"Vagabundo." "Mercenário." A absurda injustiça a Cássio
Foram absurdas as ofensas ao goleiro mais vencedor da história, com seus nove títulos. Ele recusou ganhar três vezes mais para ficar no Corinthians
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
"Vagabundo."
"Mercenário."
Esses foram os adjetivos que Cássio mais ouviu, além dos palavrões, gritados por membros de organizada, no aeroporto de Cumbica, domingo à noite.
Torcedores o xingavam a menos de um metro de distância.
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Entre eles e o goleiro corintiano, seguranças do clube e do aeroporto.
Muito ligado às torcidas, fundador da Pavilhão Nove, Andrés Sanchez fez questão de conversar com Cássio. Perguntar se tudo estava bem. E tranquilizá-lo, dizer da confiança que ele e a diretoria têm no seu futebol.
A relação dos dirigentes corintianos em relação a Cássio, vai além da confiança, pelos nove títulos conquistados. Entre eles, a Libertadores e o Mundial de Clubes.
Principalmente o presidente.
Ele sabe muito bem o que aconteceu em 2016, mesmo não comandando oficialmente o clube.

Roberto de Andrade fazia um desmanche no clube campeão brasileiro de 2015.
Gil, Ralf, Jadson, Renato Augusto, Vagner Love, Malcom, Felipe, Bruno Henrique e Elias foram vendidos.
Cássio tinha 29 anos.
E uma excepcional proposta.
Ele ganhava R$ 420 mil mensais.
O Besiktas o procurou.
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Oferecia, por um contrato de três anos, entre luvas e salários, R$ 1,3 milhão por mês.
Mais de o triplo que recebia.
Fora bônus, por conquistas.
O clube turco, no entanto, só oferecia, no máximo, 3,5 milhões de euros (cerca de R$ 15 milhões, na época) por seus direitos.
Ao Corinthians caberia 'apenas' 70%, 2,5 milhões de euros, cerca de R$ 10,5 milhões.

Roberto de Andrade expôs a situação para Cássio e disse que, como o clube turco não aumentaria a proposta, gostaria que ele continuasse.
E que, quando o Corinthians pudesse, ele teria um aumento.
Cássio ficou.
Abriu mão do dinheiro.
O aumento só veio no ano passado, em janeiro.
Quando ele passou a receber o teto do clube, R$ 700 mil.
E renovou seu contrato até 2022.
Ou seja, a direção corintiana tem de mesmo de reconhecer o dinheiro que Cássio abriu mão para seguir no Parque São Jorge.
O goleiro, muito discreto, decidiu não expor a situação que viveu e muito menos rebater as ofensas que recebeu no aeroporto.
Nem os ataques pela Internet que sua esposa Janara sofreu.
Apenas optou por colocar uma mensagem bíblica no seu Instagram.
E seguiu treinando muito forte.

Ele chegará hoje, contra o Bahia, à sua 479ª partida com a camisa do Corinthians.
Já é o nono atleta da história com mais jogos pelo clube.
Disparado o goleiro mais vencedor no Parque São Jorge.
Por tudo que representa.

Por seu futebol, por seu caráter, ele merece muito respeito.
O que faltou no aeroporto de Cumbica...
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