Tite terá o que queria. Tudo ou nada contra a Argentina de Messi
A vitória do mais tradicional rival diante dos venezuelanos era o que Tite precisava. Ele quer ganhar força para voltar a se impor. Não haverá meio termo
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
Belo Horizonte, Brasil
Quando Fariñez largou a bola em um chute fácil de Aguero e Lo Celso estufou as redes da Venezuela, pela segunda vez, Tite teve o seu desejo confirmado.
Ele queria a semifinal inédita, da Copa América, entre Brasil e Argentina de Messi, aqui, no Mineirão.
O treinador brasileiro desejava o confronto com o adversário mais tradicional de sua história.
Ainda mais sem Neymar.
Tite precisa de um confronto importante, valendo a classificação para a final de um torneio. Ainda mais contra a Argentina, bicampeã mundial.
Não é discurso vazio.
Tite sabe a desconfiança que cerca seu trabalho desde o fracasso na Copa da Rússia. E mesmo nesta caminhada claudicante na Copa América. Com direito a empate com a Venezuela em 0 a 0. A vaga na semifinal, nos pênaltis, diante dos paraguaios, também não empolgou ninguém. Pelo contrário, trouxe mais desconfiança.
O Brasil passou três das quatro partidas sem marcar um gol sequer no primeiro tempo. Só fez contra os peruanos de Gareca, que jogaram escancarados, e acabaram goleados por 5 a 0.
Tite sabe que a semifinal de terça-feira terá o peso de um julgamento público sobre seu trabalho. Mesmo que esteja confirmado no cargo, de maneira precoce, pelo presidente da CBF, Rogério Caboclo.
Será a primeira vez que um treinador que fracassa em um Mundial tem o direito a seguir o ciclo de quatro anos até outra Copa, dono do cargo.
Até porque o dirigente também é adepto da xenobofobia. Ou seja, como o homem que o colocou no cargo, Marco Polo del Nero, nem quer imaginar um técnico que não tenha nascido no território brasileiro comandando a Seleção.
Para desespero do fã clube de Jorge Sampaoli, de Jurgen Klopp e de Pep Guardiola.
Não passa na cabeça de Caboclo entregar o selecionado para Renato Gaúcho, Mano Menezes, Felipão.
O cargo de Tite, de acordo com a palavra de honra de Caboclo, é de Tite.
Perdendo ou ganhando o confronto contra o time de Messi.
Mas o técnico da Seleção Brasileira não quer ficar com a sombra de uma derrota em casa, disputar o vexatório terceiro lugar no Itaquerão.
Ele precisa conquistar a Copa América para dar um salto de independência. Sem Neymar.
A ponto de exigir o que ele sabe precisar melhor do que ninguém.
Confrontos com times europeus antes da Copa do Qatar, em 2022.
Atropelando a maquiavélica venda de dez anos de amistosos da Seleção, último ato vexatório feito pelo ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, em 2012, ao 'abandonar' o cargo.
Forçando Caboclo a encaixar amistosos com os grandes selecionados europeus, o Brasil precisa desses confrontos. Para não ser surpreendido taticamente como foi nos Mundiais de 2006, 2010, 2014, 2018.
Na sua leitura, Tite precisa vencer a Copa América diante grandes adversários.
E o que ele queria chegou.
Terça-feira ele tem o confronto que desejava.
Uma Argentina fragilizada.
Com um treinador interino Lionel Scaloni.
Incoerente até a medula, inseguro, perdido, incapaz de repetir uma escalação sequer.
Com jogadores medianos.
Mas com o mais talentoso do mundo.
Lionel Messi, ansioso para, aos 32 anos, vencer pela primeira vez um torneio com a camisa do seu país.
A sorte está lançada.
O Mineirão espera o confronto.
Tite tem a chance que desejava.
O destino caprichou.
Com a oportunidade divina.
Ele não confessaria nem sob tortura.
De mostrar que não é dependente de Neymar...
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