Vândalos haviam combinado invadir o estádio. Polícia soube. Na repressão, dois torcedores morreram. Colo-Colo e Fortaleza cancelado

Avalanche.

Essa foi a palavra que vândalos da torcida organizada Garra Blanca usaram.

Eles combinaram, nas redes sociais, invadirem o estádio Monumental para assistir ‘de graça’ a Colo-Colo e Fortaleza, em Santiago, no Chile.

A partida da Libertadores estava sendo esperada com muita expectativa.

Só que a invasão combinada vazou para a polícia chilena.

E foi montado um esquema para reprimir os vândalos.

Policiais agiram de forma violenta e desastrada.

Eles não diferenciaram os torcedores comuns dos invasores.

Blindados jogavam água nas pessoas para impedir a invasão.

Só que houve precipitação.

E um dos blindados acabou atropelando e matando dois torcedores.

Uma garota de 18 anos e outro de 13 anos.

As primeiras informações nesta madrugada de sexta-feira garantem que eles não seriam invasores.

E, sim, torcedores comuns.

Além da prisão de dez vândalos.

Barbara Perez, irmã da garota que morreu, deu uma entrevista comovente.

E garantiu que ela tinha comprado ingressos.

Não estava tentando invadir o estádio Monumental.

Se viu no meio da confusão e morreu atropelada.

“Vamos até as últimas consequências. Eu preciso, nós precisamos de ajuda judicial, porque isso não pode ficar assim. É uma família toda que está desolada, inclusive eu. Minha mãe está destruída, não sei como vamos seguir com isso. Só peço que me ajudem judicialmente e nada mais.

“Ela estava com ingresso na mão. Não é que ela estava forçando a entrada. Minha irmã estava com a entrada em mãos no celular, assim como seus dois amigos. E agora querem dizer que por culpa deles que eles foram atropelados. O policial que estava dirigindo a viatura que a atropelou não estava mais aqui e fiquei sabendo da minha irmã pelo policial que a trouxe até a mim.”

O nome da garota não foi revelado.

Quando a notícia da morte se espalhou, de acordo com a imprensa chilena, a ordem da chefia da Garra Blanca, principal organizada do Colo-Colo, foi impedir a sequência do jogo.

E dezenas de torcedores, armados de pedras, paus e barras de ferro, quebraram o acrílico que separa a torcida do gramado.

Invadiram o campo.

Seguiram a ordem dos seus chefes.

E nem pensaram em agredir os jogadores do Fortaleza, que correram para o vestiário.

Trataram de ficar ao lado dos atletas do Colo-Colo.

Inclusive tirando selfies.

Situação deplorável.

A partida, que estava empatada em 0 a 0, foi cancelada, aos 25 minutos do segundo tempo.

O CEO do Fortaleza, Marcelo Paz, desabafou.

“Hoje eu vi muitas coisas que não se via no futebol há bastante tempo. A gente cresceu tendo uma imagem de Copa Libertadores há 20, 30 anos, com objetos atirados no gramado, pancadaria. A competição evoluiu, mas hoje vimos tudo de novo. Quebrar o vidro foi o estopim, sinalizadores foram acesos durante o jogo e o árbitro não parou, garrafa de uísque, torcedores passando de um lado para o outro no arame farpado, atiraram pedras contra nossos torcedores. Coisas que fogem da questão esportiva. Culminou com o que aconteceu, é algo que nem sei o que falar. O jogo rolando e eles quebrando o vidro, entraram no gramado com pau, pedra, jogadores correndo porque não sabiam se eles eram os alvos.

“Isso não pode ser tolerado, a punição tem que ser pedagógica, porque se não outros clubes, outras torcidas, podem fazer o mesmo e não vai acontecer nada. Não dá para tolerar uma competição de alto nível, com grandes premiações, patrocinadores, deixar isso passar impune. Dentro de campo não houve nada, mas fora ficamos sabendo de duas mortes. Então fica esse apelo para que tenha uma punição exemplar.”

Tudo indica que isso irá mesmo acontecer.

A Conmebol divulgou uma nota oficial sobre o lastimável caso.

“Informamos que, em virtude da ausência de garantias de segurança por parte parte do clube local e das autoridades de segurança locais para garantir a Continuação da partida entre Colo-Colo (CHI) e Fortaleza (BRA) pela Fase de Grupos da CONMEBOL Libertadores 2025, a referida partida está cancelada. Considerando que todos os processos estabelecidos no Manual dos Clubes foram seguido, o caso será remetido aos Órgãos Judiciais da CONMEBOL para futuras determinações. Todas as informações sobre os eventos que ocorreram dentro e fora do estádio será encaminhado ao Comitê Disciplinar da Confederação Sul-Americana de Futebol.”

O direção do Colo-Colo anunciou que está em luto pela morte dos dois torcedores.

E que o plano Estádio Seguro, que adotava, de extremo policiamento, para evitar invasões, não deu certo.

A polícia evidentemente exagerou.

Teve ações desastradas.

O motorista do blindado, responsável pelas duas mortes, já está detido.

A situação é absurda.

E terá consequências sérias, avisam representantes da Conmebol...