Santos não cansa de manchar a imagem de Pelé. 7 a 1 para o Internacional. Direção não sabe se manda Marcelo Fernandes embora
De forma amadora, o Santos atuou contra o Internacional no Beira-Rio. Espaçado, amedrontado. Foi impiedosamente goleado por 7 a 1. A diretoria prometia homenagem a Pelé. Clube não sabe se manda embora Marcelo Fernandes
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
O Santos de 2023 não para de manchar a história de Pelé.
No ano em que o melhor jogador de todos os tempos foi enterrado, a diretoria havia prometido que o time faria todas as homenagens possíveis ao atleta que mudou o status do clube no mundo.
Mas não consegue parar de dar vexames.
No Campeonato Paulista, a equipe não conseguiu nem sequer se classificar entre as oito melhores.
Na Copa do Brasil foi eliminado nas oitavas, pelo Bahia.
Na Sul-Americana, acabou atrás do argentino Newell's Old Boys e do chileno Audax Italiano, ainda na fase de grupos, e foi despachado.
No Brasileiro, o time já faz uma campanha vergonhosa, com 28 jogos.
Oito vitórias, seis empates e 14 derrotas. Marcou 31 gols e sofreu 52.
Mas o vexame de hoje foi mais constrangedor.
A equipe de Marcelo Fernandes se aqueceu com camisetas em homenagem ao 83º aniversário, que Pelé faria amanhã.
Mas quando a partida contra o Internacional começou no Beira-Rio, veio a vergonha inesquecível para quem ama o Santos Futebol Clube.
Com armação ingênua, escancarada, dando espaço demais nas intermediárias, Fernandes ofereceu seu time para a previsível goleada, diante de um adversário muito mais forte, com jogadores de talento bem superior ao time paulista, semifinalista da Libertadores da América.
E os gols foram saindo, em profusão. Um, dois, três, quatro só no primeiro tempo. No segundo, mais agonia. O quinto, o sexto, o sétimo.
Kevinson marcou contra, depois Alan Patrick, Enner Valencia, Vanderson, Bustos, Enner Valencia (de novo), Luiz Adriano marcaram.
Maxi Silvera fez o "gol de honra", se é que há honra em uma derrota por 7 a 1.
Foi a maior goleada da história entre os dois clubes.
E igualou o maior vexame do Santos no Campeonato Nacional, lembrando o mesmo fatídico 7 a 1 para o Corinthians, em 2005.
No final da partida, o capitão Rincón chamou todos os jogadores santistas e eles foram pedir desculpa aos poucos torcedores que foram até Porto Alegre.
Foram recebidos com palavrões e vaias.
O clube ocupa a 18ª colocação no Brasileiro, mergulhado na zona do rebaixamento.
Dodô pediu para falar.
Mas suas palavras foram amenas, como se a derrota tivesse pouco significado.
E tivesse sido apenas mais uma partida, não um marco vergonhoso para a história santista.
"Dia muito ruim, Inter teve seus méritos, mas os erros que cometemos não estamos acostumados.
"Tem que ter tranquilidade, pedir perdão para a torcida, podemos contar com eles, no próximo jogo na Vila temos que conquistar os três pontos.
"Temos que ser fortes e superar esse momento.
Ainda tem chance (de o clube não ser rebaixado), temos condição de ter uma sequência de vitórias.
"Pedi para falar por me sentir responsável pelo resultado. Vim para o Santos sabendo da situação e estou dando a cara para dizer que estamos trabalhando para sair dessa situação."
O time não teve João Paulo, Jean Lucas e Soteldo, mas os três desfalques não são desculpa para o futebol amador que a equipe mostrou contra o Internacional.
De nada adiantaram três zagueiros, cinco jogadores nas intermediárias e dois atacantes, se a equipe estava espaçada e sem movimentação. O Santos parecia um time de pebolim. Com atletas estáticos, sem entenderem que o Internacional de Coudet se infiltrava com a maior facilidade.
Alan Patrick teve toda a liberdade para reger seu time. Ele jogou atrás da linha dos volantes santistas. Distribuiu, articulou as infiltrações da equipe gaúcha.
O time não reagia, não tinha confiança nem força para fazer faltas táticas. Aceitou, passivo, o domínio total do Internacional.
No primeiro tempo, apesar de ser goleado por 4 a 0, Marcelo Fernandes não alterou a estrutura básica do time. As linhas baixas seguiram separadas o tempo todo, enquanto o time sofria gols.
No segundo tempo, o treinador trocou três atletas.
Tirou Lucas Lima, Kevison e Dodi. Apostou em Rodrigo Fernández e Júnior Caiçara e Nonato.
Mas o Internacional seguiu inclemente. Marcou mais três gols, com a facilidade de enfrentar atletas totalmente sem confiança, ainda espaçados.
E veio o placar de 7 a 0.
Em uma bobeada, desatenção da zaga gaúcha, Maxi Silvera marcou.
Vergonha para a história do clube que apresentou Pelé ao mundo.
"Em nome meu, da comissão e dos atletas quero pedir desculpas a todos os torcedores pelo que aconteceu hoje. Foi um jogo totalmente atípico, foi uma oscilação muito grande de todo o grupo, estávamos cientes do que precisava ser feito. A responsabilidade é toda minha, os jogadores estão fechados, foi um jogo e um dia difícil. Volto a pedir desculpas, e agora temos que levantar a cabeça porque não está acabado."
O auxiliar, que foi efetivado pelo presidente Andrés Rueda, tentou manter a dignidade.
"Da mesma forma que não me empolguei com três vitórias, não vou jogar a toalha por absolutamente nada. A derrota valeu três pontos, como qualquer outra. Temos que manter a cabeça boa, foi um jogo atípico, méritos ao Inter, mas temos que esquecer porque quinta-feira já tem o Coritiba."
Assim como Dodô, Fernandes tentou ao máximo amenizar o vexame. Fazer de conta que não aconteceu.
"Tomamos um gol com menos de um minuto, com 20 minutos estava 3 a 0 para o Inter. Realmente, baixamos a guarda, mas tivemos dois jogos fora de casa em que saímos perdendo e conseguimos a virada. É triste ver o que aconteceu hoje, mas os gols atrapalharam bastante. Falei lá dentro: 'Levanta a cabeça, já foi, já era. Não tem nada longe das nossas mãos'."
Sim, Marcelo Fernandes falou que "os gols atrapalharam".
A insegura direção santista não sabe que atitude tomar.
O executivo e ex-treinador Alexandre Gallo quer manter Marcelo Fernandes para os últimos dez jogos.
O presidente Andrés Rueda não sabe.
"Precisa" consultar o Conselho Gestor para analisar se o clube buscará um treinador para dar um choque no elenco.
Conselheiros lembram de Vanderlei Luxemburgo, septuagenário que está desempregado.
Mas Rueda se mostra como os zagueiros santistas.
Não sabe o que fazer.
A situação é vexatória.
Pelé faria 83 anos.
O Santos não poderia fazer uma homenagem mais vergonhosa...
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