Sem lágrimas de alegria na renovação de Neymar. Ele ficou por não ter propostas. O Santos o quis para fugir da Série B. E tempo para buscar SAF
Dirigente sabe: pai de Neymar procurou outros clubes. Renovou por não ter encontrado. O que importa é evitar a Série B, de novo. E SAF
Desta vez não houve festa.
Nem lágrimas de alegria.
Muito menos apresentação festejada na Vila Belmiro.
Nem mesmo celebração nas sedes das torcidas organizadas, que servem como termômetro para o futebol santista.
Pelo contrário.
A frieza não foi total por conta de textos publicados pelas assessorias de imprensa de Neymar e do Santos.
As duas partes acertaram mais seis meses de convivência.
Mais 26 partidas oficiais pelo Brasileiro e adeus.
Teve a dureza de um acordo profissional entre duas empresas.
Neymar pai, que decide tudo na carreira do filho de 33 anos, tentou, como assumiu publicamente, buscar outro clube na Europa, cujo início de temporada acontece no próximo mês.
Não conseguiu interessados.
As poucas partidas que Neymar jogou, as duas lesões musculares importantes, foram obstáculos enormes. Fora a idade avançada.
O empresário chegou à conclusão que o filho precisa usar o Santos por mais seis meses para provar que está recuperado. E poderá manter uma rotina ‘normal’ de atleta.
Neymar já teve 42 lesões na carreira. A mais grave, o rompimento de ligamentos cruzados do joelho esquerdo, o pé de apoio nos dribles e chutes.
“Tomei uma decisão e eu ouvi o meu coração. Santos não é só meu time, é a minha casa, minhas raízes, minha história e minha vida. Aqui fui um menino que virou um homem, e sou amado de verdade. Aqui posso ser eu mesmo, feliz de verdade.
“E é aqui que eu quero realizar os sonhos que faltam na minha carreira. E nada vai me parar. Eu vou, eu volto e eu fico. Onde tudo começou e onde nunca vai acabar”.
Essas foram as palavras de Neymar, divulgadas pela assessoria do jogador nas suas redes sociais.
As redes sociais não se ‘incendiaram’ como no início do ano, quando ele voltou. Comentaristas esportivos, mesmo de Santos, não tiveram a reação ufanista que ele seria a ‘solução para o futebol brasileiro’. Muito pelo contrário.
A desconfiança segue enorme, depois dele entrar em campo apenas 12 vezes, em partidas oficiais. Marcou três gols e deu três assistências.
Números pífios pela sua representatividade.
Seu salário seguirá sendo de R$ 4,1 milhões. E 75% de todos os projetos publicitários usando seu nome.
O Santos, que já deve R$ 1 bilhão, tem dívida de R$ 105 milhões com Neymar, do primeiro semestre. Ela deverá chegar perto de duplicar ao final do ano. Neymar pai aceita receber em parcelas.
O jogador tem certeza que poderá atuar normalmente no clube. E as partidas o levarão de volta à Seleção Brasileira. A promessa é do próprio técnico Carlo Ancelotti, que o vê como imprescindível.
Daí abrir brecha para uma transação internacional em janeiro de 2026.
Neymar pai está cada vez mais influente nas decisões da Vila Belmiro. Conselheiros acompanham sua movimentação.
Do lado de Marcelo Teixeira, a empolgação é como empresário. Ele acredita que, com Neymar em campo, o clube não será rebaixado.
Esta é a meta de 2025.
O executivo Alexandre Mattos foi contratado para tentar montar um time para sobreviver ao Brasileiro deste ano. E buscar, aos poucos, uma base para 2026. E sem Neymar.
Teixeira também terá seis meses para atrair uma empresa disposta a pagar para controlar o futebol do Santos. O sonho é de contrato que passe de R$ 1 bilhão, que é a dívida do clube.
Os conselheiros, que eram absolutamente contrários, já admitem não ter outra saída.
As dívidas se acumulam, os times montados são cada vez mais fracos.
A reforma na Vila Belmiro é prometida há mais de oito anos e não sai do papel e de vídeos mirabolantes distribuídos a conselheiros e jornalistas. Sim, oito anos de promessa.
Teixeira fez de conta que não sabia que Neymar pai buscava outro clube para o filho nos Estados Unidos.
Não se importou.
Empresário bilionário que é, ele mesmo sabia que não haveria interessados.
Agora tem Neymar por mais 180 dias.
Era o que queria para tentar evitar a segunda visita à Série B.
E buscar uma empresa para assumir a SAF do endividado Santos.
Tudo se tornou muito mais calculista, frio.
Capitalista.
Muito menos emotivo.
Nada de lágrimas derramadas.
Elas secaram desde janeiro.
Com Neymar só 12 vezes em campo...