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Cosme Rímoli - Blogs

Troca frenética no Botafogo. Chega Tiago Nunes, do Peru, às pressas, para tentar ganhar cinco jogos e fazer o clube campeão do Brasil

O dono da SAF do Botafogo, John Textor, se cansou da utopia. Dos jogadores do Botafogo escolhendo o inexperiente Lúcio Flávio como treinador. Textor acabou com a farra. E contratou Tiago Nunes, técnico linha-dura

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli


Troca frenética. Tiago Nunes tem cinco partidas para fazer do Botafogo campeão do Brasil
Troca frenética. Tiago Nunes tem cinco partidas para fazer do Botafogo campeão do Brasil

São Paulo, Brasil

John Textor se arrependeu de apostar na utopia. De acreditar que os jogadores e a inexperiência de Lúcio Flávio seriam suficientes para ganhar o Brasileiro.

O executivo se deixou envolver pela euforia dos atletas pela saída de Bruno Lage, com suas incoerências e rispidez.

E atendeu ao pedido do time para a demissão imediata do português Lage. E a efetivação do auxiliar Lúcio Flávio. Os atletas pediram o argentino Carli, para dividir responsabilidades com o novo treinador.


Lúcio Flávio assumiu a equipe com oito pontos de vantagem, na liderança do Brasileiro. Mas de forma fulminante foi sentindo a fortíssima pressão para fazer com que o Botafogo ganhasse o título.

Mas faltaram novas estratégias táticas. Atacar em bloco e ter uma recomposição rápida não era mais suficiente. Os adversários decoraram a maneira de o time carioca atuar, desenvolvida por Luís Castro. Principalmente os espaços deixados pelas linhas altas.


A derrocada foi assustadora.

A chance de Lúcio Flávio comandar o Botafogo foi desperdiçada. Não estava pronto para ser o treinador
A chance de Lúcio Flávio comandar o Botafogo foi desperdiçada. Não estava pronto para ser o treinador

Fluminense 0 x 2 Botafogo


América-MG 1 x 2 Botafogo

Botafogo 1 x 1 Athletico

Botafogo 0 x 1 Cuiabá

Botafogo 3 x 4 Palmeiras

Vasco 1 x 0 Botafogo

Botafogo 3 x 4 Grêmio

De oito pontos de vantagem, agora o Botafogo está três atrás.

Lúcio Flávio só trabalhará hoje em Bragança Paulista, contra o Bragantino, porque o novo treinador do Botafogo só assumirá amanhã.

Tiago Nunes surgiu como uma grande revelação entre os treinadores, antes do sucesso no Athletico Paranaense, quando venceu as copas Sul-Americana de 2018 e do Brasil em 2019.

O treinador gaúcho começou a carreira no interior do Rio Grande do Sul, comandando equipes como Sapucaiense, Nacional-AM, Riograndense, Bagé e União Frederiquense. Entre 2013 e 2014, assumiu as equipes do sub-15 e sub-20 do Grêmio.

Juventude, Ferroviária, São Paulo do Rio Grande e Veranópolis.

De lá foi para o Athlético e impôs um futebol vibrante, com marcação alta, velocidade impressionante. Encurralava os adversários.

Encantou a direção do Corinthians. Tiago Nunes saiu com péssimo clima de Curitiba, por ter largado o trabalho no Athletico.

Foi muito mal no Corinthians. Não teve o apoio dos jogadores, irritados com sua atitude autoritária, hierárquica. Não perdia tempo tentando convencer os atletas. Dava ordens em voz alta. Acabou perdendo o comando do grupo experiente.

Foi para o Grêmio e cometeu o mesmo erro. Faltou parceria. O perfil dos jogadores mudou. Eles não aceitam gritos, um treinador com atitudes ríspidas, militares.

Outro fracasso, que a Recopa e o Campeonato Gaúcho não tiveram força para segurá-lo.

Sem espaço no futebol brasileiro, foi para o Peru, comandar o Sporting Cristal.

Com jogadores limitados montou um time competitivo. E mais obediente.

Despertou a atenção de empresários ligados ao Botafogo.

E ele não pensou duas vezes em abandonar o Sporting Cristal em quarto lugar. E assumir já o Botafogo para liderar os cinco jogos finais, com a missão de ser campeão do Brasil.

É um improviso alucinante.

Chegar e ter de ganhar cinco jogos.

Foi isso que o Botafogo acabou colhendo ao não ter tido forças para segurar Luís Castro, que foi treinar Cristiano Ronaldo, na Arábia Saudita; ao não prever que Bruno Lage mudaria os pilares do time, que estava conquistando tantas vitórias com Castro.

O pior foi Textor aceitar o motim dos jogadores e entregar o cargo importantíssimo de treinador ao auxiliar, amigo dos atletas, Lúcio Flávio. Era óbvio que ele não estava pronto para tanta responsabilidade. Não teve maturidade para optar por novas saídas táticas. E o Botafogo se tornou uma equipe previsível. Com força ofensiva. Mas com o sistema defensivo escancarado.

Daí os fracos resultados, com destaque para a virada para o Palmeiras, quando vencia por 3 a 0 e perdeu por 4 a 3. E para o Grêmio: 3 a 1 a favor virou derrota por 4 a 3.

Tiago Nunes chega com a esperança da diretoria.

Mas a lógica do futebol deixa claro o improviso. A falta total de tempo para comandar um time que precisa desesperadamente vencer. Sem conhecer na intimidade os atletas, que estão tensos, desacreditados depois de tantas vaias da própria torcida e críticas da imprensa carioca.

A troca angustiada da direção tem todos os elementos de "tudo ou nada".

Textor optou por Tiago Nunes para não perder o Brasileiro por omissão.

O técnico exigiu contrato até o fim de 2024...

Porque não tem a mínima certeza do que seu novo time pode produzir contra o Fortaleza, fora de casa; o Santos, em casa; o Coritiba, fora; o Cruzeiro, em casa; e o Internacional, fora.

Um ato que não deixa de ser amador em uma SAF que é retrato de modernidade.

E de profissionalismo.

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