Reação do Corinthians foi blefe. Escapou, por sorte, de ser goleado diante do Athletico. Derrota só por 1 a 0 tem de ser comemorada
Os números de Luxemburgo seguem assustadores. Em 14 partidas, sete derrotas, quatro empates e apenas três vitórias. Time namora a zona do rebaixamento. Derrota contra o Athletico mostra a fragilidade do Corinthians
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Não é normal uma equipe que permita 24 chutes a gol, no futebol moderno.
A não ser que seja um time pequeno, acovardado na defesa, diante de um gigante devastador.
O que não era o caso de nenhum dos lados.
Mas o Athletico Paranaense encurralou o Corinthians na Arena da Baixada. Desperdiçou chances incríveis. Cássio e as traves salvaram o time paulista da goleada.
Há motivo real para Vanderlei Luxemburgo comemorar a derrota por apenas 1 a 0, gol de Victor Roque, depois de 24 arremates do rival. Sua equipe escapou, por sorte, de enorme vexame.
O treinador volta à alça de mira dos conselheiros. Da oposição e da situação, aqueles ligados ao presidente Duilio Monteiro Alves. Após a derrota, os grupos de WhatsApp de conselheiros corintianos bombavam. E com muitos pedindo a demissão sumária do técnico, de 71 anos.
Luxa já não teve competência para classificar o clube às oitavas da Libertadores, fazendo com que cerca de R$ 10 milhões deixem de entrar nos cofres corintianos. R$ 6,3 milhões de premiação da Conmebol e o restante de arrecadação na partida que aconteceria em Itaquera.
O mínimo que a direção espera é que o time consiga vencer o Liverpool uruguaio, em Itaquera, na quarta-feira (28). E consiga a classificação para a triste compensação de disputar a Copa Sul-Americanca. Caso aconteça novo fracasso, Luxemburgo não deve sobreviver e deve acumular mais uma demissão seguida; seria a 16ª seguida, na lastimável parte final de sua carreira.
A partida também serviu para desmascarar a empolgação do treinador depois da vitória diante do limitado Santos, na quarta-feira. Ele disse depois do jogo que, após a parada de 11 dias, por conta da data Fifa, o Corinthians se mostraria "outro".
Foi diante do problemático Santos. Diante do Athletico, voltou a ser uma equipe encolhida, medrosa, espaçada, sem rumo. Principalmente fora de Itaquera. São 17 jogos em 2023 atuando no campo adversário. E a décima derrota.
Os números de Luxemburgo são assustadores, fraquíssimos.
São 14 partidas. Três míseras vitórias. Quatro empates. E sete derrotas! Perdeu metade dos jogos que disputou. Campanha vergonhosa e que coloca o time namorando firme a zona do rebaixamente. Hoje a distância é de apenas um ponto.
A saída de campo dos corintianos foi deprimente. Todos os atletas esperando para ir ao vestiário da Arena da Baixada em bloco. O medo da própria torcida é uma realidade no Corinthians.
"Isso é meu trabalho, defender. Fizemos um primeiro tempo abaixo, o Athletico é forte na sua casa e perde poucos pontos aqui.
"No segundo tempo tivemos mais controle, mas não conseguimos criar chances para empatar o jogo.
"Depois da parada fizemos jogos diferentes, mas hoje pecamos por termos feito um primeiro tempo abaixo. Temos que trabalhar, uma situação ruim, mas é jogo a jogo", disse Cássio, ciente da instabilidade, da assustadora fragilidade corintiana.
Pois bem, Luxemburgo repetiu o time que venceu o Santos e que ele queria que empolgasse dirigentes, imprensa e torcedores.
Só que a equipe teve uma postura totalmente diferente. Encolhida, chamando o Athletico Paranaense, com técnico interino, Wesley Carvalho, para o seu campo.
O técnico que assumiu no lugar do demitido Paulo Turra engoliu taticamente Luxemburgo. Ele tratou de escalar sua equipe no 3-6-1. Contra o estático 4-3-3 corintiano. Ou seja, o Athletico dominou as intermediárias. E, no primeiro tempo, chegou a acumular dez chutes a gol contra nenhum do time paulista.
Khellven foi liberado para atuar como ponta-direita. E fez o que quis com Bidu, exposto a sua fragilidade na marcação. Fernandinho, Victor Bueno, Erick e Canobbio fizeram o que quiseram do meio de campo para a frente. Marcando pressão, mostrando toda a intensidade. Postura que contagiou o ambiente, deixando ensandecidos os já empolgados torcedores atleticanos.
O único gol do jogo foi um retrato da péssima postura corintiana. Erick estava livre para pensar e descobrindo Khellven atrás da zaga, para ajeitar de cabeça, para o leve toque de testa de Victor Roque, que tirou Cássio da jogada. Athletico 1 a 0, aos 35 minutos do primeiro tempo.
Aos 46 minutos, Cássio fez estupenda defesa em chute de Canobbio. Dois minutos depois, em cobrança de escanteio, Victor Roque cabeceia livre. A bola bate no travessão e não entra completamente, e sai. Por sorte o Corinthians não toma o segundo gol.
No intervalo, Luxemburgo tentou copiar Luxemburgo.
Colocou o meia Giuliano como primeiro volante, como havia feito com Rincón, em 1999, e com Paulinho, ao assumir o Corinthians. Ele entrou no lugar de Roni.
Trocou Bidu, que teve péssima atuação, por Fábio Santos. O Athletico recuou para tentar explorar os contragolpes. E nem assim o time paulista conseguiu pressionar o adversário.
O jogo ficou mais nervoso, tenso. Mas o domínio paranaense, a consistência, a objetividade não mudaram. E a vitória foi mais do que merecida. O Corinthians nem sequer merecia chegar perto do empate.
Pagou caro pela fragilidade tática, falta de atitude e medo do Athletico.
Vanderlei Luxemburgo será cobrado por mais esse fracasso.
E seu cargo volta a correr risco.
Se o clube não chegar nem à Copa Sul-Americana, ao menos empatando, com o fraquíssimo Liverpool uruguaio, o técnico que se prepare.
Seus discursos decorados não têm mais força.
Cansaram.
Os números falam mais alto.
14 jogos.
E sete derrotas!
Ele que se previna para quarta-feira...
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