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Cosme Rímoli - Blogs

Ronaldo queria controlar o futebol do Corinthians. Andrés disse não

Promessa eleitoral  de Andrés não foi cumprida. O ex-jogador desejava ser absoluto no futebol. Diante da negativa, a compra do Valladolid

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Ronaldo e Andrés. O presidente nunca daria o controle do futebol ao ex-jogador
Ronaldo e Andrés. O presidente nunca daria o controle do futebol ao ex-jogador

São Paulo, Brasil

"Se eu for candidato e conseguir ganhar as eleições, Ronaldo Fenômeno vai estar no Corinthians. O cargo vamos ver depois, mas será um cargo alto pela capacidade dele.

"O Ronaldo nunca esteve longe do Corinthians. Ele é uma pessoa que sempre contribuiu e esteve por perto do Corinthians, agindo positivamente. Ele é muito competente em tudo que faz."

Essa foi uma das promessas não cumpridas por Andrés Sanchez, enquanto era apenas candidato à volta para a presidência do clube que domina, com o apoio das organizadas, desde 2005.


Mas desta vez, não dependeu dele.

Só agora, com a confirmação que Ronaldo comprará, no mínimo 51% das ações do Valladolid, da Espanha, a verdade de não trabalhar no Corinthians vem à tona.


A relação dos dois é como uma montanha russa. Tem altos e baixos. O ponto mais elevado foi quando Andrés salvou o final da carreira de Ronaldo, o contratando para o Corinthians, depois de o Flamengo o desprezar. Ficaram muito unidos. Mas depois que o atacante parou de jogar, se separaram.

Andrés virou diretor de seleções, nomeado por Ricardo Teixeira, que o queria como sucessor. Ronaldo acompanhava tudo de longe. O dirigente deu a ideia para Teixeira colocar o midiático ex-atleta como membro do Comitê Organizador Local da Copa de 2014. Com a queda de Teixeira, acusado de corrupção, Andrés acabou sendo descartado da CBF por José Maria Marin e Marco Polo del Nero. Ronaldo não pediu demissão em solidariedade ao amigo. E a amizade esfriou.


No carnaval de 2014 quase houve uma briga física entre os dois. Andrés ficou revoltado com a postura de Ronaldo que, abertamente, cobiçava a CBF. Mas foi logo descartado por Del Nero. Apesar do vexame no Mundial, Marco Polo seguiu controlando os presidentes de Federações e a bancada da Bola travou, em Brasília, o ânimo por uma intervenção na CBF.

Ronaldo também foi colocado de lado por Del Nero. Se associou a Aécio Neves, na luta pela presidência da República. Tinha enorme chance de ser ministro do Esporte, caso Aécio vencesse Dilma Roussef, o que não aconteceu.

Amigos em comum acabaram reaproximando o dirigente corintiano e Ronaldo. A paz foi selada. A ponto de, como candidato a presidente do clube, o midiático ex-jogador virar promessa de campanha.

Mano, Lula, Andrés e Ronaldo. O dirigente aproximou o jogador do ex-presidente
Mano, Lula, Andrés e Ronaldo. O dirigente aproximou o jogador do ex-presidente

Só que conselheiros ligados a Andrés garantem que o Fenômeno queria o controle total do futebol. Algo que já tentou amarrar, com a parceria entre a Octagon, agência de marketing esportivo, e o clube em setembro do ano passado. 

"Houve um contato da agência com o clube – natural pelo nosso envolvimento com o esporte – para trabalharmos de forma exclusiva e com um time dedicado junto ao Corinthians. Porém, as tratativas não evoluíram, e, hoje, atuaremos de forma pontual, assim como outras agência já fazem", divulgou, em nota, a agência, em julho de 2017. 

Ronaldo é um dos sócios da agência no Brasil.

O plano do ex-jogador era ter o absoluto poder sobre o futebol do clube. Não só buscar patrocínios para a camisa, os naming rights para o estádio, como queria Andrés. Ronaldo queria poder comprar e vender jogadores. Além do acesso às categorias de base.

Andrés foi absolutamente contra.

O queria como diretor, gerente, vice de futebol ou de marketing.

Mas sem tanto poder quanto desejava o ex-atacante.

Sem perder a amizade, ficou definido que não haveria trabalho conjunto no Corinthians.

Ronaldo deveria ser o ministro dos Esportes, caso Aécio fosse presidente
Ronaldo deveria ser o ministro dos Esportes, caso Aécio fosse presidente

A promessa de Andrés não foi cumprida.

Ronaldo terá o poder que desejava em um clube pequeno da Espanha.

Mas cercado por dívidas com o Itaquerão, que sabotaram o time na Libertadores, e o trava no Brasileiro, Andrés Sanches não desiste.

Acredita que ter o amigo no Valladolid pode ser muito bom para o Corinthians. A porta de entrada de várias promessas corintianas para a Europa. Vislumbra a possibilidade de negócios conjuntos.

Isso é muito possível.

E até provável.

Andrés acredita que o Valladolid pode ser a porta de entrada na Europa
Andrés acredita que o Valladolid pode ser a porta de entrada na Europa

O que Andrés jamais aceitaria é o futebol do Corinthians ter um dono. Alguém vendendo, comprando jogadores. Contratando e demitindo treinadores.

Esse privilégio é seu.

E ele não abre mão para ninguém.

Nem para seu amigo, parceiro, irmão, Ronaldo...

(Andrés Sanchez, por via de sua assessoria, entrou em contato com o blog. 

(Confirmou que não ofereceu qualquer cargo a Ronaldo, como havia prometido na campanha, com suas palavras, no início do texto.

("Se eu for candidato e conseguir ganhar as eleições, Ronaldo fenômeno vai estar no Corinthians. O cargo vamos ver depois, mas será um cargo alto pela capacidade dele", palavras ditas à ESPN/Brasil.

(E também no texto está claro que desejava, mas não chegou a oferecer o cargo. Porque sabia de ambição de comandar o clube de Ronaldo. Como acabou fazendo, comprando o Valladollid.

(Como está no texto, de forma clara, não o convite. "O queria como diretor, gerente, vice de futebol ou de marketing.

(Mas sem tanto poder quanto desejava o ex-atacante.

(Sem perder a amizade, ficou definido que não haveria trabalho conjunto no Corinthians."

(Mas esta é a versão de Andrés.

(Ambígua, de propósito.

("Nunca foi oferecido um cargo ao Ronaldo no Corinthians. Ele é uma pessoa que não tem tempo, roda o mundo fora do Brasil, tem compromissos diretivos com seu novo clube.

("Mas, se for necessária uma opinião, conversamos e trocamos ideia. Ele está presente neste sentido, pois é uma figura importante para a história do clube e mundialmente respeitado.")

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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