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Cosme Rímoli - Blogs

Renato Gaúcho? Melhor que Guardiola. ‘Os jogadores me chamam de gênio.’ Ele eliminou o time de R$ 3 bilhões. E colocou o Fluminense entre os quatro melhores do mundo

Técnico não caiu na armadilha que derrubou o City. Não escancarou o time para tentar vencer o Al-Hilal. ‘Espelhou’ o adversário. Explorou, de forma inteligente, o cansaço árabe.’ E, com entrega incrível, o Fluminense venceu por 2 a 1, a equipe bilionária árabe e está na semifinal do Mundial

Cosme Rímoli|Do R7

Renato Gaúcho conseguiu. Trabalhou melhor que Pep Guardiola. Levou, com prudência, o Fluminense à semifinal do Mundial Lucas Uebel/Grêmio

A vitória dos nacionalismo.

E dos técnicos deste país, irritados com o italiano Carlo Ancelotti comandando a Seleção.

Há um brasileiro comandando um dos quatro melhores times do mundo.


Ele se chama Renato Portaluppi.

Perseguido pela esmagadora maioria de comentaristas e jornalistas deste país.


Rotulado como treinador de ideias simples, previsíveis.

Mais um ‘paizão’ do que um comandante estratégico.


Nem o título da Libertadores de 2017 serviu para mudar esses conceitos.

O ‘fracasso’ com o Flamengo, perdendo o título da mesma Libertadores, no dia 28 de setembro de 2021, para o Palmeiras, seguida pela demissão, foi a ‘prova’ para a mídia brasileira.

Da Gávea, ele sonhava com a Seleção. Mas deixou de ser candidato. Voltou para o seu refúgio, o Grêmio. Fez um trabalho provinciano, vencendo dois Gaúchos. Não classificou o clube para a Libertadores.

Assumiu o Fluminense pela quinta vez, como um namoro mal resolvidíssimo. Aceitou trabalhar para espantar a imagem defensivista e autoritária de Mano Menezes.

Calado, seu objetivo sempre foi outro: o Mundial de Clubes.

Apaixonado por holofotes, teria o maior deles.

E está fazendo o que sonhava, roubando a cena.

Com um elenco humilde, diante dos gigantes rivais, já tornou o torneio histórico para as Laranjeiras. Garantiu R$ 330 milhões, com a classificação às semifinais.

Derrubou a poderosa Inter de Milão, vice da Champions League.

E acaba de eliminar o Al-Hilal, clube que gastou mais de R$ 3 bilhões nos dois últimos anos, para formar um elenco muito poderoso.

Se dando ao luxo de dispensar Neymar.

Contratou Simone Inzaghi, que levou a Inter à final da Champions.

Time que tirou da competição o Manchester City, comandado pelo treinador que é sonho de dez entre dez jornalistas deste país, comandando o Brasil. O catalão Pep Guardiola.

E Renato Gaúcho soube muito bem tirar proveito da queda do esquadrão inglês, comandado pelo espanhol ‘paixão nacional’.

“(Os jogadores) Me chamam de gênio.

“Me dão banho, brincam. Mas isso é um time, uma família. A gente conversa bastante, troca bastante ideia, se sacaneia, a gente brinca. Nós estamos um mês longe, e o nosso ambiente é maravilhoso.”

Renato é muito inteligente.

Sabe bem desviar o foco, atrás do personagem fanfarrão que criou. E não revelar o minucioso plano tático que derrubou o Al-Hilal.

“Sabíamos que o jogo seria muito difícil, bastante pegado e muito quente. Preparei a minha equipe mais ou menos da forma que enfrentamos a Inter e o esquema mais uma vez deu certo.

“Controlamos o jogo praticamente a partida toda, sofremos um gol de empate no início do segundo tempo, mas valeu a atitude, a garra, a entrega dos jogadores para conquistarmos mais essa fase, mais um degrau, e hoje com o trabalho de todo mundo estamos na semifinal.”

Aos 62 anos, ele adora despistar. Falar por cima sobre o plano de jogo.

Mas foi evidente a sua estratégia. Fazer tudo ao contrário do que Pep Guardiola fez.

O Manchester City partiu para cima do Al-Hilal, com suas linhas completamente adiantadas, com a intermediária aberta.

Insaghi agradeceu. O treinador que comandou a Lazio por cinco anos e a Inter, por quatro, é um especialista em contragolpes. E eles aconteceram, em seguida.

