Vaias, palavrões, revolta na péssima estreia de Luxemburgo no Corinthians. Derrota para o Del Valle e está quase fora da Libertadores
De nada adiantou a contratação do septuagenário treinador. O Independiente del Valle fez o que quis com o Corinthians. Poderia ter goleado o espaçado time brasileiro. 2 a 1 foi pouco para os equatorianos
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Vaias, palavrões, desilusão.
Coro de 'fora Duílio, fora Duílio', pedindo a demissão do presidente.
De nada adiantaram os gritos, a postura teatral na área técnica, balançando os braços, que tanto fizeram sucesso nos anos 90.
A estreia de Vanderlei Luxemburgo foi péssima no Corinthians, diante de 39 mil desesperados corintianos, que lotaram a arena de Itaquera.
O time se mostrou completamente perdido, espaçado, correndo errado, dominado nas intermediárias pelo Independiente del Valle.
Vitória dos equatorianos por 2 a 1, deixando o clube brasileiro à beira da eliminação na Libertadores da América.
Ao final da primeira fase de grupos, a liderança do Grupo E pertence ao Argentino Juniors, com sete pontos. Na segunda colocação, o Independiente del Valle, com seis.
O Corinthians, em três partidas, três pontos, está em terceiro. Jogando duas vezes e perdendo duas vezes em Itaquera.
Lembrando que só se classificam os dois primeiros para as oitavas da Libertadores.
O time de Luxemburgo terá de jogar na Argentina e no Chile contra os líderes do grupo.
"É difícil falar, a gente quer ganhar, estamos em busca das vitórias. Não estamos com aquele do futebol do começo do ano. Eles foram felizes.
"Se não pressionar, eles saem com facilidade (com a bola da defesa).
"Tivemos chances, Murillo, eu. Temos uma sequência forte pela frente e o que nos resta é ganhar fora de casa.
"O (Luxemburgo é o técnico certo) se nós ganharmos", avisava Róger Guedes, que já teve quatro treinadores esse ano no Corinthians: Fernando Lázaro, Cuca, Danilo e Luxemburgo.
A partida foi fácil para o Independiente del Valle.
Exatamente pelo que Róger Guedes apontou. A liberdade que o Corinthians deu para os equatorianos foi algo surreal. Foi primária a estratégia do time brasileiro. Com menos jogadores nas intermediárias, espaçados, não tendo a mínima intensidade para travar a saída de bola do Independiente del Valle.
O time de Luxemburgo viveu ofensivamente à base de cruzamentos e jogadas individuais.
Ele teve apenas um treino como técnico do Corinthians, mas teve tempo para ver como o Independiente del Valle se comporta em campo. E sua escolha tática foi completamente errônea.
A equipe de Martín Anselmi dominou as intermediárias no seu anunciado 3-5-2. Luxemburgo nada trouxe de novo. Muito pelo contrário. Bancou o 4-4-2, deixando de lado Rony, apostando em Maycon, com a velha filosofia de dois volantes talentosos, com Fausto Vera.
Só que não levou em consideração que Maycon estava sem ritmo, sem confiança, complicando lances fáceis.
E de maneira bizarra, apostou no veterano Giuliano como se fosse o meia articulador que nunca foi. Como se fosse Renato Augusto.
Soltou o também veterano Fagner para atacar, deixando imenso espaço nas suas costas, que o jovem Murilo não conseguia cobrir com eficiência. Era um convite para o sofrimento corintiano.
E de maneira patética, dependia apenas de Róger Guedes no ataque. Yuri Alberto atravessa uma fase fraquíssima. Já teria de estar no banco de reservas há muito tempo.
O Independiente começou o jogo respeitando demais o Corinthians, com as linhas baixas demais. E quase pagou o preço de superestimar um elenco limitado, inseguro, repleto de veteranos, que é o Corinthians atual.
Aos 10 minutos, com sua defesa mal postada, os equatorianos assistiram Matheus Bidu cobrar escanteio e Murilo subir sozinho e cabecear no travessão.
O ânimo da torcida corintiana foi diminuindo rapidamente. De acordo com o quinteto do meio-campo equatoriano passando a dominar as intermediárias, dando um show de ataque em bloco e recomposição sem a bola.
A tristeza dominou Itaquera aos 20 minutos, quando Hoyos se aproveitou do previsível espaço dado por Fagner e serviu Lautaro Díaz, que não perdoou e bateu forte, sem chance para Cássio. 1 a 0 Independiente del Valle.
Houve dois erros flagrantes no gol. O primeiro, a péssima postura de Fagner, tomando a bola nas costas e a demora de Murilo na cobertura.
Mas no primeiro tempo, havia uma ponto de esperança para o Corinthians. No primeiro tempo, Adson teve liberdadem em alguns lances, por conta de sua iniciativa, com dribles curtos de futebol de salão.
E foi assim que aos 34 minutos, driblou dois jogadores do Independiente, quebrou a linha de marcação. Carabajal tentou dar o combate e abriu espaço para Róger Guedes entrar livre e apenas deslocar o ótimo goleiro Ramírez. 1 a 1.
A ilusão durou muito pouco. O Corinthians seguia errando muitos passes, tendo em Giuliano, Maycon e Fagner três jogadores com péssimas atuações.
Na segunda etapa, o treinador Martín Anselmi encaixou a marcação em Adson. E tirou o oxigênio corintiano. Luxemburgo não enxergou o óbvio. O Independiente del Valle seguiu com mais jogadores nas intermediárias. E desta vez o domínio era total.
O segundo gol equatoriano, no entanto, saiu em um presente infantil de Maycon. O volante, acossado no meio-campo, recuou a bola sem ver a exata colocação dos companheiros. Acabou servindo Lautáro Diaz que invadiu a área e marcou, na saída desesperada de Cássio.
2 a 1 para o Independiente, aos seis minutos.
A partir daí, o Corinthians se afobou, tenso, passou o domínio de vez ao adversário.
Viveu de bolas cruzadas da intermediária.
Os equatorianos tiveram a chance de marcar pelo menos três gols. O Corinthians, conseguiu, também acertar outra duas vezes o travessão de Ramírez, em cabeceios de Gil e de Yuri Alberto. Mas foram lances esporádicos, por falhas da zaga do Independiente.
O Corinthians mereceu perder.
A ponto de parte da torcida ir embora nos últimos dez minutos de jogo.
Quem ficou vaiou, xingou, cobrou.
A situação é mais do que complicada.
E o veterano Luxemburgo não conseguiu o sonhado choque de ânimo na sua estreia.
Pelo contrário.
Ele só ajudou a mediocridade na derrota de hoje em Itaquera...
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