Trauma com Ronaldinho Gaúcho faz com que Grêmio ainda não anuncie Suárez. Contratação por dois anos está apalavrada
Suárez já até acertou salários. Deve receber R$ 1,8 milhão por mês. Ter um contrato de dois anos. Mas o jogador de 35 anos ainda não assinou. Grêmio não quer passar a mesma vergonha que enfrentou com Ronaldinho
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Trauma.
Medo de novo vexame histórico.
Essas são características que perseguem o Grêmio desde o dia 7 de janeiro de 2011.
A direção do clube gaúcho acreditou nas promessas de Assis, irmão e empresário de Ronaldinho Gaúcho.
E preparava uma festa que deveria ser inesquecível para celebrar a volta do seu filho mais pródigo.
Humberto Gessinger, ex-vocalista dos Engenheiros do Havaí e Renato Borgheti, o Borghettinho, instrumentalista e cantor, foram convocados.
Os estádios do antigo Olímpico seriam abertos, com a previsão de mais de 30 mil gremistas para receber o ex-melhor do mundo.
As famosas caixas de som foram levadas para o gramado. Nelas, Ronaldinho Gaúcho faria seu discurso de retorno. E cantaria, ao lado de Gessinger e Borghettinho, o hino do Grêmio.
Seria a celebração de vitória sobre o Palmeiras e o Flamengo, que ofereciam até mais dinheiro, só que 'o coração' de Ronaldinho o fazia voltar ao clube que 'amava', apostavam os dirigentes gremistas da época.
Vã ilusão.
Foi um dos maiores vexames da história do Grêmio.
Assis repassou a culpa para Ronaldinho, que escolheu o Flamengo.
Revoltada, a direção do clube gaúcho tratou de desmolizar a festa programada. Dispensou os artistas. E funcionários tiveram de recolher as caixas de som gigantes que estavam no gramado. As caixas ficaram famosas porque o seu recolhimento foi flagrado pela imprensa.
Representaram o fracasso gremista.
Foi muito pior do que Drogba 'no Corinthians'. E Anelka 'no Atlético Mineiro'.
Quando os dirigentes atuais começaram a negociar com Luis Suárez, um dos jogadores mais importantes da história do Uruguai, tiveram muito cuidado com que a notícia não vazasse.
Para não correr o risco de novo vexame, com a desistência do artilheiro.
As negociações com o agente do atleta começaram há um mês.
O jogador de 35 anos queria ainda a chance de atuar, de novo, em um gigante europeu, depois de Ajax, Liverpool, Barcelona e Atlético de Madrid. Mas não encontrou interessados.
Apenas clubes do Oriente.
A proposta concreta foi do Al-Khalee, da Arábia Saudita. 6 milhões de dólares, R$ 32,8 milhões. Por um ano e meio. Salário de R$ 1,8 milhão por mês.
O Grêmio ofereceu o que Suárez acredita ser o mínimo longe da Europa: 4 milhões de dólares, R$ 21,9 milhões, por temporada. E contrato de dois anos.
Ou seja, 8 milhões de dólares, R$ 43,8 milhões. Ou seja, o mesmo rendimento: R$ 1,8 milhão.
Fora bônus e prêmios por títulos e número de jogos.
A articulação da direção é o clube bancar R$ 600 mil.
E R$ 1,2 milhão virem de patrocinadores.
O meio-campista Felipe Carballo, também uruguaio, recentemente contrado pelo Grêmio, tem colaborado, tentado convencer Suárez de atuar em Porto Alegre.
O concorrente natural, o Nacional, não tem condições financeiras de concorrer.
Entre Suárez e Grêmio, tudo apalavrado.
Mas nenhum cantor ainda foi contatado.
Muito menos qualquer caixa de som foi colocada no gramado do estádio do Grêmio.
Nenhuma atitude será tomada pela diretoria.
Enquanto o contrato não for assinado.
Suárez já ganhou alguns dias.
Esperando uma proposta surpresa da Europa.
Os dirigentes gremistas não são ingênuos.
Só que não têm o que fazer.
Querem Suárez como o representante de um 'novo tempo'
Depois da vergonha sentida pela torcida, depois do terceiro rebaixamento.
Por isso, a direção espera.
Nenhuma palavra oficial sobre o uruguaio.
Mesmo depois de 11 anos, o medo do vexame por conta de Ronaldinho Gaúcho não passou.
O trauma foi grande demais...
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