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Cosme Rímoli - Blogs

Só alívio. Brasil joga muito mal, de novo. Mas consegue virada, contra o Chile, penúltimo nas Eliminatórias. Graças a duas estrelas do Botafogo

Burocrática, sem ousadia, a Seleção de Dorival Júnior outra vez decepcionou. Pouco criou. Mas foi pragmática. Com dois gols nos finais do primeiro e do segundo tempo, virou contra o Chile. Gols de Igor Jesus e Luiz Henrique. Virada aos 45 minutos da segunda etapa

Cosme Rímoli|Do R7

Luiz Henrique marcou seu primeiro gol na Seleção. O da virada contra o fraquíssimo Chile Rafael Ribeiro/CBF

“Sabemos de tudo que está acontecendo e queremos mudar isso.

“Vamos mudar isso, estamos começando.

“Esta camisa representa um sentimento grande para a gente, sabemos de tudo que está acontecendo e queremos mudar isso. Vamos mudar isso, estamos começando.

“A gente sabe o que estamos passando, mas a torcida brasileira pode esperar muito empenho e amor por esta camisa. Sabíamos que o jogo ia ser difícil, mas conseguimos a virada com o gol da vitória, estou contente demais, feliz demais de vestir esta camisa pesada da Seleção Brasileira. Agora temos outro jogo difícil em Brasília, vamos dar a vida, lutar, fazer de tudo para vencer lá.”


As palavras de Luiz Henrique após a vitória do Brasil, diante de uma das piores gerações de jogadores do Chile, por 2 a 1, são muito simbólicas.

Ele sabe do descontentamento da população, do afastamento do atual time de Dorival Júnior.


A campanha do Brasil nas Eliminatórias é fraquíssima.

Está em quarto lugar, atrás de Argentina, Colômbia e Uruguai.


Nos nove jogos, quatro vitórias, um empate e quatro derrotas.

A virada de hoje só saiu graças a jogadas individuais.

O conjunto foi péssimo, outra vez.

Dorival Júnior sabia que nesta data-Fifa, o Brasil enfrentaria os dois piores selecionados sul-americanos.

O penúltimo colocado, o Chile. E na próxima semana, terá à sua disposição, em Brasília, o pior dos piores, o Peru.

Finalmente, o treinador não atuou com três volantes.

Deixou André ‘pregado’ na frente da zaga.

Paquetá foi recuado, encarregado da saída de bola da defesa para o meio, teoricamente, com mais qualidade e velocidade.

Rodrygo atuaria como meia flutuante.

Foi a pior partida de Rodrygo com a camisa da Seleção. Sozinho para articular os ataques. Foi anulado facilmente Rafael Ribeiro/CBF

Savinho aberto na direita, o estreante Igor Jesus como centroavante dos anos 60, e, pela esquerda, Raphinha.

Danilo outra vez, atuando como terceiro zagueiro, enganando os mais afoitos, que o enxergam como lateral direito.

Savinho teve de se virar sozinho, sem ninguém para fazer triangulações, dar opção pelo lado.

Na esquerda, uma ótima aposta, Abner, do Lyon.

Ofensivo, mas muito inteligente taticamente, com capacidade de se tornar volante, atacar sem tirar o espaço de Raphinha.

Com os resultados da rodada, o Brasil entrou em campo ainda mais pressionado.

Não estava mais em sexto na tabela de classificação, mas sétimo.

O Chile, do argentino Gareca, tinha de tentar marcar pontos, para acalentar o sonho de ir para a Copa do Mundo.

Mas a própria imprensa andina classifica a atual geração como uma das piores de todos os tempos.

E é.

Muito ameaçado pela demissão, o ex-treinador do Palmeiras fez questão de colocar seu time para atacar.

4-3-3 escancarado, no começo da partida.

E, contando com as falhas infantis de Danilo e Ederson, o Chile fez o gol mais rápido destas Eliminatórias.

A um minuto e oito segundos, Loyola cruzou.

A bola encobriu Danilo, e Vargas cabeceou para o meio do gol.

Só que Ederson estava grudado na trave direita e não conseguiu alcançar a bola defensável.

1 a 0, Chile.

A torcida local ficou enlouquecida.

Os brasileiros mostraram toda a tensão, afobação, diante do placar desfavorável.

Sabiam que outra derrota seria desastrosa.

Os chilenos tiveram, por 25 minutos, a Seleção Brasileira à sua mercê.

O Brasil estava paralisado, tenso, errando passes, aceitando o domínio do fraco time da casa.

Mas, de forma incompreensível, Gareca mandou seu time recuar.

Não queria mais a equipe dominante, apostou em contragolpes.

E conseguiu recuperar a confiança brasileira.

