Sem Lula, Caixa declara guerra ao Corinthians. Pelo Itaquerão
O banco estatal se cansou de esperar. Entrou na justiça para receber os R$ 487 milhões da construção do Itaquerão. Não há mais a proteção de Lula
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Todos no Parque São Jorge sabiam.
Com a troca de governo, com a prisão de Lula, com a saída do PT do comando do país, o Corinthians teria mais dificuldades para renegociar sua dívida com o Itaquerão.
O grande indício já havia sido a truculência do fim da negociação com a Caixa Econômica Federal como patrocinadora master do time.
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Por trás dos sorrisos, a certeza de que o banco público já não seria tão parceiro quanto na época de Lula.
E hoje, a certeza para o ex-deputado do PT e presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, que acabou a paciência em relação à dívida do Itaquerão.
Afinal, ela já se acumula há nove anos.
A direção da Caixa resolveu notificar oficialmente, na justiça, o Corinthians.
Quer receber R$ 400 milhões que emprestou, em 2010, quando ficou acertado que o clube teria o seu estádio e ele abriria a Copa do Mundo. Mesmo com São Paulo já tendo o Morumbi, o Pacaembu e o Palmeiras trabalhava na sua arena.
Andrés Sanchez nunca negou a influência de Lula no nascer do Itaquerão.
Marcelo Odebrecht confessou em delação premiada que o estádio foi um 'presente' do seu pai Emílio a Lula.
Na delação, Marcelo garantiu que fez de tudo para tirar sua construtora do estádio. Não conseguiu e diz ter entrado em um 'atoleiro'.
A obra passou, segundo ele, de R$ 400 milhões para R$ 800 milhões.
E ele sabia o que aconteceria.
Perguntado sobre quem pagaria pelo estádio, por conta dos juros, que levaram a conta para mais de R$ 1,6 bilhão, o herdeiro foi claro.
"Acho que, no final, perde a gente (Odebrecht), o Corinthians, perde a Caixa, perde todo mundo. É o tipo de jogo que todos perdem."
Mas a direção da Caixa não aceita perder.
O banco estatal emprestou R$ 400 milhões.
Recebeu R$ 175 milhões do Corinthians, nos últimos anos.
Mas os juros elevaram a dívida para R$ 487 milhões.
Depois de cansar de cobrar a direção corintiana, veio a notificação oficial.
A Caixa declarou guerra contra o Corinthians.
Quer o dinheiro.
"Não há nenhum beneficio ou “perseguição”. Mas se a Caixa não recebe e não tem renegociação, ocorre a cobrança de garantias. A execução é natural."
A afirmação é do presidente da Caixa, Pedro Guimarães, ao jornal O Globo.
A cúpula corintiana ficou assustada. Na verdade, não esperava o confronto jurídico.
Andrés mandou que fosse divulgada uma 'nota oficial'.
Nela, o clube afirma que houve precipitação do banco estatal.
Mesmo com a Copa do Mundo no Brasil tendo acontecido já há cinco anos.
Mas deixa claro.
"Se a Caixa escolheu trocar a rota da negociação pela do confronto, não cabe ao clube outro recurso senão defender na Justiça seus direitos", avisa o Corinthians, em tom de ameaça.
De quem aceita a declaração de guerra.
A Caixa tem o terreno do estádio Parque São Jorge como garantia de pagamento.
A situação é preocupante para Andrés.
A tolerância da Caixa Econômica Federal acabou.
Além dos R$ 487 milhões do banco estatal, ainda há a dívida com a Odebrecht, que passaria do R$ 1,2 bilhão.
No Corinthians só há um sentimento maior que a indignação.
Uma saudade imensa dos tempos de Lula presidente...
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