‘Time pipoqueiro’, pichado no Morumbi. Luciano xingado. Palavrões a Casares. Nova eliminação da Libertadores, em casa. A dívida chega a R$ 1 bilhão. Mais um ano sem títulos. ’Essa é realidade do São Paulo’, diz Crespo
Festa equatoriana, diante de 54 mil frustrados torcedores do São Paulo. Eles pagaram R$ 8,3 milhões para assistirem ao jogo. A LDU voltou a vencer, desta vez por 1 a 0. E jogará a semifinal da Libertadores contra o Palmeiras. Os são paulinos vinte anos sem conquistar a competição vaiando o time.cE xingando o presidente Casares e Luciano, que deve sair em 2026

“Tem uma dinâmica por trás de toda venda e de toda compra. A situação é essa. Eu sei e se sei, mas também sei perfeitamente a situação em que o São Paulo está.
“Tentamos fazer o melhor possível, como estamos fazendo até hoje. Às vezes alcança, às vezes não. Às vezes você pega um time quase na zona de rebaixamento...
“Hoje está em sétimo. Deu certo no Brasileirão? Deu. Nas oitavas? Deu. Deu o máximo.
“Mas nossa realidade é essa. Hoje, tudo aquilo que eu possa falar parece uma desculpa. Mas não é. É a realidade.”
Esse foi o trecho que mostrou todo o amargor de Hernán Crespo, na sua sincera entrevista, após a eliminação do São Paulo.
O clima que era de festa, antes do jogo, virou de protesto.
Constrangimento.
De pura frustração.
Descontada em pichação nos muros do Morumbi.
“Time de pipoqueiros.”
Mais às vaias e os xingamentos a Luciano, que não seguirá em 2026 no clube.
E o coro de um pesado palavrão direcionado ao presidente Julio Casares.
O time do São Paulo não esteve à altura de sua torcida.
O Morumbi estava lotado, 54 mil pessoas para apoiar os jogadores a cada minuto.
Havia ingressos caríssimos, a R$ 800,00.
A diretoria aproveitou o amor dos são paulinos.
E o sonho de o clube voltar a vencer a Libertadores.
A renda chegou a R$ 8,3 milhões.
Só que a equipe de Crespo mostrou toda sua limitação técnica. Com os jogadores lutando, mas sem talento para vencer a organizada equipe montada por Tiago Nunes.
Sem criatividade, o time que precisava vencer por pelo menos dois gols de diferença, para ir aos pênaltis, pela derrota por 2 a 0, na ida, foi desesperado.
Chutando de qualquer maneira a gol. Exagerando nos cruzamentos. E Luciano, outra vez, mostrou a péssima fase que vive, aos 32 anos, perdendo duas chances claras, com sobras que caíram nos seus pés, diante do goleiro Gonzalo Valle. Assim como fez no Equador.

E perdeu em um contragolpe, que nasceu de um escanteio a seu favor. Medina não desperdiçou a chance, diante de Rafael, em falha de Bobadilha, aos 40 minutos do primeiro tempo. O placar agregado, das duas partidas das quartas, foi 3 a 0, para os equatorianos.
“Não concretizamos aquilo que criamos. Com todas as dificuldades que o grupo tem no dia a dia. Umas vezes alcança, outras vezes não. Como falei antes. Nesta situação, normalmente o futebol coloca no tempo as coisas como devem ser.
“Neste caso, futebol não é matemática e às vezes dois mais dois é igual a sete. Não deu quatro. Se dá quatro, a gente passava”, inteligente, Crespo tentou usar a seu favor as estatísticas.
Sim, foram 24 arremates, contra três da LDU.
Mas ele, e quem assistiu à partida, sabe.
O excesso de arremates sem perigo algum do São Paulo, na sua grande maioria. Além das chances desperdiçadas de Luciano, houve o chute no travessão de Rodriguinho. Mas os equatorianos desperdiçaram duas oportunidades de ampliar.
O elenco limitado, que fica eternamente esperando as recuperações de Oscar e Lucas Moura, já perdeu o Paulista, eliminado na semifinal pelo Palmeiras, caiu na Copa do Brasil, diante do Athletico, clube que está na Segunda Divisão, sai da Libertadores nas quartas, no Morumbi.
E, como em 2024, o São Paulo foi eliminado nas quartas, no Morumbi.
Completou 20 anos de sua última conquista de Libertadores.
A dívida já passou de R$ 1 bilhão.
A diretoria nega entregar o futebol a uma SAF.
O presidente Julio Casares está há cinco anos no poder.
Liderou a mudança do estatuto, que só permitia um mandato de três anos.

Ele vendeu joias da base, abaixo do preço, para não atrasar salários, nas duas janelas. Henrique Carmo e Matheus Alves com o CSKA, da Rússia, Lucas Ferreira, com o Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, William Gomes, com o Porto, de Portugal, e Ângelo, com o Strasbourg, da França.
Todos, com potencial, só renderam R$ 37 milhões.
O mesmo grupo político domina o clube há décadas. A oposição não tem representatividade.
Desde que assumiu, Casares apostou em jogadores midiáticos e caros. E veteranos. Oscar, 34 anos, Lucas Moura, 33 anos, James Rodríguez, que chegou ao Morumbi, com 32 anos, foram os grandes exemplos.
Rafael Tolói, última contratação, fará, no dia 10 de outubro, 35 anos.
Luciano desabafou após mais essa eliminação do São Paulo, em 2025.
“Tem que lamentar sim, na hora que finalizei no primeiro tempo a bola quicou, estava ruim ali na área, ela quicou e perdi o gol. Deus quis assim e é ver o que tem para o resto da temporada.
“Justas (as vaias), porque a expectativa era enorme, nós também tínhamos, eles lotaram o estádio, apoiaram e tem toda a razão em vaiar.”
O jogador recusou duas propostas do mundo árabe nas duas últimas temporadas. O desejo de vários conselheiros importantes, que dão base política para Casares, querem a saída do meia. Assim como o comando das organizadas mais importantes do clube.
Luciano não seguirá em 2026. As vaias a ele estão cada vez mais constantes.
Aliás, algumas organizadas estão programando uma visita ao treino do São Paulo, para cobrar reação do elenco.
No Brasileiro, última competição que restou no ano, não há chance de título.
O clube tem 16 pontos a menos que o líder Flamengo. Com um jogo a mais para o time paulista.
Crespo sabe.
Sua obrigação é classificar o São Paulo para a Libertadores de 2026.
E deste ano acabou ontem.
O clube completou 20 anos sem ganhar a competição...