Romário genial. Ao voltar a jogar, aos 58 anos, ressuscita o América. Traz a atenção mundial ao clube que estava abandonado. ‘Estou cansado para c...’
Tetracampeão mundial, senador da República, realiza dois velhos sonhos. Presidir o América, clube que seu falecido pai amava. E jogar com o filho Romarinho. Esperto, ao anunciar sua volta aos gramados, já negocia com patrocinadores. Busca dinheiro para o América, que tanto precisa, na Segunda Divisão carioca.
Realizar sonhos custa caro.
E exige soluções criativas.
Principalmente se for ressuscitar um clube que já foi um dos maiores do Rio de Janeiro.
Está na Segunda Divisão carioca.
Acumula dívidas perto de R$ 15 milhões.
E tem 86 processos trabalhistas.
Romário é muito inteligente e visionário.
Nasceu na favela do Jacarezinho e tudo o que conseguiu: dinheiro, fama, popularidade, se deve ao seu talento diferenciado para jogar futebol.
Eleito melhor jogador do mundo em 1994, ele decidiu, após a carreira, investir na política.
E tem uma carreira impressionante.
Foi deputado federal e ganhou a eleição mais disputada no país para o senado, sendo reeleito, em 2022.
Só que ele alimentava o sonho do pai Edevair, sempre muito presente na sua carreira.
De fazer o América voltar à elite do futebol.
Tratou de fazer algo que aprendeu como jogador midiático que sempre foi.
Usar a imprensa a seu favor.
Foi eleito com toda a facilidade presidente do América, em novembro de 2023.
Ganhou o comando total do clube no triênio 2024, 2025 e 2026.
Ao assumir, entendeu a péssima situação financeira.
E sem a ajuda de patrocinadores.
Decidiu que teria de agir.
Como nunca deixou de praticar futevôlei nas praias e continua em boa forma física, escolheu realizar dois sonhos familiares.
Jogar profissionalmente pelo América, como desejava seu Edevair.
E atuar ao lado do filho Romarinho.
Mas ir muito além: sem os jornalistas esportivos perceberem, fazer propaganda do seu clube, que tanto precisa de ajuda financeira.
Atrair marcas importantes que tornem a ressurreição possível.
Lá foi ele, ontem, fazer seu primeiro treino com os profissionais que contratou para o América.
O Clube da Aeronáutica, na Barra da Tijuca, estava tomado por repórteres, muitos de agências internacionais.
Ou seja, virou notícia no mundo todo.
Era a confirmação que o ousado plano havia dado certo.
O técnico Marcus Alexandre, que Romário contratou, nunca iria se opor ao cinquentão, lógico.
E Romário correu, fez alongamentos leves, e mostrou a velha habilidade em um coletivo.
Com toques inteligentes, abriu espaço na defesa adversária.
Lógico, não sofreu nenhuma falta violenta, pelo contrário, até.
Teve o espaço que o presidente, o mandatário do clube gostaria de ter.
Marcou dois gols e acertou a trave.
Sua atuação impressionou jornalistas.
Atuou até cansar.
Depois, deu entrevista, bem ao seu estilo como jogador: polêmico, desafiador. Um homem que sabe como fazer manchetes.
‘Primeiro, que eu jogo na hora que eu quiser, e saio na hora que eu quiser.
“Se o treinador não gostar, eu demito!
“Se os jogadores não me passarem a bola, eu multo!
“Então está tudo resolvido”, brincava.
Romário já está inscrito na Segunda Divisão do Campeonato Estadual do Rio.
Deve fazer entre uma e três partidas.
Atuando apenas alguns minutos.
Sua estreia deve acontecer no dia 18 de maio, contra o Petrópolis, no acanhado estádio Giulite Coutinho, na cidade de Mesquita.
Com capacidade para 13 mil pessoas.
Há a certeza que a mídia estará cobrindo o evento.
Romário sempre foi muito inteligente.
Soube usar os microfones como poucos.
E por isso virou senador da República, com o desejo real de governar o Rio de Janeiro.
Se puder, o Brasil.
Mas, por enquanto, seu plano é ressuscitar o América.
E, de forma genial, fez o clube da Segunda Divisão, voltar ao noticiário.
Suas derradeiras declarações, na coletiva que deu após o treino, foram hilárias.
Dignas de manchetes.
“Estou cansado para c..., daqui a pouco a maca vem me buscar. Para quem estava 16 anos sem treinar, até que deu para brincar um pouquinho.”
E foi firme em relação a um possível pênalti, enquanto estiver em campo.
Não há dúvidas sobre o cobrador.
“(Se tiver um pênalti) O presidente vai pedir ao treinador para bater. Se o treinador decidir que ele não vai bater, o treinador vai sair e o presidente vai bater de qualquer jeito. Cara, isso é uma responsabilidade para o presidente.”
Romário sendo Romário...
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