Santos voltou para a Série A. Mas o planejamento está travado para 2025. Por causa de Neymar. Clube não sabe que rumo tomar
Montar um grande time, com reforços milionários? Ou contratar atletas ‘baratos’ e mesclar jogadores vividos com os vindo da base? Essa dúvida, fundamental para o Santos em 2025, depende da vinda, ou não, de Neymar. Carille mostrou tensão pela imobilidade da direção
Cosme Rímoli|Do R7
Estádio Couto Pereira, Paraná.
Com pouco mais de 16 mil torcedores, 40% da capacidade do estádio, que comporta 40 mil pessoas.
Jogadores do Santos comemoram a volta para a Série A.
Em frente aos cerca de cinco mil admiradores do clube onde ‘nasceram’ Pelé, Pepe, Coutinho, Robinho, Neymar.
Com as faixas das organizadas de cabeça para baixo.
Por protesto.
Por vergonha de o clube ter sido rebaixado.
Depois de 341 dias na Segunda Divisão, o Santos retorna para a Série A.
Vitória sobre o Coritiba por 2 a 0, gols de Wendel e Otero.
Mas o criticado técnico Fábio Carille não se deixa levar pela euforia.
Ele sabe muito bem que o elenco precisa ser reformulado.
É fraco para a Primeira Divisão.
Já é o final da primeira quinzena de novembro.
O Campeonato Paulista, o primeiro torneio da temporada 2025, começará na primeira quinzena de janeiro.
Há a obrigação de um mês de férias dos atletas.
Mas o Santos não tem a definição como irá agir.
Se buscará atletas ‘de oportunidade’, baratos, no mercado.
Ou apostará em grandes contratações e montará um time do nível de Palmeiras, Flamengo, Botafogo.
O executivo de futebol, Alexandre Gallo, que buscava reforços para 2025, foi travado.
Teixeira avisou que deveria ‘esperar’.
Todos seguem travado por conta do ‘sim ou não’ de Neymar.
Desperdício de tempo mais que perigoso.
O alerta vem de Carille, logo após a confirmação da volta à Série A.
“O Santos está muito atrasado em relação ao planejamento.
“O Santos não pode perder mais tempo.
“O importante é todos pensarem no Santos e começar a direcionar algumas coisas”, disse o técnico, referindo-se ao impasse que o presidente Marcelo Teixeira insiste em travar o clube.
Por conta de Neymar.
O próprio Marcelo Teixeira confirmou, nesta madrugada, a triste e amadora situação que o Santos vive.
“O que eu disse e reitero: sem especulações onde não existe. Criar expectativa com “se’s”. Nossa forma é clara e objetiva, o pai e seu estafe têm conhecimento. Não estamos conversando de ontem. Eles me conhecem, conhecem o Santos. Não é o momento para isso ainda.
“Temos que aguardar.”
O dirigente foi enfático na frase ‘temos de aguardar’.
Mas até quando?
Ele assume de forma clara que o novo time para 2025 passará pela decisão do jogador que, depois de um ano sem jogar, se contundiu novamente. E só atuará no próximo ano.
Neymar já conversou várias vezes com Marcelo Teixeira.
Visitou a Vila Belmiro.
Deu parabéns a Carille por vitórias.
Não só ele, mas seu pai e empresário.
Se conseguirem a liberação, a rescisão do Al-Hilal, o Santos é uma possibilidade.
Sim, ‘possibilidade’, porque há também a tentação de atuar nos Estados Unidos, no Inter Miami.
E repetir a tríade MSN, que tanto sucesso fez no Barcelona: Messi, Suárez e Neymar.
Teria a chance de faturar mais e fazer publicidade para a Copa de 2026.
E jogar em um futebol menos competitivo.
Com muito mais folgas, para não expor o seu combalido físico, de tantas contusões e, agora, cirurgias.
O clube árabe estuda a fundo se vale a pena dispensá-lo.
Afinal, para ter o brasileiro, se envolveu em uma transação de mais de R$ 2 bilhões.
Há grande desilusão pelo estado atlético de Neymar, não pela contusão.
Mas pela falta de resistência nos seus músculos.
É um trâmite burocrático demorado.
Só que o brasileiro tem em Jorge Jesus um aliado.
O treinador português quer sua permanência.
O contrato vai até o final de junho de 2025 com o Al-Hilal.
Teixeira age como se tivesse a certeza da volta de Neymar.
Mas não tem.
Se o atual elenco for mantido, a chance de novo rebaixamento é enorme.
Carille possui uma cláusula no atual contrato que obriga a sua permanência em 2025.
Mas a resistência ao seu trabalho defensivo no Santos é enorme.
A torcida insiste no ‘DNA’ ofensivo do clube.
O choque de filosofia aconteceu durante todo o Brasileiro na Série B.
E Neymar sempre esteve presente em cada conversa sobre 2025.
Não só ele, como Gabigol e Paulo Henrique Ganso.
O sonho de Teixeira era ter os três.
Gabigol se acertou com o Cruzeiro.
Paulo Henrique Ganso tem contrato até o fim do próximo ano com o Fluminense.
E não se mostra empolgado em deixar as Laranjeiras.
A festa pela volta à Série A não teve grande comemoração, nem no litoral paulista.
Porque os próprios torcedores, que estavam envergonhados com a queda, estão tensos quanto ao futuro.
Experimentaram a dor do rebaixamento em 2023.
E colocar a expectativa de um clube gigantesco como o Santos em um só jogador é mais que complicado.
Não aconteceu nem com Pelé.
Mas Marcelo Teixeira imobiliza toda a realidade santista.
Jogador que ninguém sabe como voltará a jogar, às portas de 33 anos.
Voltando de um ano de contusão.
O Santos paga o preço pela obsessão por Neymar.
Situação mais do que incômoda.
Ainda mais para quem acabou de voltar da Segunda Divisão...
Veja também: Carille fala sobre planejamento para 2025
Após conseguir a classificação para a Série A, o técnico do Santos falou sobre a necessidade de planejar a próxima temporada.
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