‘Vergonha.’ ‘Falta de entrega.’ Jogadores irritados, e cansados, se unem para tentar salvar Zubeldía. Para piorar, São Paulo atrasa pagamentos

A frase de Calleri ainda ecoa no Morumbi.

Mal acabou a partida contra a Ponte Preta, com derrota de virada, por 2 a 1, em pleno Morumbi, o atacante argentino desabafou.

“Tenho vergonha do que aconteceu aqui.”

Sim, vergonha.

Foi a quinta partida do São Paulo sem vitórias.

Em 11 jogos, só quatro triunfos.

Jogadores veteranos como Lucas, Oscar, Calleri e Luciano estão mais desgastados do que o normal para fevereiro.

Visivelmente não conseguem manter o mesmo ritmo físico no segundo tempo das partidas.

E os adversários aproveitam, correndo mais, se aproveitando da falta de intensidade.

Foi assim que alcançou uma marca vexatória, de 1997.

Perdeu para o Bragantino, empatou com o Velo Clube, com a Inter, com o Palmeiras e saiu derrotado e vaiado diante da Ponte.

Calleri teve vergonha da maneira passiva que o time aceitou perder.

A direção tem enorme culpa pelo que está acontecendo.

De nada adiantou todos ficarem sabendo que esta temporada o período de descanso seria menor.

O calendário, que tem jogos demais, ficou pior, com a inclusão do Super Mundial de Clubes.

Mesmo assim, o presidente Julio Casares aceitou levar o São Paulo para os Estados Unidos.

Colocou seus atletas para enfrentarem Cruzeiro e Flamengo.

Ninguém levou os confrontos como meros amistosos.

Eventuais derrotas trariam pressão.

Foi um desgaste desnecessário e que já está tendo consequências.

Ainda mais para um time com atletas caríssimos como Lucas, Oscar, Calleri e Luciano, que precisam atuar.

Conselheiros e membros da direção de Casares querem o “Quarteto Mágico’ junto.

Eles se mostram cansados.

“Faltou entrega”, resumiu Oscar, deixando nas entrelinhas, dedicação.

Para se dedicar ao esquema de Zubeldía é preciso estar no auge da preparação, o que não acontece.

Só que não bastasse o desgaste físico, há o financeiro.

Sim, agentes de jogadores fizeram questão de vazar para a imprensa.

O clube está com premiação pelo sexto lugar no Brasileiro de 2024 atrasada.

Sim, são dois meses e sem satisfação, pela classificação à fase de grupos da Libertadores.

Atletas importantes estão sem receber direitos de imagem.

O que torna o clima do Morumbi ainda pior.

Os atletas tensos, irritadiços.

As dívidas do clube só se acumulam, estão perto dos R$ 800 milhões, por conta dos juros.

O futebol vitorioso teria a função de desviar o foco do problema financeiro.

Mas com os fracassos, tudo fica exposto.

E lógico que a direção já mira Luiz Zubeldía.

Ela exige que o time reaja e, ao menos, chegue à final do Paulista.

Caso contrário, a demissão é mais do que uma possibilidade.

Os jogadores sabem do que está acontecendo nos bastidores.

E estão unidos pelo argentino.

O diretor de futebol, Carlos Belmonte, já ouviu dos líderes do time.

Eles querem que Zubeldía siga como técnico, independentemente do que acontecer no Paulista.

Devendo dinheiro aos atletas, a direção não tem força para enfrentá-los publicamente.

Mas Casares já se reuniu com o treinador e quer reação imediata.

A ameaça de dispensa é real.

A pressão é para que vença o São Bernardo e termine em primeiro no grupo C.

E faça o jogo das quartas com o Novorizontino no Morumbi.

A equipe de Novo Horizonte tem o fraco Botafogo de Ribeirão pela frente.

Se vencer e o São Paulo empatar, o time de Eduardo Baptista lutará por uma vaga na semifinal no seu estádio.

A situação está muito complicada.

E começou com a vontade da direção em viajar para os Estados Unidos no início do ano...

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