Um ano do fracasso diante da Bélgica. A estagnação continua
A quarta eliminação seguida em uma Copa do Mundo completa um ano. Nada mudou na estrutura da Seleção. Mas o que importa é ganhar a Copa América
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
Rio de Janeiro, Brasil
Exatamente há um ano, o Brasil era eliminado da Copa do Mundo.
Em Kazan, o time de Tite frustrava a expectativa da população e caía diante da Bélgica, por 2 a 1.
A queda nas quartas-de-final na Rússia prometia uma revolução no futebol brasileiro.
O presidente da CBF, de fato, se antecipava à figura decorativa do coronel Nunes, e anunciava que Tite seguiria na Seleção Brasileira.
O técnico estava arrasado.
O coordenador de Seleções, também efetivado antecipadamente, anunciava ainda no território russo que o Brasil faria intercâmbio efetivo com as grandes seleções da Europa.
Haveria uma mudança fundamental no perfil físico do time nacional. A geração de baixinhos ganharia jogadores mais fortes, altos, mais atléticos para suportar o confronto com os adversários como belgas, alemães, franceses, croatas, espanhóis.
O biotipo dos jogadores mudou, há a exigência de mais força, mais fôlego, mais altura.
O lado psicológico seria trabalhado com profundidade.
Emocionalmente, a Seleção estaria melhor para as próximas decisões.,
Só que nada disso aconteceu.
Foram promessas vazias, feitas na emoção da eliminação.
Rogério Caboclo assumiu de fato e de direito a CBF.
Continua fiel à Pitch, empresa inglesa que comprou dez anos de amistosos do Brasil, em 2012. Último ato indecente de Ricardo Teixeira, antes de abandar a presidência da CBF, pressionado pela Polícia Federal.
A lista de amistosos medíocres seguiiu, como há sete anos. Novatos dos Estados Unidos, El Salvador, Arábia Saudita, Argentina (sendo montada e também dominada pela Pitch), Uruguai (sendo renovado) e Camarões.
Isso em 2018.
Veio 2019. Com Panamá, República Theca, Qatar e Honduras. Adversários fraquíssimos e com o único time europeu de péssimo nível técnico.
Já estão marcados dois jogos para setembro: confrontos inacreditáveis, nos Estados Unidos, com Colômbia e Peru.
A Pitch só visa o lucro e arruma os confrontos que são mais lucrativos para a empresa britânica,
Jogos que nada acrescentam ao time de Tite. A não ser aumentar artificialmente os números vitoriosos do técnico. Mas contra times fracos e sul-americanos tão atrasados taticamente quanto o brasileiro.
Não há jogos contra a elite europeia.
A desculpa de Caboclo e Edu está no Torneio das Nações, jogos amistosos entre os europeus. No próximo ano haverá a Eurocopa e depois as eliminatórias para o Mundial do Qatar.
Essa falta de intercâmbio tem sido fatal e cobrado o preço desde 2006, 2010, 2014, 2018. Equipes europeias eliminaram sem pena o Brasil nas Copas.
A dependência de Neymar seguiu. Assim como seus privilégios. Só não está com a camisa 10 do Brasil, cobrando todos os pênaltis, faltas e centralizando os ataques brasileiros porque foi cortado da Copa América. O que foi ótimo para ele resolver seus problemas policiais, acusações de estupro e agressão.
Tite se manteve fiel ao grupo que foi eliminado na Copa, repetindo grande tendência de gratidão a equipes responsáveis pelo seu sucesso., Como foi o Grêmio de 2001, o Corinthians de 2012.
A maior parte do elenco que perdeu a Copa da Rússia está na Copa América.
Sem intercâmbio, sem mudança no perfil físico, nem tatico, não seria o psicológico que mudaria. Os jogadores seguem vetando a figura de psicólogo esportivo, tão comum em esportes de elite, como a NBA.
As duas únicas mudanças neste ano foi a saída de Sylvinho, que deixou de ser auxiliar de Tite para trabalhar como técnico do Lyon.
E a despedida de Edu Gaspar, figura que Caboclo rejeita, para trabalhar no Arsenal.
Juninho Paulista deve substituí-lo.
Só.
O cenário segue desolador.
Ganhar a Copa América, em casa, contra seleções sul-americanas em formação não tem peso algum.
Caso ocorra amanhã a previsível vitória, não alterará em nada a estagnação do atual estágio da Seleção Brasileira,.
A quarta eliminação seguida em Copas para times europeus, que completa um ano, não serviu de parâmetro para nada.
O Brasil segue se enganando.
Vivendo do passado pentacampeão do mundo.
Ganhando amistosos diante de adversários insignificantes.
E virando as costas para o desenvolvido futebol europeu.
Berço das estratégias copiadas por Tite.
Mas o que vale é comemorar o balanco bilionário da CBF.
O evidente título da Copa América.
Contra o Peru, 21º no ranking da Fifa.
Ah, o Brasil é o terceiro.
Com o Maracanã lotado.
70 mil vozes cantando 'o campeão voltou'.
Um ano e nada mudou.
Triste de quem lamente as defesas de Courtois.
E não consegue enxergar a estagnação...
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