Sem romantismo. Há um bilionário por trás de Felipão no Cruzeiro
O dono de uma rede de supermercados bancará salários do técnico e garantirá reforços. O clube ainda fará de Felipão manager. Ótimo negócio aos 71 anos
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Seria muito romântico.
Luiz Felipe Scolari, que fará 72 anos no dia 8 de novembro, resolve voltar ao trabalho.
Seu último dentro do campo.
Assume o Cruzeiro, clube que deve mais de R$ 1 bilhão.
Em penúltimo lugar da Série B, depois de 15 rodadas.
De acordo com o site Probabilidades do Futebol, da Universidade Federal de Minas Gerais, com 52,5% de chance de rebaixamento. E 1,1% de subir para a Série A.
Belo gesto do técnico pentacampeão do mundo.
De muita coragem, expor sua imagem, se comprometer com um projeto tão difícil.
Mas a realidade vai além.
Basta lembrar que na semana passada, Felipão havia recusado o Cruzeiro.
O que aconteceu?
Foi a participação do bilionário Pedro Lourenço.
Ele assegurou o pagamento de salário de Felipão até o final de 2022.
E mais: o dono da rede de supermercados BH, com o técnico que confia e influenciou decisivamente na escolha, decidiu pagar a dívida de R$ 7 milhões do clube com o Zorya, da Ucrânia, pelo pagamento do atacante Willian.
Com o pagamento, o Cruzeiro não será punido por calote na Fifa. Poderá inscrever o meia Giovanni Piccolomo e os atacantes Iván Angulo e Matheus Índio.
Só que Pedro Lourenço prometeu financiar outros reforços importantes para Felipão.
E o treinador terá seu sonho de ser manager, apenas comprar e vender jogadores, a partir de janeiro de 2023. O presidente Sérgio Santos Rodrigues decidiu realizar o desejo do técnico. E o bilionário dono da rede de supermercados, outra vez, garantiu que bancará Felipão na empreitada.
Depois de ter tudo o que queria, inclusive a contratação do auxiliares Paulo Turra e Carlos Pracidelli, Luiz Felipe Scolari falou como treinador cruzeirense.
"Não queremos só este ano. Queremos este ano que está terminando, queremos 2021, 2022 e 2023.
"Vou estar com vocês (torcedores cruzeirenses) dando tudo aquilo que posso dar com a minha contribuição do meu conhecimento, de amizades e tudo aquilo que o cruzeiro me deu também.
"Conto com vocês também."
Felipão decidiu voltar ao trabalho depois que o futebol aprendeu a conviver com a pandemia.
Ele vem de duas experiências frustradas em clubes brasileiros, depois que foi dispensado da Seleção Brasileira, após a Copa do Mundo de 2014, com direito à derrota no Mineirão, por 7 a 1 para a Alemanha.

Luiz Felipe foi demitido do Grêmio e do Palmeiras. Entre os dois, foi trabalhar na China.
Felipão será o quarto treinador em 2020 do Cruzeiro. Adilson Batista, Enderson Moreira e Ney Franco foram seus antecessores.
Antes dele aceitar, Lisca Doido, do América Mineiro; Umberto Louzer, da Chapecoense e; Marcelo Chamusca, do Cuiabá, recusaram o cargo.
Nenhum dos três poderia imaginar que o clube teria um mecenas bilionário, disposto a garantir salário até o final de 2022. Que pagaria, evitando punição da Fifa. E ainda colocaria dinheiro para reforços significativos no clube que deve mais de R$ 1 bilhão.
O 'sim' de Felipão poder ser romântico para os torcedores cruzeirense apaixonados.
O retorno depois de vinte anos, do treinador que saiu da Toca da Raposa para ser pentacampeão mundial.
Mas tudo precisa ser visto muito além do romantismo.
Luiz Felipe Scolari fez um ótimo negócio...