Tevês decretam. Uruguai e Brasil, sem Neymar, não vale R$ 5 milhões
Baixa audiência e taxa de 1 milhão de dólares fazem a tevê aberta virar as costas ao time de Tite, contra o Uruguai, pelas Eliminatórias. Decadência
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Um milhão de dólares.
Cerca de R$ 5,4 milhões.
Foi essa quantia que a TV Globo decidiu não investir para transmitir Uruguai e Brasil, pelas Eliminatórias.
O notório desinteresse pela seleção brasileira, ainda mais sem Neymar, fez com que a emissora virasse as costas para a Mediapro, empresa da Espanha que capitaliza e negocia os jogos do Uruguai, Paraguai, Colômbia, Bolívia, Equador, Chile, Venezuela e Peru, como mandantes.
A Mediapro insistiu no preço de 1 milhão de dólares para o jogo de hoje para a televisão aberta no Brasil.
A emissora vive profunda crise financeira.
Sem abocanhar a maior parte da publicidade federal, como acontecia há décadas, e com a pandemia, o grupo Globo fez inúmeras mudanças. Extinguiu a rádio Globo AM, juntou redações, mandou embora jornalistas, produtores, atores e apresentadores consagrados.
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No futebol, abriu mão da exclusividade no Brasileiro, viu a Libertadores sair de sua grade de programação, começou briga na justiça, querendo pagar menos à Fifa pela Copa do Mundo.
Já ficou sem o jogo contra o Peru, em Lima, sem drama de consciência.
E é desta maneira que está encarando as Eliminatórias para a Copa do Qatar.
Sem torcida no estádio.
Com o time de Tite cada vez mais sem empolgar.
Na primeira partida, contra a Bolívia, repleta de jogadores sub-23, com os titulares poupados para enfrentar a Argentina, em La Paz, o Brasil goleou. 5 a 0.
Mas não enganou a audiência.
Ficou nos 26 pontos.
Na partida da semana passada, contra a Venezuela, o resultado foi pior.
21 pontos de audiência, para a fraquíssima vitória por 1 a 0.
A emissora já recebeu R$ 1,8 bilhão dos seis patrocinadores do futebol em 2020.
Ambev, Casas Bahia, Chevrolet, Hypera Pharma, Itaú e Vivo dividiram esse dinheiro.

Gastar R$ 5 milhões para um jogo, só para a aberta, foi considerado pela cúpula da emissora carioca como desnecessário.
A Bandsports, que formou um consórcio entre Sky e Claro, ficou com a transmissão na tevê a cabo e a Turner, com o EI Plus, com a mídia digital.
O que seria algo sensacional para as outras emissoras, ter um jogo da seleção contra o tradicional Uruguai, não empolgou.
Pelo contrário.
Uruguai e o inconstante Brasil de Tite, sem Neymar, com chance real de derrota, sem perspectiva de grande audiência, não vale R$ 5 milhões.
Toda a comoção que chegou até o governo e fez a TV Brasil mostrar o jogo diante dos peruanos, em Lima, morreu.
A Lei Pelé, de 2000, que obrigaria a exibição dos confrontos da seleção, em torneios oficiais, já tem diversas interpretações. A principal delas é lógica.
A legislação é nacional, não internacional.
Não há como obrigar a Mediapro a liberar imagens para o Brasil.
Nem fazer com que qualquer emissora pague na marra pela transmissão do jogo.
O artigo da Lei Pelé ficou inútil.
Art. 84-A. Todos os jogos das Seleções Brasileiras de futebol, em competições oficiais, deverão ser exibidos, pelo menos, em uma rede nacional de televisão aberta, com transmissão ao vivo, inclusive para as cidades brasileiras nas quais os mesmos estejam sendo realizados. (Incluído pela Lei nº 9.981, de 2000).
As redes sociais servem como termômetros, além dos pontos de Ibope.
E o desinteresse segue crescente em relação à seleção.
Desde o último título mundial, há 18 anos, a frustração se acumula.
Ao contrário do que acontece em relação ao futebol interno.

E, principalmente, na Libertadores da América.
Para as emissoras de tevê aberta, a conta é simples.
Uruguai e o Brasil de Tite, sem Neymar, com chance real de derrota, não vale R$ 5 milhões.
É muito dinheiro pelo futebol desse time...
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