‘Venezuelano morto de fome.’ Jogador do Talleres garante ter sido vítima de xenofobia. E promete processar Bobadilla, do São Paulo
Na vitória do São Paulo, por 2 a 1 contra o Talleres, ontem no Morumbi, um caso grave. Navarro acusou Bobadilla de ter usado a xenofobia para humilhá-lo. Chamou-o de ‘venezuelano morto de fome’. O jogador do time argentino prometeu. ‘Vou às últimas consequências’
Cosme Rímoli|Do R7

A xenofobia é crime no Brasil.
A lei n.º 7.716/1989 trata de crimes raciais.
Ela é direta.
Considera crime praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
A pena é entre um a três anos de prisão.
O São Paulo venceu o Talleres por 2 a 1, no Morumbi, pela Libertadores.
Se classificou em primeiro no grupo D, com 14 pontos, quatro vitórias e dois empates.
Porém, se o venezuelano Miguel Navarro provar o que alega ter ouvido de Bobadilla, a situação do são-paulino ficará comprometida.
Logo após o segundo gol do São Paulo, marcado por Luciano, os dois discutiram.
E o jogador do Talleres começou a chorar, indignado.
Procurou o árbitro chileno Piero Maza.
Disse o que jura ter ouvido do paraguaio Bobadilla.
“Ele me chamou de venezuelano morto de fome.”
E foi além.
Após a partida procurou a Polícia Militar e relatou o que se passou em campo.
Soldados entraram no vestiário do São Paulo, mas Bobadilla deve ter premonição, porque tinha sido um dos primeiros a ir embora.
A princípio, o venezuelano não queria falar sobre o assunto.
Mas mudou de ideia.
E o lateral esquerdo deu sua versão.
“É lamentável falar desse tipo de coisa. Quando eles fazem 2 a 1, se não me engano quem marca é o Luciano, ele estava praticamente dando a volta no campo. Então eu digo ao árbitro que apressa, porque precisamos jogar. Então Bobadilla vira para mim e diz: vocês sempre fazem cera. Eu respondo: que cera? E aí ele me chama de venezuelano morto de fome.”
Navarro confessou que queria deixar o jogo, tamanha a revolta que sentiu e o fez chorar.
“Sim, eu quis sair, mas lamentavelmente não tínhamos mais substituições. Não quis deixar meus companheiros com um jogador a menos, então terminei a partida, mas minha cabeça não estava ali naquele momento.”
O jogador do Talleres garantiu que Arboleda ficou ao seu lado. Ele também teria ouvido a ofensas.
“Não falei muito com o árbitro. Me disse que não havia escutado o que Bobadilla disse, que estava um pouco longe, mas é lamentável, de verdade. Até os jogadores do São Paulo se colocaram do meu lado.
“Arboleda se posicionou a meu lado, porque sabia o que disse Bobadilla.”
Navarro fez questão de se aprofundar nas mídias sociais.
“Quisera eu poder ter nas minhas mãos a solução para a fome que vive meu país, espero que Deus me dê abundância para poder ajudar. Não creio que se possa fazer muito sobre a pobreza mental”, escreveu o jogador.
“Nunca me envergonharei das minhas raízes, irei até as últimas consequências frente ao ato de xenofobia que vivi hoje no Brasil pelas mãos de Damián Bobadilla. No futebol não há espaço para discursos de ódio.”
O São Paulo não se posicionou.
Nem o paraguaio.
Mas ele deverá depor para as autoridades policiais ainda esta semana...
Veja também: Lateral do Talleres denuncia Bobadilla por xenofobia: 'Me chamou de venezuelano morto de fome'
O lateral-esquerdo venezuelano Navarro, do Talleres, prestou queixa na polícia contra o paraguaio Bobadilla, do São Paulo, por xenofobia durante a vitória do Tricolor por 2 a 1 no Morumbis pela CONMEBOL Libertadores 2025.