Edenilson e Rafael Ramos. Discussão virou indiciamento na Polícia Civil por 'injúria racial'
Reprodução/TwitterSão Paulo, Brasil
Revolta na direção do Corinthians.
O presidente Duilio Monteiro Alves está raivoso pelo inesperado indiciamento de Rafael Ramos por 'injúria racial' no Rio Grande do Sul.
Mesmo sem um laudo conclusivo, com provas definitivas de que o lateral chamou o meio-campista Edenilson de macaco, como alega o jogador do Internacional, o delegado Roberto Sahagoff, responsável pela 2ª Delegacia da Polícia Civil de Porto Alegre, não teve dúvidas.
Indiciou o corintiano por indícios seguros que houve a atitude racista, no dia 14 de maio. Naquela noite, logo após o confronto entre Internacional e Corinthians, Edenilson prestou queixa contra Rafael Ramos, que foi preso em flagrante por 'injúria racial'. Só foi solto porque o Corinthians depositou os R$ 10 mil cobrados de fiança.
Foi a primeira vez na história que um jogador do Corinthians foi preso logo após uma partida.
O inquérito foi enviado ao Ministério Público, que irá optar se prossegue ou não com a acusação, tornando o jogador do Corinthians réu, correndo o risco de prisão de um a três anos.
"Foi levada em conta a palavra do Edenilson. Segundo a própria jurisprudência, a palavra da vítima se torna muito importante nesses casos. Também havia quatro laudos periciais nesse inquérito, dois apresentados pela defesa do Rafael Ramos, o inconclusivo do IGP e um apresentado pelo advogado do Edenilson.
"Os dois de Rafael Ramos estavam contraditórios entre si, com versões diferentes do que havia sido dito pelo Rafael Ramos e do que o jogador alegou em seu depoimento",afirmou o delegado ao jornal Zero Hora.
A postura de Roberto Sahagoff foi considerada sem fundamento para a cúpula corintiana. Porque não levou em consideração a palavra de Rafael Ramos, que garantiu não ter chamado Edenilson de 'macaco'. E que teria falado 'fo...-se mano, cara..."
O Corinthians não só vai recorrer para tentar anular o indiciamente. Mas também promete fazer uma representação, uma queixa contra o delegado. Por 'abuso de autoridade'.
Ou seja, com quatro laudos inconclusivos, ou seja, que não provam a ofensa do lateral, não havia como ser feito o indiciamento.
Edenilson acrescentou o substantivo macaco no seu nome. Protesto contra os laudos 'inconclusivos'
Reprodução/InstagramO principal laudo, o do Instituto Geral de Perícias do Rio Grande do Sul foi firme. Pela análise das imagens não é possível concluir que o jogador do time paulista usou a palavra 'macaco'.
Mas o prejuízo do indiciamento pode ser grande.
Afetar psicologicamente o lateral português, que veio jogar no Brasil a convite do seu compatriota, o técnico Vítor Pereira.
O clima no clube também tem tudo para ficar mais tenso enquanto o Ministério Público não se posicionar. Se vai indiciar Rafael Ramos, se não vai. Ou pedir para a Polícia Civil seguir nas investigações.
Na semana passada, Edenilson protestou diante da revelação que os laudos haviam sido inconclusivos. Irritado, ele acrescentou o substantivo macaco ao seu nome nas redes sociais.
No Instagram do jogador hoje já não consta a palavra macaco.
Rafael Ramos segue a determinação da diretoria e do próprio técnico Vítor Pereira. E não está dando entrevistas.
Mas o indiciamento do jogador pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul trouxe de volta o assunto.
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva está analisando ainda o caso. Tomou depoimento dos dois jogadores. E estuda o que fazer. Se condenado, o português pode ser suspenso entre cinco a dez partidas.
O Corinthians esperava o arquivamento do processo hoje e não o indiciamento.
A direção está muito revoltada...
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