Veteranos e jogadores fracos. Carille cansou de carregar a culpa sozinho
A derrota contra o Flamengo deixou claro o quanto o Corinthians não consegue atacar. Carille decidiu deixar claro. O elenco é fraco ofensivamente
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
"A gente não tem características de jogadores que ficam buscando muito o gol. É algo que temos levado ao treinamento.
A responsabilidade em qualquer situação nunca é só do técnico ou dos jogadores. O erro de passes simples estão me incomodando muito.
Eu falo que a bola não está no pé do técnico."
Demorou, mas Fábio Carille decidiu tornar público o que já sabe desde que voltou ao Corinthians, em dezembro do ano passado.
A profunda crise econômica vivida pelo clube por conta da péssima negociação da construção do Itaquerão, a dívida já passa dos R$ 1,6 bilhão, reflete diretamente no time.
Jogadores do meio para a frente são os mais valorizados no futebol mundial. E no novo elenco que o Corinthians montou para a temporada, está claro que faltam jogadores diferenciados, talentosos, com vigor físico.

Tanto nas meias como no ataque.
Mesmo vencendo o Campeonato Paulista, no ataque, o time não convenceu Carille, a diretoria, a imprensa e, principalmente, os torcedores.
Vale destacar que a campanha ofensiva do tricampeonato paulista foi baixíssima. Foram apenas 16 gols em 18 partidas, uma média de 0,89 por rodada. Menos de um gol a cada jogo.
Foi a pior média de gols nos 49 principais títulos que conquistou, nos seus 109 anos de existência.
Nos quatro jogos do Brasileiro, quatro gols.
Um por partida, apenas.
Só tem 11 gols em sete jogos da Copa do Brasil porque enfrentou adversários fracos como Ferroviário, Avenida, Ceará, Chapecoense. Até encontrar o Flamengo.
A dificuldade em marcar gols é incrível.
A fragilidade ofensiva corintiana chega a ser irritante.
"Sou questionado o tempo todo por que o time não vai bem", desabafou Carille, deixando claro que cansou de carregar a culpa sozinho pelas decepcionantes atuações do time.
Contra o Flamengo, ontem, no Itaquerão, ele surpreendeu ao escalar o Corinthians com apenas um volante de marcação, Ralf.
Colocou Sornoza e Matheus Vital, dois meias. E três atacantes: Clayson, Boselli e Vagner Love.

Ainda soltou Fagner e Danilo Avelar.
Queria ganhar o jogo contra o elenco caríssimo carioca.
Só que a fragilidade individual de seus jogadores pesou.
Sornoza e Matheus Vital não conseguiram infiltrar, invadir a área, chutar a gol, fazer a bola chegar aos três atacantes.
Foram facilmente anulados pela marcação de Abel Braga.
Bosselli parece ter outro ritmo de jogo. Lento, não tem velocidade, não se movimenta. Se torna alvo fácil dos zagueiros. Fará 34 anos na próxima semana.
Love começando o jogo mostra que o peso da idade também chegou. Fará 35 anos no mês que vem. Não tem a mesma explosão muscular de anos anos.
Clayson estava praticamente lutando sozinho pelos lados do campo.
No banco de reservas, Carille não tinha mais nenhum atacante. Gustagol segue contundido.
Já há muito, Jadson, que fará 36 anos em outubro, não consegue manter um ritmo. Jogar bem. Contusões têm atrapalhado. Além da perda de explosão muscular, força, velocidade.
O treinador corintiano já pediu reforços para a diretoria. Mas ouviu como resposta que não há dinheiro. E que deverá apostar no elenco que os dirigentes conseguiram montar.
Carille deverá aproveitar a parada por conta da Copa América para testar jovens garotos da base corintiana. Do meio para a frente.
Até porque, há a pressão para que o clube consiga seu objetivo em 2019.
Não, não era vencer o Paulista.
O planejamento é conseguir classificar o clube para a Libertadores de 2020.
A Copa do Brasil segue sendo o caminho mais curto.
A derrota de hoje para o Flamengo pesa.

Mas nem tanto quanto Carille ter um fraco material humano.
Como deixou claro hoje, irritado, após o jogo.
E a escalação, francamente ofensiva, foi uma resposta aos muitos que o chamam de 'retranqueiro'.
Ficou claro o quanto o treinador tem jogadores fracos do meio para a frente.
E veteranos que não conseguem render.
Triste também a ganância da diretoria corintiana.
Com exceção dos setores populares do Itaquerão, os setores Norte e Sul, a preços entre R$ 50,00 e R$ 60,00, a mando de Andrés Sanchez, os ingressos foram abusivos.
Inacreditáveis os preços: R$ 110,00; R$ 140,00; R$ 150,00; R$ 170,00; R$ 250,00; R$ 300,00; e R$ 600,00!
Resultado, cerca de 30% do estádio ficou vazio.
Carille cansou de carregar a culpa sozinho...