Sexto jogo sem vitórias. Acabou o repertório de Carille
Vaiado, o time foi dominado pelo Santos em pleno Itaquerão. E empatou 0 a 0. O Corinthians segue demonstrando a falta de qualidade do seu elenco
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Ô, ô, ô...
"Ou joga por amor ou joga por terror..."
De nada valeu o velho coro das torcidas organizadas do Corinthians.
Não adianta ameaça, incentivo, aplauso, vaia.
Outra vez o time mais se preocupou de defender do que em atacar. Tomou bola na trave, Cássio fez espetacular defesa em chute de Marinho, viu Felipe Jonatan perder gol incrível, chutando por cima a bola decisiva do jogo.
No final do clássico no Itaquerão, outro lastimável 0 a 0.
E, desta vez, em vez de apenas as organizadas, a maioria dos 32 mil corintianos que foram ao estádio vaiaram.
Não suportam mais o fraco futebol do time de Fábio Carille.
É a sexta partida do Corinthians sem vitórias. Não conseguiu ultrapassar o São Paulo, segue na posição, com 45 pontos, podendo ficar atrás também do Internacional, que enfrenta o Bahia, em Salvador.
Já o Santos de Sampaoli, perdeu a oportunidade de assumir a segunda colocação. O empate o mantém na terceira colocação, com 52 pontos, atrás 12 pontos do líder Flamengo e a dois do Palmeiras.
No Itaquerão, suspenso, Fábio Carille não comandou o time no banco. E nem foi para a entrevista coletiva. Quem falou foi seu assistente Leandro Silva.
Ciente do descontentamento da direção com o trabalho de Carille, o assistente tratou de dividir a falta de competência corintiana na busca de vitórias.
" (A responsabilidade pelo momento corintiano.) É 50% da comissão, e 50% do atleta. Todos têm suas responsabilidade para buscar uma melhora.
"Fazemos isso diariamente com treinamentos e complementos técnicos, queremos sempre que o atleta evolua. De repente isso não é visível, mas esperamos que isso aconteça ao longo do tempo, para conquistarmos melhores resultados."
A situação é clara.
Acabou o repertória de Carille com o fraco elenco que a diretoria ofereceu para 2019. A grave crise econômica por conta do Itaquerão impediu que reforços que Carille sugeriu como Gabigol e Rodriguinho e Roger Guedes desembarcassem no Parque São Jorge.
No cada vez mais insignificante Campeonato Paulista, o time conseguiu a conquista do tricampeonato. Ajudado pelo fato de o Palmeiras e o São Paulo estarem sofrerem o desgaste pela Libertadores. E Sampaoli estar se adaptando ao futebol brasileiro e ao também limitado elenco que a endividada diretoria santista pôde oferecer.
Mas na Copa do Brasil, na Copa Sul-Americana e, agora, no Brasileiro, a falta de peças talentosas ficou evidenciada.
E o time vive do esforço coletivo.
Carille é um bom treinador, tem visão das coisas.
E sabe que, com o elenco que Andrés Sanchez pôde proporcionar, não há como chegar mais longe.
A meta de classificar a equipe para a Libertadores é o limite.
Ele sente a pressão para montar uma equipe ofensiva.
Mas não há atletas com potencial criativo desequilibrante no meio de campo. O Corinthians é uma equipe que privilegia o conjunto.
E absolutamente previsível.
Love, Pedrinho, Mateus Vital e Boselli não funcionaram. Como já falharam Gustavo, Love, Sornoza e Pedrinho. Também Pedrinho, Mateus Vital, Love e Janderson.
Não há mais opções.
O Santos de Sampaoli também não tem craques.
Mas a ousadia nata do seu treinador contagia atletas medianos. E o desempenho chega a ser melhor do que a característica individual indica.
Mesmo atuando no Itaquerão, o Santos teve a iniciativa do jogo, a procura do gol.
Mas esbarrou no que o Corinthians tem de melhor, seu sistema defensivo.
Soteldo acertou a trave direita de Cássio, aos 24 minutos do primeiro tempo, na jogada mais bonita da partida. O venezuelano bateu cortou da esquerda para o meio e bateu forte, o goleiro voou e não alcançou a bola que balançou a trave direita, quase na forquilha.
Depois, os dois sistemas defensivos prevaleceram, tornando a partida monótona.
Um chute forte, no alto, de Marinho fugiu da rotina e obrigou Cássio à ótima defesa.
Só no final do jogo, com os atletas cansados e sem manter a mesma concentração, os times tiveram chance de marcar. Love, contundido, perdeu chance diante de Everson. E Felipe Jonatan desperdiçou a derradeira oportunidade.
No final, outro constrangedor 0 a 0.
E muita vaia da torcida corintiana que apoiou durante toda a partida.
Mas fidelidade tem limite.
O Corinthians segue sua medíocre trajetória, tentar apenas uma vaga na fase de grupos da Libertadores.
E o Santos segue muito mais satisfeito, se superando, indo além até do que sua diretoria e torcedores acreditavam.
Graças a Jorge Sampaoli.
Mas nenhum desses dois grandes clubes do futebol mundial pode sequer sonhar com o título brasileiro.
São escravos do péssimo momento financeiro que vivem.
Estar na Libertadores de 2020 é o máximo que almejam.
E merecem...
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