Última chance para Raphael Veiga disputar a Copa do Catar. Que Tite não seja tão injusto quanto foi com Dudu
O meia do Palmeiras tem jogado futebol brilhante há duas temporadas. Mas segue esquecido por Tite, que tem seus 'protegidos'. A derradeira chance será na convocação para os amistosos contra Coreia, Japão e Argentina
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A direção, Abel Ferreira, os jogadores.
Todos têm certeza que Raphael Veiga terá sua chance na Seleção.
Estará na lista de convocados para os amistosos contra Coreia, Japão e Argentina, que Tite divulgará na próxima quarta-feira, dia 11.
O meia está empolgado.
Repete a jornalistas que vive a melhor fase da carreira, aos 26 anos.
E, realmente, nunca jogou tão bem. Abel Ferreira dá liberdade para que possa jogar do meio para a direita, articulando os ataques e, principalmente, os contragolpes palmeirenses. Jogador extremamente inteligente, está no ápice de sua forma física.
Tem capacidade para trocar passes curtos, lançamentos, arrancadas. Além de estar cada vez melhor nos arremates.
Ele tem acumulado ótimos desempenhos, sendo fundamental para vitórias importantes do Palmeiras.
Sua vontade de estar no grupo que vai ao Catar é tão grande que tem se mantido firme, tendo Dudu, como exemplo de como não agir.
Ou seja, mesmo estando muito bem nas duas últimas temporadas, nas mãos de Abel Ferreira, Raphael Veiga seguiu sendo desprezado, de forma estranha, por Tite. Sem direito à uma convocação sequer.
Leia também
Desde 2021, Tite é questionado sobre Veiga. E não esclarece de verdade o motivo de não chamar o jogador. Dá respostas evasivas, vazias. Como na convocação dos jogadores para as últimas partidas das Eliminatórias.
"Um dos aprendizados que o tempo tem me dado como técnico é de não fechar possibilidades reais porque elas acontecem. Têm atletas de alto nível que vão se afirmando, se consolidando e evoluindo ao longo do tempo. Nós, que somos os responsáveis por este comando, temos que deixar em aberto, se não fica um pré-conceito, e eu luto contra o pré-conceito, contra a ignorância. Então é procurar evoluir de algum aspecto e estudar."
A resposta não convenceu ninguém. Ainda mais, convocando Arthur para o meio-campo, reserva na Juventus.
Tite tem os atletas que não abre mão, estando na fase que estiverem para o meio-campo. Muitas vezes até sem jogar nos seus clubes. Casemiro, Philippe Coutinho, Fred, Lucas Paquetá, Arthur, Fabinho. Bruno Guimarães ganhou muito espaço com ele. Gerson também é lembrado.
Neste contexto, Raphael Veiga bicampeão da Libertadores seguido, mereceria ao menos ter sido testado muito antes.
Não na reta final de preparação para a Copa, sem o menor ambiente na Seleção, sem conhecer de perto Tite, Neymar, os demais jogadores garantidos para o Mundial.
Dentro desse cenário, o grande medo silencioso no Palmeiras é que Tite aja com Raphael Veiga como fez com Bruno Henrique e Gabigol. Os convocou, diante de enorme pressão popular e da imprensa. E os escalou como não jogam e não rendem no Flamengo.
Bruno Henrique teve de atuar improvisado na direita, quando até o mais novo sorveteiro do Maracanã sabe: ele rende, e muito, na esquerda. E quanto a Gabigol, tem sido sacrificado, jogado enfiado entre os zagueiros, de costas para o gol, onde seu rendimento é fraquíssimo.
Para sabotar o futebol de Raphael Veiga não é difícil, apesar de toda sua técnica. Basta fazer como Vanderlei Luxemburgo insistia quando treinou o Palmeiras pela última vez. O colocar fixo na ponta esquerda. Aí será fatal.
Luxemburgo fez isso quando ainda tinha esperança de 'salvar' Lucas Lima.
Foi Abel Ferreira quem recuperou o total potencial de Raphael Veiga.
Caso Tite convoque Raphael Veiga e o coloque para atuar onde não rende, o resultado será desastroso. Só mostrará à imprensa que 'deu a chance' a quem os jornalistas tanto pede.
A preparação da Seleção para o Mundial do Catar é bizarra. Os grandes adversários, que eliminaram o Brasil nas Copas, foram europeus. Dos 50 jogos que o país fez, desde a eliminação do Mundial da Rússia, só enfrentou uma equipe do Velho Continente. A República Tcheca.
No grupo do Brasil no Catar, os adversários serão Sérvia, Suíça e Camarões. Os amistosos deveriam ser contra adversários dessas escolas, que atuam de maneira parecida. Mas, não, jogos importantíssimos serão diante de equipes asiáticas, que nada têm a ver com europeus e africanos. Além dos eternos argentinos, que o Brasil cansou de enfrentar com Tite.
É dentro desse cenário que Raphael Veiga deverá chegar.
Isso se Tite finalmente ceder à lógica.
E resolver chamar os melhores jogadores brasileiros por posição.
Esquecer o preconceito que demonstra ter contra atletas atuando no país.
Já foi assim com Dudu no Mundial de 2018.
Raphael Veiga tem tudo para ser convocado.
Mesmo se Tite não for injusto, o meia precisa ser firme.
E não aceitar treinar, e principalmente jogar, de forma improvisada.
Porque correrá o grande risco de se queimar.
Vestir a camisa amarela e não conseguir mostrar seu ótimo futebol.
Ou seja, se o treinador da Seleção convocar o meia, que respeite suas características e o encaixe na equipe onde possa render.
Se não for assim, que siga chamando seus protegidos.
Como fez em 2018.
E virou as costas para Dudu...
Agora vai? Veja as tentativas de criação de liga no futebol brasileiro
Agora vai? Na última terça-feira, oito clubes assinaram um documento de intenção da criação de uma liga brasileira de clubes. Mas esse não foi o único movimento com esse propósito. Confira, nesta galeria, algumas tentativas de criação de ligas independ...
Agora vai? Na última terça-feira, oito clubes assinaram um documento de intenção da criação de uma liga brasileira de clubes. Mas esse não foi o único movimento com esse propósito. Confira, nesta galeria, algumas tentativas de criação de ligas independentes de federações no Brasil!
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.