Ainda que, burocrática, sem imaginação, com Rodrygo fazendo seu pior jogo, o Brasil passou a atacar.

Era gritante que Galdames não tinha o mínimo de poder de marcação, nem de antecipação, para travar Savinho.

O lado esquerdo do Chile era o seu ponto mais frágil, de uma equipe ruim.

Foi assim que, aos 45 minutos do primeiro tempo, Savinho cortou para o meio e cruzou.

Igor Jesus mostrou sua intuição, ao antecipar a bola aérea e cabecear sem chance para Cortés.

1 a 1.

Igor Jesus marcou gol na sua estreia pela Seleção Brasileira Rafael Ribeiro/CBF

Alívio para Dorival Júnior e merecido castigo para a covardia tática de Gareca.

Viria o segundo tempo.

E o técnico brasileiro fez sua obrigação.

Tirou o perdido Lucas Paquetá e o defensivo demais André.

Entraram Bruno Guimarães, que outra vez não acrescentou nada, e Gerson, que merece ser titular do Brasil.

A expectativa é a mãe da decepção.

O Brasil ficou ainda mais burocrático, diante do Chile, que retornou ainda mais defensivo, mostrando que o empate estava ‘ótimo’.

A falta de ambição do selecionado da casa era angustiante.

Assim como a burocracia da Seleção, que trocava inúteis passes do lado, sem penetrações.

Gareca dobrou a marcação em Savinho e o desafogo brasileiro não mais existia.

Quando o técnico percebeu que não deveria respeitar tanto o adversário, colocou o Chile mais à frente, como começou a partida.

Conseguiu ficar com a bola rondando a área brasileira, mas a falta de talento impedia o segundo gol.

Quando a partida parecia que terminaria empatada, Luiz Henrique, fez ótima jogada individual.

Repetiu o que faz no Botafogo.

Da direita, cortou para o meio e deu um chute cruzado, indefensável para Cortés.

O Brasil virava a partida, aos 45 minutos do segundo tempo.

E conseguiu segurar a vitória.

Ao final, os jogadores se abraçavam, assim como Dorival Júnior e seu auxiliar, e filho, Silvestre.

O sentimento era muito mais de alívio do que alegria.

E o treinador do selecionado do Brasil teve a coragem de repassar a culpa por mais uma fraca atuação aos jogadores.

Por serem jovens demais.

De forma escancarada, pediu mais dois anos de trabalho, no comando do Brasil.

“Não estamos com a estrutura que foi montada para a Copa anterior e isso acaba dificultando ainda mais o encontro pelo equilíbrio com a jovialidade desses meninos e a experiência de outros que ali estão.

“Essas oscilações acontecem e continuarão acontecendo. Chegaremos com uma equipe forte daqui a dois anos, mas passaremos alguns apertos. Tudo o que está sendo pedido pelo treinador os jogadores estão desenvolvendo.”

Só que, vivido, Dorival sabe que a vitória fala mais alto.

Encobre, para muitos, o fraco futebol mostrado.

Seu ânimo ficou redobrado na coletiva.

Dorival Júnior sabia que a vitória encobriu o fraco futebol da Seleção Renato Ribeiro/CBF

Até porque sabe que terá o último colocado das Eliminatórias, o Peru, terça-feira, em Brasília.

E mandou um recado para os torcedores que irão ao estádio Mané Garrincha.

“Estávamos totalmente afastados na Seleção de modo geral, não por culpa de um ou outro, mas pelo momento do país de modo geral. É uma oportunidade de darmos as mãos e trazer o torcedor para o nosso lado. Quando assumi a Seleção, todos falavam de renovação e quando é feito você não encontra o resultado com a mesma velocidade.

“No nosso país, você busca o sucesso antes do trabalho e isso é só no dicionário. Nunca aconteceu. Espero paciência, vamos oscilar, não vamos ter jogos maravilhosos, mas estamos crescendo. O trabalho continua com pé no chão, equilíbrio e apoio do torcedor. É preciso mostrar que há coisas boas acontecendo. Com resiliência, todos vamos crescer.”

Dorival quer paciência.

A Seleção venceu, mas continua jogando muito mal.

Assustadoramente burocrática.

O futebol da vitória contra o Chile não convenceu a ninguém.

Nem ao próprio técnico.

Mas ele não confessaria à imprensa.

A criatividade do meio para o ataque é um problema crônico.

O Brasil deve mais três pontos graças a jogadas individuais.

Não pelo fraco conjunto.

O trabalho de Dorival segue decepcionante...

Veja também: Seleção Brasileira desembarca no Chile; veja bastidores

Os jogadores da Seleção Brasileira desembarcaram na noite desta quarta-feira (9) em Santiago. A delegação brasileira chegou ao hotel na capital chilena às 20h30 e foi recebida por torcedores.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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