Paulinho fez história. Os dois primeiros gols oficiais na história do novo estádio. No convidado ideal
Pedro Souza/AtléticoSão Paulo, Brasil
O Santos cumpriu o roteiro.
Foi o convidado ideal para a inauguração da arena do Atlético Mineiro.
Correspondeu a todas as expectativas dos bilionários donos da arena e da SAF, que controla o clube.
Às de Felipão, dos seus jogadores e, principalmente, às dos 30 mil torcedores que foram ao estádio sabendo que iriam comemorar uma vitória.
Diego Aguirre colocou a equipe santista aberta, dando muito espaço para darem 15 finalizações, sete foram para o gol de João Paulo. Enquanto seu time, afobado, com jogadores sem confiança, chutaram, desesperados, 13 vezes. Nenhuma na direção de Everson, nenhuma sequer, zero. Isso é convidado que não incomoda, só dá prazer pela visita.
Paulinho e Hulk se aproveitaram e fizeram história.
O carioca marcou os dois primeiros gols da arena.
Na caminhada inicial atleticana no estádio de R$ 1,2 bilhão. Só menos cara que a absurda arena Mané Garrincha, para o paupérrimo futebol de Brasília. Pelo menos não foi usado dinheiro público no estádio de Belo Horizonte, ao contrário do estádio na capital do país.
Com a vitória, o instável Atlético de Felipão respira. Chega a 30 pontos, ocupa, por enquanto, a oitava colocação no Brasileiro. O sonho é conseguir vaga para a próxima Libertadores.
Já o Santos fica estagnado na zona de rebaixamento, vivendo sua crise econômica, tática, física e psicológica. Um time fraco e muito mal organizado por Diego Aguirre. Com apetite real pelo inédito rebaixamento.
O melhor jogador da partida foi Pedrinho.
Maior acerto de Felipão foi tirá-lo do lado de campo. E colocá-lo como meia de armação, com liberdade total de movimentação. Ele se aproveitou dos espaços na intermediária, como se fosse uma criança em um parque de diversões vazio, sem filas, tão frouxa foi a marcação santista.
"Fico muito feliz, sabia que era um jogo histórico. Me concentrei bastante para entrar hoje. Fico feliz por ter entrado e ajudado a equipe. Feliz pelos três pontos", disse, empolgado, o agora meia atleticano.
Battaglia se tornou um dos grandes líderes de Felipão. Teve ótima atuação na vitória de hoje
Pedro Souza / Atlético"Acabamos tomando um gol de bola parada. No segundo tempo, eles se fecharam melhor, tivemos menos oportunidades. Agora é manter a cabeça erguida, tem muita coisa pela frente. A gente tem demonstrado evolução, jogadas tocando a bola. A tabela preocupa, não é segredo para ninguém, mas estamos trabalhando forte, confiamos no Aguirre. Os jogadores novos estão mostrando trabalho, temos evoluído", disse, Dodô, distorcendo a realidade. Seu time não mostrou hoje melhora nenhuma.
Ao final da partida, a torcida atleticana homenageou o convidado.
"Arerê, o Santos vai jogar a Série B..."
A grande, e inaceitável falha, estava no gramado.
O Atlético Mineiro e a arena pertencem a donos de construtora.
Foram dois anos e quatro meses, da construção até o jogo de hoje.
Vergonhosa a situação do gramado.
Placas de grama se soltavam de acordo com o jogo.
Lógico que, na área santista, era onde o estrago foi maior.
E acabou "consertado" de maneira absurda.
Com funcionários do estádio pisando forte, com suas botinas.
Algo surreal em um estádio de R$ 1,2 bilhão.
Inacreditável. Funcionários tentavam segurar as placas de grama pisando forte com suas botinas
Reprodução/TwitterO duelo entre Felipão e Aguirre foi desigual.
Não só pelo elenco. Mas pela aproximação entre os setores, pela montagem do time.
Sim, pressionado pelo fantasma mais real de rebaixamento dos últimos anos sofridos, a direção santista foi atrás do oitavo técnico da administração Rueda, o terceiro só em 2023. E trouxe o uruguaio, demitido do Olimpia às vésperas da decisão das oitavas da Libertadores contra o Flamengo. Algum motivo tinha.
E Aguirre encontrou um elenco ainda em formação, com os dirigentes, mesmo com uma dívida de R$ 470 milhões, investindo em jogadores médios, para tentar a salvação neste segundo turno do Brasileiro.
O Atlético também não está acertado.
Mas Felipão tem buscado soluções, com muito mais qualidade no elenco.
Otávio, Battaglia e Pedrinho, com o auxílio constante de Hulk na armação, para Paulinho e Pavón apavorarem a lenta zaga santista. Mas as descidas de Arana foram muito importantes para impor o ritmo veloz que o jogo exigia.
O Santos, por seu lado, agonizava pela ausência de Soteldo, que se contundiu logo no último treino para o confronto. Sem o venezuelano, sem improviso nem talento na articulação dos sonhados contragolpes.
Rodrigo Fernández, Jean Lucas e Rincón atuaram distantes. Lucas Lima estava perdido, sem marcar ou articular, sem conseguir acompanhar o ritmo do jogo.
Mendoza conseguia complicar os lances mais simples, como era de costume: corria, chegava antes dos marcadores à bola e a entregava de volta.
Triste era ver o isolamento de Marcos Leonardo, pensando nos motivos por que não foi jogar na Europa. Sem a bola chegar, ele tinha de voltar até a intermediária e tentar resolver sozinho. Por mais que seja promissor, tenha talento, conseguiu apenas duas chances isoladas, que não conseguiu chutar no gol de Everson.
Paulinho posando, ao lado de Pavón, no primeiro gol da festa previsível contra o Santos
Reprodução/TwitterEm compensação, o Atlético Mineiro chegou à vitória da maneira mais previsível.
Com Paulinho e Hulk.
O entendimento entre os dois cresce a cada partida.
Aos 12 minutos do primeiro tempo, Pedrinho deu excelente passe para Hulk. Ele esbanjou: deu de letra para Paulinho estufar as redes de João Paulo: 1 a 0.
O jogo seguiu brigado, mas com o Atlético mais consciente.
Até que, aos 22 minutos, de bola parada, com tempo para arrumar a defesa, o Santos conseguiu tomar o segundo gol.
Hulk cobrou falta e Paulinho cabeceou como quis.
2 a 0, Atlético Mineiro.
Os jogadores, Felipão, Aguirre e até a torcida sabiam.
A partida estava definida.
O Atlético aproveitou toda a festa da inaguração da sua nova casa, livrando-se do Mineirão, como a direção tanto sonhava.
E o Santos segue sua saga.
Foi a décima derrota em 21 jogos.
Triste campanha de quem quer ser rebaixado...
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