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Cosme Rímoli - Blogs

Sánchez. O deprimente amadorismo de um bicampeão mundial. O Santos

O Santos não tomou todas as precauções burocráticas diante da corrupta Conmebol. E queria ser avisado do jogador irregular pelo rival na Libertadores

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Sanchéz sabia ter sido expulso. É o pivô desta patética confusão
Sanchéz sabia ter sido expulso. É o pivô desta patética confusão

São Paulo, Brasil

Um milhão de dólares, R$ 4 milhões ao Monterrey.

Salários de 110 mil dólares, R$ 449 mil.

Por 36 meses, R$ 16,1 milhões.


Investimento total de R$ 20,1 milhões.

Veja mais: Santos perde na justiça e vaga da Libertadores fica mais difícil


Em um jogador de 33 anos, que estava encostado, não seria mais utilizado por seu time mexicano. 

Mas Carlos Andrés Sánchez Arcoza era um dos volantes uruguaios na Copa da Rússia.


Traria além de vibração, força, liderança, status ao atual elenco do bicampeão mundial, tão limitado por conta de o Santos estar atolado em dívidas. São cerca de R$ 400 milhões.

Em uma situação precária, difícil dessas, qual a primeira atitude profissional que o Santos deveria ter feito?

Afinal, estava comprometendo R$ 20,1 milhões até 2021.

Veja mais: Santos contrata advogado ex-Fluminense para 'caso Sánchez'

Levantar a situação legal do jogador.

Em todos os detalhes.

Ainda mais envolvendo a Libertadores, competição mais importante de 2018.

E a corrupta Conmebol.

Básico, do básico, do básico.

Os burocratas santistas fizeram por conta própria.

Veja mais: Sistema usado pelo Santos mostra Sánchez liberado para atuar

E não havia qualquer impedimento.

Só que eles se esqueceram que estão lidando com a corrupta Conmebol.

Nicólas Leóz, Eugenio Figueredo e Juan Ángel Napout foram três presidentes da entidade que foram presos em 2015. Motivo, corrupção, recebimento de propina para eleições e organização de campeonatos.

Ou seja, todo cuidado era pouco.

Peres e o jogador uruguaio suspenso. Erro burocrático absurdo santista
Peres e o jogador uruguaio suspenso. Erro burocrático absurdo santista

Clubes brasileiros há muito tempo, quando contratam jogadores de outros países sul-americanos, enviam consultas especiais à Conmebol. E só com a liberação por escrito da entidade o colocam em campo.

Sanchez tinha um grave problema.

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Em novembro de 2015, ainda jogando pelo River Plate contra o Huracán, o volante agrediu um gândula. Foi expulso pelo árbitro brasileiro Sandro Meira Ricci. Pegou três jogos de suspensão. E multa de 3 mil dólares. Nem ele e nem o River Plate se preocuparam, porque ojogador começou 2016 no Monterrey. 

Lógico que Sanchéz deveria ter pago a suspensão no próximo torneio organizado pela Conmebol. 

Em 2016, a corrupta entidade comemorou 100 anos. E resolveu dar um presente à sua maneira ao futebol. Premiar a violência, os indisciplinados. Assumindo sua tendência a conviver com infratores, decidiu anistiar a cortar pela metade a punição dos infratores. Como Sanchéz tinha a cumprir três jogos, o prêmio foi 'arredondado' para cima, ficou devendo apenas um único jogo.

Tivessem a mínima competência, os burocratas santistas teriam feito uma consulta especial sobre o volante uruguaio à Conmebol. Não fizeram. E como sua suspensão não constava dos novos registros, criados a partir de 2016, nada viram e o liberaram para jogar.

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O jogador também se calou. Era óbvio que ele sabia ter sido expulso. E que não havia cumprido qualquer punição pela covarde agressão ao gândula. Mas a imprensa argentina não tinha se esquecido. Assim como dirigentes atentos do Independiente, com quem o presidente José Carlos Peres jantou na véspera do primeiro jogo, há oito dias.

Enquanto degustava a saborosa carne argentina, regada a vinho, Peres nem imagina que a cúpula do Independiente sabia que enfrentaria o time brasileiro com um jogador irregular.

E lá estava Sanchéz no heróico empate por 0 a 0, em Avellaneda.

