São Paulo encantou a torcida. Fez da partida contra o Bragantino treino, para o jogo de vida ou morte contra o América. 3 a 0
Rogério Ceni colocou seus principais jogadores, precisava da vitória no Brasileiro. 3 a 0 foi pouco demais. A partida foi a demonstração do planejamento contra o América Mineiro, na decisão das quartas da Copa do Brasil
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
O São Paulo estava havia seis partidas sem vencer no Brasileiro.
O foco de Rogério Ceni estava todo nas quartas da Copa do Brasil e nas quartas da Copa Sul-Americana, onde ele sabe ser muito mais possível conseguir o título.
Só que as equipes mescladas, com reservas, titulares e garotos da base, não estavam dando certo no torneio nacional.
Foram quatro empates e duas derrotas.
A 11ª colocação no torneio nacional era um risco, porque, se o São Paulo não vencer a Copa do Brasil ou a Sul-Americana e não terminar o Brasileiro entre os primeiros, não disputará a Libertadores de 2023, objetivo assumido da direção, além, óbvio, dos títulos das Copas.
Foi com esse espírito, e responsabilidade, que o time titular de Rogério Ceni entrou hoje contra o Bragantino no Morumbi. O treinador resolveu esquecer que o América Mineiro será o adversário de quinta-feira, em Belo Horizonte, valendo a sobrevivência na Copa do Brasil.
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E, em uma prévia do que deverá acontecer em Minas Gerais, o São Paulo atuou como a diretoria, os conselheiros e a torcida adoram. Com marcação por pressão, com volúpia, vontade, garra. Encurralou o desmotivado Bragantino de Mauricio Barbieri.
A goleada foi mais do que justa e passa confiança para o confronto de vida ou morte em Belo Horizonte. 3 a 0. Gols de Rodrigo Nestor, Calleri e Igor Vinícius.
A vitória foi tão marcante que mais de 31 mil torcedores que foram ao Morumbi gritavam no fim do jogo.
"É quinta-feira... É quinta-feira... É quinta-feira..." Empolgação pura para o confronto na Copa do Brasil.
Reinaldo foi o grande destaque da partida, com duas assistências surpreendentes.
Mais três pontos importantes, que levam o clube à décima colocação, a dois pontos do oitavo colocado, o próprio time interiorano.
"Estou muito feliz. O objetivo maior era sair com a vitória. A gente conseguiu uma vitória por três gols, fazia tempo que a gente não conseguia. Eu amo essa torcida, críticas acontecem. Hoje eles vieram novamente apoiar a gente, estou muito feliz, e isso só dá mais forças para mim", dizia, satisfeito, Rodrigo Nestor.
"Acho que é vergonhoso o que a gente fez hoje. Não condiz com o que a gente trabalha no dia a dia, de intensidade, de concentração. Acho que foi um jogo horrível nosso, e isso tem que ser resolvido dentro do vestiário. Não vou apontar o dedo para um ou para outro."
"Como grupo não fomos bem e temos que colocar isso na cabeça para poder brigar lá em cima", desabafou Léo Ortiz, depois de mais uma partida decepcionante do Red Bull Bragantino. O time se mostra apático, sem rumo, nos jogos mais importantes, como o de hoje. Com campanhas medíocres, o objetivo da empresa dona do clube — valorizar jovens atletas para vendê-los à Europa — não é atingido. Pelo contrário. Eles acabam desvalorizados diante de caminhadas frustrantes.
Mas o São Paulo de Rogério Ceni não tem nada a ver com a fragilidade tática, psicológica e até física do time de Bragança.
Ele tratou de montar sua equipe como fará em Belo Horizonte. Com três zagueiros, cinco jogadores versáteis no meio-campo e dois atacantes como referências. Igor Vinícius, Gabriel, Rodrigo Nestor, Patrick e Reinaldo funcionaram melhor do que o imaginado. Eles foram o coração do time. Fizeram com que o Red Bull Bragantino não respirasse. Empurraram Luciano e Calleri para travar a tentativa de saída de bola consciente interiorana. Sem saída, o Bragantino exagerou nos chutões, a esmo, para a frente. Parecia ser uma equipe de Segunda Divisão.
O São Paulo jogou de forma muito mais objetiva sem Igor Gomes, que costuma prender demais a bola. E marcar mal. O vibrante Galoppo poderia ter melhorado ainda mais o time, só que ficou preservado para quinta-feira.
A marcação por pressão foi intensa até o primeiro gol.
Reinaldo se aproveitou do espaço que o Bragantino deu quando Barbieri tentou adiantar suas duas últimas linhas. E acertou excelente lançamento para Rodrigo Nestor, por trás da zaga. Cara a cara com Clayton, o volante acertou um chute fortíssimo, indefensável.
São Paulo 1 a 0, aos 24 minutos do primeiro tempo.
Inacreditável, inaceitável a falta de reação, a submissão do Bragantino. Por mais que o São Paulo estivesse melhor, o time da Red Bull aceitava ser pressionado.
Só no começo do segundo tempo o time esboçou uma pálida reação, com seus jogadores tentando dar o troco e travar a saída de bola do São Paulo.
Mas a impressão logo passou, com o time de Ceni encaixando a marcação e conseguindo impor toques objetivos, letais, buscando o segundo gol. E ele não demorou.
Outra vez, Reinaldo, o melhor, disparado, na partida, deu excelente cruzamento na cabeça de Calleri. A testada foi indefensável para o ótimo Clayton. São Paulo, 2 a 0, aos 13 minutos.
O Bragantino se entregou de vez, seus jogadores aceitaram a derrota.
Sentindo a facilidade, os comandados de Ceni seguiram pressionando, sentindo que ganhariam todas as divididas. E foi assim que, depois de lateral cobrado por Reinaldo, Calleri tocou de cabeça para Rodrigo Nestor brigar com todo o sistema defensivo de Bragança. E a bola sobrou no pé direito de Igor Vinícius. Nem se fosse Rogério Ceni que ajeitasse, o chute não seria tão fácil. Fortíssimo, estufando as redes do pobre Clayton. 3 a 0, aos 15 minutos.
Faltando meia hora para a partida acabar, ela estava decidida. O time havia atuado de forma mais do que convincente.
A torcida estava entusiasmada. Porque o São Paulo mostrou vibração, personalidade, gana e objetividade. Cada dividida era disputada com raiva, com determinação. Qualidade que é cobrada há anos no Morumbi.
Com os três pontos garantidos, Ceni foi calculista.
Tirou jogadores importantes para o duelo com o América.
Miranda, Patrick, Luciano, Calleri e Gabriel foram poupados. Além de Galoppo e Igor Gomes, que não jogaram hoje.
Mesmo assim, os reservas ainda foram melhores que o sonolento Bragantino.
A goleada era para ser maior.
Mas valeu a convincente atuação, que dá muita esperança à torcida, que sonha com a classificação para a semifinal da Copa do Brasil.
Hoje acabou sendo um mero treino para quinta.
E o Red Bull Bragantino, triste sparring.
Aquele lutador que participa do treino para apanhar...
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