Renato Augusto ameaçado pela reserva. Técnico português exige intensidade e correria constantes do ídolo de 34 anos
Vítor Pereira percebeu que o problema maior do Corinthians estava na falta de força física. Giuliano já virou reserva. Renato Augusto está pressionado. Precisa render mais. Contra o Botafogo, o time foi muito bem sem ele
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Ele me queria limpo [descansado] para o jogo de quarta-feira. Depois o jogo [contra o Botafogo] foi mostrando outras situações. Ele [Vítor Pereira] teve de mudar. Isso mostra a força do elenco. O importante é ter todo mundo bem."
"Nós conversamos, Renato é um líder natural, se houvesse necessidade ia para o jogo, íamos gerir um pouquinho, misturar juventude com experiência (na segunda etapa), estava combinado que, se fosse necessário, ele ia a campo, mas não sentimos a necessidade. Ele tem a oportunidade de chegar na quarta limpo, zerado, e acho que fizemos bem."
Essas foram as respostas protocolares de Renato Augusto e Vítor Pereira após a vitória de ontem do Corinthians sobre o Botafogo.
O "problema" é que o meio de campo do Corinthians com Du Queiroz, Maycon, Gustavo Mantuan e Paulinho deu certo demais.
O time ficou protegido, criativo e muito intenso, vibrante.
Desde a chegada de Vítor Pereira, ficou evidente que ele não tinha a menor intenção de manter o "quinteto mágico", como alguns setores da imprensa estavam chamando Giuliano, Renato Augusto, Paulinho, Willian e Roger Guedes. Jogadores contratados a peso de ouro pela diretoria. Se Duilio Monteiro Alves conseguiu não pagar a clube algum pelos jogadores, eles são os maiores salários do clube. Recebendo entre R$ 800 mil e R$ 1,3 milhão, caso de Willian.
Giuliano já virou reserva absoluto. Agora, a dúvida clara, evidente, é se Renato Augusto, aos 34 anos, tem como seguir como titular. Ou virar um atleta, como é comum na Europa, reservado para grandes competições. Como a Libertadores da América e a Copa do Brasil.
Não é costume no Brasil ídolos aceitarem ficar no banco de reservas, em torneios longos, como o Brasileiro, esperando para atuar nos torneios mais rentáveis.
Vítor Pereira sabe que, contra o Botafogo, o Corinthians fez o seu melhor primeiro tempo desde que ele foi contratado. Nem diante da fraquíssima Ponte Preta, que foi goleada por 5 a 0, o rendimento foi tão bom.
Com a compactação do meio de campo, Du Queiroz teve em Maycon e Gustavo Mantuan companheiros para dominar as intermediárias. E permitir que Paulinho surgisse como o grande articulador e finalizador das jogadas ofensivas. Ficaram mais claras, mais abertas as laterais para Willian e Roger Guedes.
E, quando o Corinthians foi atacado, estava mais bem protegido, com seus meias mais vibrantes, não dando espaço ao time carioca.
Ao que tudo indica, Renato Augusto voltará ao time no lugar de Gustavo Mantuan. Mas não será um retorno tranquilo. Pelo contrário.
O jogador, de grande talento, mas sem o mesmo vigor físico de anos atrás, será questionado. Tanto quanto foi Giuliano, contratado por ser um homem de grande vibração, força e intensidade no meio-campo. Só que não conseguiu mostrar o mesmo futebol e estado atlético dos tempos de Internacional e Grêmio. Acabou no banco de reservas.
Renato Augusto tem história no Corinthians, mais liderança, títulos. Só que sua intensidade na marcação, na recomposição quando o time está sem a bola, passou a ser analisada com mais cuidado pela comissão técnica de Vítor Pereira.
A relação entre o técnico e o meia é ótima.
Mas o Corinthians precisa, de qualquer maneira, vencer o Deportivo Cali, na quarta-feira (13), em Itaquera. A derrota diante do boliviano Always Ready pesa muito. Para piorar, o Boca Juniors também perdeu na estreia, para a equipe colombiana.
O treinador do time colombiano é o venezuelano Rafael Dudamel.
E sua equipe tem forte poder de marcação na intermediária. Ele costuma até individualizar a perseguição aos principais articuladores adversários.
Foi o que fez, por exemplo, Rogério Ceni na semifinal do Paulista, ao colocar Rodrigo Nestor para perseguir Renato Augusto. Ele acabou anulado. Foi o começo da vitória são-paulina.
A situação é simples.
Renato Augusto está sob pressão.
Está claro que Vítor Pereira não o colocará nos seguidos jogos do Brasileiro, Libertadores e Copa do Brasil.
Até com a possibilidade de vir a ser reserva.
O português quer o Corinthians vibrante, intenso, compacto.
Para atacar e defender.
E para isso precisa de jogadores fortes e rápidos.
Simples, e cruel, assim...
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