Este é o segredo da vitória dos árabes por 4 a 3, na prorrogação.

Prorrogação. 120 minutos de desgaste.

Renato Gaúcho soube aproveitar o cansaço do time árabe.

O elenco pode ser bilionário, mas é humano.

E sentiu todo o desgaste físico e emocional de eliminar o City.

O que Renato Gaúcho fez?

Montou o Fluminense intenso, firme, não encolhido. Protegido, não defensivo.

Seguiu com três zagueiros, com os limitados Ignacio e Freytes à frente do quarentão Thiago Silva.

Na direita, Samuel Xavier e, na esquerda, Fuentes, outros jogadores questionados, fechando as beiradas.

Não foram os valores individuais, mas a postura tática do trio, que funcionou.

À frente deles, os criticados Bernal, Nonato e Martinelli.

O trio travou o toque de bola árabe, forçando a ligação direta ao ataque, facilitando o trabalho dos defensores.

Renato sabia que o segredo da partida estava nas intermediárias.

O onipresente talentosíssimo Arias e o corajoso, e esforçado, Cano se desdobravam, atrapalhando a saída de bola da zaga do Al-Hilal.

Renato fez seu time variar durante o jogo do 3-5-2 para o 5-4-1.

Insaghi não esperava tanto combate, tanta falta de espaço. E os árabes foram se frustrando. Não havia como contragolpear um time que não se expunha.

O time sem estrelas do Fluminense. Conjunto de jogadores que Renato tornou fortíssimo. Travou o bilionário elenco do Al-Hilal Lucas Merçon/Fluminense

O Fluminense ainda subia a marcação em alguns momentos do jogo. Se recusava a se acovardar.

E foi assim que foi perfeito ao aproveitar uma furada do lateral português João Cancelo. Ele errou o chute e a bola foi parar nos pés de Fuentes, que tocou para Martinelli. Ágil, fez um gol de futsal. Mal a bola chegou e ele a ajeitou para chutar, movimento rapidíssimo. Milinkovic-Savic não conseguiu travar, porque não esperava o erro de Cancelo e a habilidade de Martinelli.

Bola no ângulo do acrobático goleiro Bono.

1 a 0, Fluminense, aos 39 minutos de jogo.

O árbitro holandês Danny Makkelie foi salvo pelo VAR. Ele havia marcado pênalti inexistente de Samuel Xavier em Marcos Leonardo.

No segundo tempo, o Al-Hilal voltou mais ofensivo, como era sua obrigação. E aos cinco minutos se aproveitou de uma falha individual de Ignácio, que deveria ter acompanhado Koulibaly, na cobrança de um escanteio. À vontade, o senegalês ajeitou de cabeça para Marcos Leonardo estufar as redes de Fábio, 1 a 1.

Por sinal, o goleiro de 44 anos, segue dando vergonha para Ronaldo Fenômeno, que o desprezou no Cruzeiro.

Renato conseguiu conter o lado psicológico de seu time, com o empate. E, também iluminado, viu o volante Hércules, que colocou no lugar de Martinelli, que já tinha cartão amarelo, decidir a partida, já que Cano perdeu um gol cara-a-cara com Bono.

O volante piauiense roubou a bola de Marcos Leonardo na intermediária. Com personalidade, chutou de fora da área. Acertou em Rúben Neves e sobrou para Samuel Xavier. Ele ajeitou e Hércules bate com sabedoria, sem chance para Bono.

2 a 1, Fluminense, aos 24 minutos do segundo tempo.

O calor inclemente de Orlando desgastava ainda mais os nervosos jogadores do Al-Hilal.

Renato foi cirúrgico.

Sabia que o Fluminense iria sofrer.

Renato Gaúcho. Um treinador brasileiro entre os quatro do mundo. Inegável o seu excelente trabalho com material humano limitado Lucas Merçon/Fluminense

Mas não mandou seu time se encolher, seguiu marcando forte nas intermediárias, forçando os cruzamentos árabes.

O sufoco foi muito menor do que se a equipe carioca voltasse toda para defender.

Com muita luta, dedicação, vibração, o time brasileiro venceu.

Isso na camada superficial do jogo.

Por dentro, foi a estratégia de Renato Gaúcho que prevaleceu.

Se o Fluminense está entre os quatro melhores do mundo é por conta do subestimado treinador.

Que está fazendo os técnicos deste país festejarem.

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