O regulamento da Conmebol é mais do que claro.

Veja mais: Com um a menos, Santos consegue empate pela Copa Libertadores

Time que atua com jogador irregular deve ser considerado derrotado por 3 a 0. Sem piedade.

Ao saber da situação, Peres mostrou uma espantosa ingenuidade. Ele disse que deveria ser avisado pelos dirigentes argentinos que não deveria utilizar o uruguaio. Ele queria essa ajuda do clube com quem disputa uma vaga nas quartas da Libertadores. Algo inacreditável.

O desespero santista foi amainado pelo fato de a entidade haver perdoado o River Plate, que utilizou por sete vezes o jogador nesta Libertadores. Apesar dele ter de cumprir duas partidas, por suspensão em 2013, quando atuava no Racing. Eram quatro, mais a tal anistia de 2016 cortou sua pena pela metade. A Conmebol diz que não haverá punição ao time argentino porque ninguém o denunciou. E porque o River Plate consultou a entidade e ela garantiu que ele estava livre.

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O Santos se apega à esta liberação sonhando com o perdão para se livrar da punição por ter colocado Sanchéz em campo. O precedente foi o principal argumento de Mario Bittencourt, nas quatro horas e meia que passou na entidade ontem. Ao lado do desesperado Peres.

O Santos contratou advogado que salvou o Fluminense do rebaixamento em 2013
O Santos contratou advogado que salvou o Fluminense do rebaixamento em 2013

Bittencourt, que salvou o Fluminense do rebaixamento, em 2013, condenando a Portuguesa por escalar Heverton, seguia otimista. Avisou à Conmebol que se o Santos for punido irá até a Fifa e poderá paralisar a Libertadores.

Veja mais: Conmebol aceita recurso do Santos, e Sanchéz joga em Libertadores

Contra a sua ameaça há a pressão do Independiente, clube muito mais forte politicamente que o Santos. E que tem ainda o apoio familiar. Claudio Tapia, presidente da AFA (Associação de Futebol Argentino), é também vice-presidente da Conmebol.

E genro de Hugo Moyano, presidente do Independiente.

Se a decisão for favorável aos brasileiros, os argentinos também prometem ir à Fifa.

Diante de tanta pressão, o paraguaio presidente Alejandro Domínguez não sabia para que lado pender. E a decisão foi adiada de ontem para hoje, horas antes da partida decisiva no Pacaembu.

O que é algo inconcebível, inacreditável.

E que já mexeu com Cuca e com toda a equipe. O técnico e os jogadores não sabiam se precisarão vencer a partida por 1 a 0. Ou por 4 a 0. Sanchéz está concentrado. E não sabe se entrará em campo ou não. 

Bizarro.

A renda do jogo de hoje está embargada pela justiça. Dívida com o empresário Bertolucci
A renda do jogo de hoje está embargada pela justiça. Dívida com o empresário Bertolucci

Para tornar tudo mais deprimente, chegou a notícia de última hora. 

A arrecadação líquida do jogo de hoje estará embargada pela justiça. Por conta de um processo do empresário Giuliano Bertolucci, que emprestou R$ 6, 1 milhões para o ex-presidente Modesto Roma. Com os juros, a dívida passa dos R$ 9,5 milhões.

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Além disso, a Khodor Soccer exigiu na justiça o bloqueio das contas santistas. Por não pagar as premiações a Lucas Lima entre 2015 a 2017.

Com todas essas confusões, segue a pressão pelo impeachment de Peres

A decisão do Conselho Deliberativo será no começo de setembro.

A situação está mais do que complicada para o dirigente.

Ele tem cada vez menos apoio.

Uma eliminação do Santos hoje poderá ser a pá de cal...

(A Conmebol sacramentou a punição.

Considerou irregular a escalação do uruguaio.

E o resultado do primeiro jogo passou 3 a 0 para o Independiente.

Nove horas antes do confronto do Pacaembu.

Um caos para os planos de Cuca e seus jogadores.

A diretoria santista promete recorrer até a Suíça.

Buscar reverter a decisão na Fifa.

Algo praticamente impossível.

Se o Santos não vencer hoje por quatro gols de diferença, a Libertadores seguirá normalmente. 

É a punição pelo amadorismo santista...)

Caso Sánchez: relembre episódios de punição por escalação irregular

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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