Sem os problemas de Neymar, Tite aposta em Fernandinho
Técnico estava muito menos tenso por não precisar falar da acusação de estupro. Ele pôde se concentrar na Bolívia. Fernandinho será titular
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Morumbi
Enquanto Tite dava sua última entrevista antes da estreia do Brasil na Copa América, Neymar depunha na Sexta Delegacia da Mulher, em Santo Amaro.
Nem vinte minutos de carro separavam as duas situações no final da tarde.
E é indiscutível.
O clima sem Neymar, e seu problemas, deixaram o clima da Seleção Brasileira muito mais leve.
"Torço para que ele tenha saúde, luz, se recupere e as coisas sejam esclarecidas. Em uma mensagem ontem, sei que está se recuperando. Estamos na torcida. Vou repetir: aqui se fala mais de Neymar do que lá dentro. Falamos de preparação como um todo.
"Naõ gostaria nunca de não ter Neymar, um top 3 do mundo. Mas também sei que essas oportunidade são importantes. Elas surgem na vida. Preparem-se para elas."
Foi tudo o que o treinador falou sobre a ausência de seu principal jogador.
Ele não queria mais ouvir as palavras estupro, agressão. Nem de lembar os carros de polícia na concentração brasileira, buscando o atacante.
Sua preocupação era outra.
Garantir uma boa vitória contra a fraquíssima Bolívia amanhã.
No seu último treinamento tático, aqui, no Morumbi, ele optou por Fernandinho ao lado de Casemiro. Uma formação mais ortodoxa, defensiva. Ele tinha o versátil Allan.
Mas ele não quer dar chance aos contragolpes bolivianos, única arma do limitado adversário da estreia na Copa América.
O Brasil vai jogar amanhã com Alisson, Daniel Alves, Marquinhos, Thiago Silva e Filipe Luís; Casemiro, Fernandinho e Phellipe Coutinho; Richarlison, Roberto Firmino e David Neres.
Tite estava extremamente cauteloso.
Não quis escancarar o óbvio favoritismo brasileiro.
Joga a Copa América em casa, com o apoio da torcida contra times fracos, como o boliviano e o venezuelano, adversários da primeira fase. Argentina e Uruguai estão em formação, bem abaixo da preparação brasileira.
Mas ele não quis assumir a obrigação e vencer amanhã. E muito menos a de conquistar a Copa América. Aceitou, no máximo, ser um dos favoritos.
"Historicamente, sim. Não dá para fugir. Temos a consciência de que temos que construir etapas para o título. Em cima de erros e acertos. Inevitável. Somos um dos favoritos. Não somos os únicos. Temos que ter responsabilidade com alegria. Tem que ter pressão e prazer."
Tite só ficou constrangido quando teve de responder sobre a certeza de que continuará na Seleção, garantido antecipadamente pelo presidente Rogério Caboclo.
Ele tem o direito de perder a Copa América.
Não será demitido.
Palavra de honra de Caboclo.
Antes de responder, parou, respirou.
"Para mim, a pressão é diária.
( A postura do presidente) Mostra senso de equipe.
Esse é o sentimento que eu fico", disse, contido.
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