Rogério Ceni sabotou o São Paulo. Evitou o fim do tabu. Ofereceu o empate ao líder Corinthians. 1 a 1
Depois de o São Paulo dominar todo o primeiro tempo, Rogério Ceni mudou radicalmente seu esquema tático. E ofereceu o domínio da partida ao rival Corinthians. Resultado: 1 a 1
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Rogério Ceni foi o culpado para que o São Paulo não quebrasse o tabu.
E vencesse pela primeira vez o Corinthians na sua arena em Itaquera. Já são 16 partidas sem vitórias ao longo dos anos, na zona leste.
Depois de o São Paulo dominar todo o primeiro tempo, ter feito 1 a 0, gol de Calleri, o treinador mudou taticamente sua equipe, sem explicação, no intervalo. E entregou taticamente a partida para o Corinthians empatar, em uma cabeçada inesperada, e linda, do franzino e baixo Adson.
1 a 1.
O resultado manteve o Corinthians na liderança do Brasileiro. Enquanto o São Paulo empaca na terceira colocação.
Ceni errou feio demais.
Segue o tabu com 16 jogos sem vitórias tricolores, desde a inauguração da arena corintiana.
Cássio fez grandes defesas, principalmente, no massacrante primeiro tempo são-paulino.
"Fizemos um primeiro tempo incrível, tivemos muitas chances de fazer gol. O treinador deles mudou o jeito de jogar, eles pressionaram mais em cima e tiveram melhores chances no segundo tempo. Mas no primeiro era para matar, e não matamos. O empate não é justo. Vínhamos para ganhar. O São Paulo mostrou no primeiro tempo que podemos brigar por grandes coisas, foi bárbaro", dizia, irritado, Calleri, sabendo que seu time poderia ter vencido. E, experiente que é, tinha plena consciência que não foi apenas o treinador do Corinthians quem mudou o esquema no intervalo. Mas também o incoerente Rogério Ceni.
"O jogo foi muito disputado, o São Paulo é muito qualificado. Foi melhor no primeiro tempo. No segundo tempo melhoramos no jogo, criamos, o Adson foi muito feliz. Valeu pela dedicação, a torcida aplaudiu pela entrega. Não conseguimos a vitória, mas em um clássico, se você não pode ganhar, não perde. O resultado foi justo", dizia, já com tipoia para poupar seu ombro esquerdo, Cássio.
Itaquera sempre foi um enorme obstáculo para Rogério Ceni. Seja como o maior goleiro da história do São Paulo ou como treinador do clube.
Jamais havia conseguido vencer o grande rival.
E ele armou seu time com estratégia cuidadosamente estudada, com três zagueiros, marcação individualizada no meio-campo, muita intensidade, proximidade dos seus meio-campistas, de Calleri e de Luciano. Com Rodrigo Nestor dando toda a cobertura para Reinaldo atuar como ponta-esquerda, enfrentando, sem medo, Mantuan. Ceni queria explorar a ausência de Fagner, contundido.
Além disso, Alisson também tinha uma função importantíssima, a de explorar arrancadas, organizar tabelas nos contragolpes.
Além de tudo isso, o São Paulo entrou em campo para guerrear, dividindo, vibrando, correndo, provocando. O lado psicológico estava muito forte.
Houve várias discussões, empurrões, trocas de palavrões entre os jogadores, deixando o clima do clássico muito tenso.
Já Vítor Pereira queria ganhar seu primeiro clássico no Corinthians. Desde que chegou ao Corinthians, perdeu duas vezes para o São Paulo. E uma vez para o Palmeiras. O treinador português também optou por três zagueiros. Mas com seus jogadores mais espaçados. E com apenas Jô na frente.
Mas o ponto franco era Mantuan, Raul Gustavo não conseguia cobrir o ala, e Reinaldo criou muitos problemas para o Corinthians. Principalmente buscando Alisson e Calleri, que chegavam de frente para o gol.
O São Paulo foi muito melhor que o Corinthians no primeiro tempo. Vítor Pereira deve a Cássio não levar seu time para o vestiário perdendo por pelo menos três gols de desvantagem. Fez excelentes defesas. Até que, aos 50 minutos, Diego Costa descobriu Alisson, que cruzou forte. Calleri dominou a bola na coxa direita, e nas partes baixas, e estufou as redes do Corinthians.
1 a 0, São Paulo.
Em seguida, Cássio fez três defesas seguidas, em dois chutes de Calleri e um de Rodrigo Nestor.
O time de Rogério Ceni foi para o intervalo mais do que confiante.
A torcida corintiana estava muito apreensiva.
Vítor Pereira mudou seu esquema. Tratou de tirar Gil e colocar Adson. O Corinthians passava a atuar no 4-4-2. Com muito mais movimentação e iniciativa. Rogério Ceni mexeu no que estava dando certo. Tirou Reinaldo, seu principal jogador, colocou Patrick. Trocou Luciano por Eder. E Igor Vinícius por Raphinha. Léo Pelé passou de zagueiro a lateral-esquerdo. O esquema espelhava o Corinthians. 4-4-2.
Não havia por quê.
Para piorar, Ceni também tirou Rodrigo Nestor, que era um dos melhores em campo, e colocou Gabriel Neves. Ficou muito mais fácil para o Corinthians.
E o castigo veio.
Junior Moraes serviu para Lucas Piton cruzar com grande eficiência para o meio da área. Surgindo de surpresa, como se fosse um míssel humano, o franzino e pequenino Adson cabeceou sem chance para Jandrei.
1 a 1, aos 34 minutos.
O Corinthians seguiu pressionando, queria a virada.
O São Paulo se segurando.
E, mesmo no ritmo frenético do clássico, foi possível perceber que há mesmo algum problema entre Roger Guedes e Vítor Pereira. O português não colocou nem sequer um minuto em campo o atacante, que foi contratado a peso de ouro. Tudo indica não ser apenas boato a indignação do treinador diante das reclamações de Guedes, pela reserva.
O Corinthians correu muito para tentar ganhar o jogo.
Só que, aos 48 minutos, quase a injustiça se materializa.
Léo Pelé foi para a linha de fundo e cruzou para Igor Gomes, livre, cabecear.
A bola foi no chão, difícil para Cássio, de 1m96. Ele teve de usar seu reflexo e evitar o segundo gol são-paulino. Ele bateu o ombro esquerdo no chão e precisou ser substituído.
Ao final de um intenso clássico, o empate.
Que foi oferecido por Rogério Ceni.
Inacreditável ele mudar seu esquema que estava dando certo demais...
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