos de jogo. Parecia que iria encurralar o Grêmio. Mas depois do susto inicial, Renato equilibrou a partida, compactando mais seu time. Acabando, na origem, no meio de campo, a animação do grande rival.
O que se viu em todo primeiro tempo foi o domínio colorado, mas sem objetividade. Porque o Grêmio não oferecia, por exemplo, o espaço que o São Paulo deu. Seus atletas entraram para jogar com muita competitividade.
A rivalidade se impunha.
A melhor chance aconteceu aos 34 minutos, quando Yuri Alberto ficou sozinho, depois de ótimo passe de Praxedes. Ele chutou, Vanderlei tocou na bola, que beijou o travessão.
Aos 36 minutos, um lance que mexeu com a zaga gremista. O capitão Pedro Geromel, que enfrentou várias contusões, teve outra. Ele torceu muito feio o tornozelo direito. E caiu chorando. Teve de ser substituído por Rodrigues.
A sensação térmica de 40 graus em Porto Alegre obrigou os dois times a diminuírem o ritmo de jogo.
As palpitações ficaram para o segundo tempo.
E o Grêmio foi muito melhor, porque Renato Gaúcho adiantou suas linhas e ganhou o meio-campo. Os jogadores do Internacional estavam mais desgastados e nervosos.
Abel Braga demorou para tomar atitude.
Quando ia reforçar seu time, tomou o gol.
Lucas Ribeiro fez enorme bobagem, levando a bola até perdê-la na intermediária gremista. O contragolpe foi fulminante. Diogo Barbosa deu uma arrancada fulminante e descobriu Diego Souza na grande área. O toque foi genial, de primeira, para Jean Pyerre. Livre diante de Marcelo Lomba, o chute foi para as redes. Grêmio 1 a 0, aos 30 minutos.
Abel Braga fez, finalmente, suas trocas. Colocou Marcos Guilherme no lugar de Praxedes e tirou Patrick, em dia péssimo, colocando Abel Hernández.
Renato Gaúcho recuou seu time esperando contragolpes, que o Internacional poderia oferecer, já que buscaria o empate.
E foi o que o time colorado fez.
Tratou de comprar a briga, adiantar todo seu time.
Não poderia perder o jogo, permitir que o rival renascesse.
E as bolas aéreas, que Abel Braga tanto gosta, que veio a virada impressionante.
Abel Hernández e Edenílson cabecearam aos 44 e 49 minutos do segundo tempo.
E conseguiram o empate e o pênalti.
Graças aos dois gols, o Internacional é mais líder do que nunca.
Tem quatro pontos, faltando seis partidas.
É uma vantagem excelente.
E que encaminha o clube ao título, depois de 41 anos.
Desde 1979, o Inter não sabe o que é ter a hegemonia no país.
A chance é fabulosa.
A rodada de hoje foi excepcional para o time de Abel.
Mas vencer o Grenal conseguiu ser ainda melhor...
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