Tite chegou a ter 267 inserções de publicidades em 2018. Depois da derrota para a Bélgica, sumiram
DivulgaçãoSão Paulo, Brasil
64% de aprovação dos brasileiros.
Quatro patrocinadores pessoais. Itaú, Samsung, Uninassau e Cimed. Contratos que renderam cerca de R$ 10 milhões.
A coreana Samsung anunciou, ainda em 2017, seu contrato de um ano e meio com o técnico. E em forma solene.
"A Samsung trabalhará com o maior vencedor dos últimos anos no futebol nacional e considerado pela opinião pública como um dos responsáveis por resgatar o orgulho e a confiança do torcedor pelo esporte."
O Itaú, segundo a Folha de São Paulo, investiu cerca de R$ 250 milhões para veicular propagandas de Tite nos meses que antecederam e os que duraram a Copa da Rússia.
Tite viveu seu auge na Seleção.
Ele 'salvou' o Brasil das mãos de Dunga, que mostrava até o risco de não se classificar para o Mundial. Tite reverteu as expectativas, classificou o país em primeiro lugar nas Eliminatórias.
Seu tom professoral conquistou o país. Sua postura ética e determinada encantou a muitos. Foi sondado até por partidos que o queriam como candidato a cargos públicos. Exagerados, sonhavam que ele seria o presidente ideal para o Brasil.
Políticos oportunistas pensavam como especialistas de marketing do Itaú, da Samsung, da Uninassau e Cimed.
Primeiro, o Brasil confirmaria o favoritismo apontado, pela própria mídia nacional, e depois explorariam ao máximo a imagem do homem que conduziu o país à conquista do hexacampeonato.
Tite conseguiu aparecer mais em propagandas do que a midiática estrela mundial Neymar.
Só que veio o fracasso retumbante na Copa do Mundo.
O discurso de Tite se tornou vazio, incoerente. Não respondia diretamente sobre o fraco futebol do seu time. Das simulações, do egoísmo de Neymar, que prejudicava a Seleção.
Toda sua postura firme ruiu.
O Brasil foi eliminado ainda nas quartas pela Bélgica.
E as propagandas de Tite sumiram do ar.
Rejeição pela overdose de publicidade
Reprodução/TwitterQuatro anos depois, a três meses da Copa do Catar, a Datafolha fez a mesma pesquisa em relação à popularidade do treinador, que segue no comando da Seleção.
Sua popularidade é a pior do século. Ele conseguiu ficar atrás de Felipão, Carlos Alberto Parreira, Dunga e do Tite de 2018.
Tem apenas 47% da população que concorda que seja o treinador do país.
Em 2002, Scolari chegou a 51%. Em 2006, Parreira tinha 62%. Dunga, em 2010, foi para a África do Sul com 49%. Já em 2014, Felipão tinha, antes da Copa no Brasil, 68%.
Foram vários fatores que levaram Tite a este patamar. O primeiro é o rancor, a decepção com a péssima campanha na Rússia.
A promessa de grande comandante não se confirmou.
Depois, a manutenção de peças fundamentais no fracasso do Mundial de 2018.
Thiago Silva, Daniel Alves, Philippe Coutinho, Gabriel Jesus, Fred, Marquinhos, Casemiro, Alisson.
E, óbvio, seu maior protegido, Neymar.
A submissão por não enfrentar, em quatro anos, sequer uma seleção europeia importante. Bater equipes sul-americanas cada vez mais fracas. Duelar apenas com a Argentina.
E perder a Copa América, em pleno Maracanã lotado, para o time de Messi.
As críticas por transformar seu inexperiente filho Matheus, como auxiliar técnico da Seleção. Situação jamais vivida na Seleção Brasileira.
O desprezo do treinador com jogadores que atuam com destaque no país.
Tite, de acordo com a Folha, faturou R$ 10 milhões em publicidade na Copa de 2018
Divulgação/CimedInúmeras vezes, ele convocou atletas importantes das principais equipes, para deixá-los no banco de reserva. Apenas prejudicando os clubes em torneios fundamentais, como Libertadores, Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro. Situação bizarra e que só aumentou a rejeição de torcidas importantes, como as do Flamengo e do Palmeiras, ao treinador.
A descrença em Tite reflete diretamente nas agências de publicidade.
Não há confiança que o país possa reverter o pessimismo generalizado da mídia e conquiste a Copa do Mundo.
A empolgação com o treinador passou.
Tite está cercado de assessores de imprensa.
Há três que trabalham contratados pela CBF.
Para 'cuidar do time' e, principalmente, do treinador.
Além disso, Tite paga a Luciano Signorini, ex-Corinthians e ex-Palmeiras, para cuidar de sua imagem.
Ele acompanha tudo o que acontece envolvendo seu nome.
E a rejeição das agências de publicidade era algo óbvio.
Tanto que já disse ter se arrependido de ter feito tantas propagandas em 2018.
E da superexposição na tevê.
Lógico que as quatro empresas não esperavam o fracasso da Seleção.
E os conselhos de gestão de Tite se mostraram inúteis, não só com a derrota para a Bélgica, mas pela campanha do Brasil no Mundial. Principalmente pelos privilégios a Neymar.
Sumiram do ar, mas não foram esquecidos.
Mesmo emissoras que transmitirão o Mundial evitam Tite ao fazer publicidade da Copa do Catar.
A imagem que Tite passava antes da Copa era de um profissional que sabia o caminho das vitórias
Divulgação/UninassauFoi o ex-presidente da CBF, banido por assédio sexual e moral, quem quis manter o treinador para a Copa da Rússia. Sem consultar ninguém. Agiu de forma absolutista, como sempre acontece em relação aos presidentes da CBF.
O jornal francês L'Equipe revelou que o salário de Tite na CBF é de 3,9 milhões de euros por ano. Cerca de R$ 20,4 milhões. São cerca de R$ 1,7 milhão a cada 30 dias.
Ele está desde junho de 2016 à frente da Seleção.
Sua condição financeira é privilegiada, se tornou um milionário.
Com a imagem absolutamente desgastada, ele sabe que só teria convite para ficar na Seleção, se vencesse o Mundial no Catar.
E tomou a iniciativa de anunciar que deixará o cargo, seja qual for o resultado da competição.
A pressão foi pesada não só para ele, mas para seus familiares, nestes seis últimos anos.
E avisou: se não receber convite de clubes europeus, não trabalhará em 2023.
Tirará um ano sabático, não assumirá equipe alguma no país.
Aos 61 anos, ele se mostra tenso, preocupado, cansado, irritado.
E a Copa ainda nem começou.
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Divulgação/ItaúEm seis anos, ele só venceu a Copa América de 2019, disputada no Brasil.
Perdeu a Copa da Rússia e a Copa América de 2021.
E o mais importante: a confiança dos brasileiros.
Que refletiu na fuga de patrocinadores.
Quem quer anunciar com o treinador da Seleção mais rejeitado do século?
E que vai levar para o Catar a base que fracassou na Rússia?
Que manterá Thiago Silva, 37 anos. E Daniel Alves, que completará 39 anos, no time principal?
Que dará os mesmos privilégios a Neymar?
Por enquanto...
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