Recolhido, Tite não tem ideia de quando a Seleção volta a campo
A pandemia travou os planos da Seleção. Ele estava pronto para apostar em uma equipe mais vibrante, ofensiva. Mas coronavírus mudou tudo
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
GOLEIROS
Ederson - Manchester City (ING)
Weverton - Palmeiras
Ivan - Ponte Preta
ZAGUEIROS
Thiago Silva - Paris Saint-Germain (FRA)
Marquinhos - Paris Saint-Germain (FRA)
Eder Militão - Real Madrid (ESP)
Felipe - Atlético de Madrid (ESP)
LATERAIS
Daniel Alves - São Paulo
Danilo - Juventus (ITA)
Renan Lodi - Atlético de Madrid (ESP)
Alex Sandro - Juventus (ITA)
VOLANTES E MEIAS
Arthur - Barcelona (ESP)
Casemiro - Real Madrid (ESP)
Fabinho - Liverpool (ING)
Everton Ribeiro - Flamengo
Bruno Guimarães - Lyon (FRA)
Philippe Coutinho - Bayer (ALE)
ATACANTES
Gabriel Jesus - Manchester City (ING)
Richarlison - Everton (ING)
Roberto Firmino - Liverpool (ING)
Gabriel Barbosa - Flamengo
Neymar - Paris Saint-Germain (FRA)
Everton - Grêmio
Bruno Henrique - Flamengo
Essa foi a lista que Tite escolheu e divulgou, no dia 3 de março, para o Brasil enfrentar Bolívia e Peru. E começar a caminhada para as Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo do Qatar.
No dia 9 de março, ele já tinha agendado sua ida para o Bem, Amigos, no Sportv. Seria sua primeira entrevista exclusiva depois da conquista da Copa América, em agosto de 2019.
O treinador estava recolhido.
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Até porque o Brasil fez péssimos amistosos no restante do ano passado. Chegou a ficar cinco jogos sem vitórias, uma partida abaixo do recorde negativo.
Empatou com a Colômbia em 2 a 2, perdeu para o Peru 1 a 0, empatou com o Senegal 1 a 1. Mesmo resultado com Nigéria 1 a 1. E foi derrotado pela Argentina por 1 a 0.
A fraquíssima Coreia do Sul deixou o clima mais leve. A vitória por 3 a 0 foi ótima para a estatística, mas não amenizou as críticas.
Tite decidiu seguir recusando entrevistas exclusivas.
Usava as coletivas para respostas genéricas, sem a profundidade exigida, diante da incerteza do selecionado que comanda.
Ele e sua Comissão Técnica fizeram inúmeras observações de novos atletas, observaram o melhor do futebol europeu.
Havia a convicção de que montaria uma equipe mais competitiva, mais ofensiva para resgatar a opinião pública e imprensa, cada vez mais descrentes da geração comandada pelo talentoso e problemático Neymar.
O assustador desempenho da Seleção no segundo semestre de 2019, o fez entender que o Brasil precisa de uma equipe mais forte fisicamente, mais vibrante, mais intensa.
E muito mais força pelas laterais.
Daniel Alves ainda imperava pela direita. A aposta maior estava em Renan Lodi, na esquerda. Para fazer a transição com Neymar.
Assim como ajustar de vez o posicionamento, a movimentação da zaga, com a recomposição dos volantes.
Corrigir a marcação nas bolas aéreas e exigir muito mais velocidade dos seus zagueiros, nos contragolpes adversários.
Marquinhos e Thiago Silva corriam sérios riscos. Felipe vivia fase excelente no Atlético de Madrid. Militão, não. Em baixa no Real Madrid.
Estava disposto a resolver o companheiro de marcação de Casemiro. Arthur se mostrava tão inconstante quanto no Barcelona, que admite negociá-lo. Fernandinho e, principalmente, Bruno Guimarães poderiam sonhar com a posição.
Fazer de vez Neymar um meia, com liberdade para se movimentar por todo o ataque.
Tite estava entusiasmado com ele, voltando a jogar bom futebol no PSG.
Na frente, Gabriel Jesus e Roberto Firmino teriam concorrência. Séria. Bruno Henrique e Gabigol abriam espaço, com Richarlison correndo por fora.
Mas todas as decisões
Só que o coronavírus se impôs.
A Organização Mundial de Saúde decretou a pandemia, assumiu que a doença se espalhou pelo planeta.
A Fifa ordenou à Conmebol e as Eliminatórias foram adiadas.
E as duas primeiras rodadas foram marcadas para setembro.
Mas não há definição alguma se a situação estará resolvida. Por conta da abertura das fronteiras, liberação dos voos, datas-Fifa, liberação dos clubes europeus, já que a previsão é que a curva do coronavírus está descendente no Velho Continente, ao contrário da América do Sul.
As propostas são muitas.
Como aumento de datas-Fifa, com três partidas das Eliminatórias Sul-Americanas de uma vez até repensar o formato de 18 datas, com todos os países se enfrentando em casa e fora.
A Copa do Mundo do Qatar está mantida.
Deverá começar no final de novembro de 2022 e não no meio do ano.
Por ser o período menos quente.
Na prática, Tite já perdeu dois meses de trabalho.
Para o seu prometido último Mundial, vencendo ou ganhando.
Se encerrará o que batizou com ciclo ideal de um técnico na Seleção Brasileira: a preparação desde o início das Eliminatórias até a Copa do Mundo.
Mas ele entende o que acontece.
Ele fará 58 anos, daqui 18 dias.
Pela idade, está no grupo de risco da pandemia.
Está em quarentena, com a família, no Rio de Janeiro.
Tem entrado em contato com o presidente da CBF, Rogério Caboclo, atrás de informações.
Mas o dirigente segue tão perdido quanto ele.
Com sua Comissão Técnica, mensagens pelo whatsapp.
E só.
Com a imprensa, Tite seguirá calado.
Sem dar entrevistas, até o futebol voltar.
Porque há dois meses não há o que observar.
A esperança é o retorno na Europa, na Alemanha.
Enquanto isso, está checando suas anotações, vídeos separados, a organização tática que havia escolhido.
E segue com uma só certeza.
A de que será muito cobrado.
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