Raphinha pode esquecer disputa pela Bola de Ouro. PSG mergulha na campanha por Dembélé. Quer o francês ‘melhor do mundo’. Ele merece
O brasileiro fazia temporada espetacular. Assim como o francês. Mas as partidas decisivas da Champions League mudaram radicalmente o destino dos dois. O jogador desprezado pelo Barcelona conseguiu reviravolta fantástica no PSG e é favorito absoluto à Bola de Ouro
Cosme Rímoli|Do R7

“Ninguém teve paciência.
“Nem a imprensa, nem o Barcelona.
“Ele era jovem demais para entender muitas coisas.
“Essa é a realidade. Mas deu uma lição a todos nós. E já nos deu em seu último ano no Barça.
“Tudo que se dizia, que não era um bom profissional, que saía de noite, que bebia...
“Não era verdade. Depois de duas lesões muito graves, em um ambiente muito difícil, demonstrou que era um grande profissional.
“Outro jogador, com sua idade, teria jogado a toalha. Mas ele não o fez. Seguiu trabalhando, se recuperou, jogou muito bem com Xavi e estava muito bem avaliado. Agora está muito bem. Deu um tapa na cara de todos nós. E me alegra muito que vá bem.”
(Robert Fernández, ex-diretor do Barcelona, que contratou Dembelé do Borussia Dortmund.)
“As pessoas se preocupam com a quem vai ser dada a Bola de Ouro. Eu daria a Bola de Ouro a Ousmane Dembélé só por como jogou essa final. Isso é liderar uma equipe.
“Creio que merece a Bola de Ouro sem nenhuma dúvida.
“Não só pelos títulos, não só pelos gols, mas por como pressionou durante toda a temporada, especialmente nessa final.
“Dembélé pressionou Sommer, Acerbi e qualquer defensor com uma intensidade que não os permitia ter tempo para pensar.”
(Luis Enrique, treinador do PSG, que venceu a Champions League ontem, depois de golear a Inter de Milão, por 5 a 0, com duas assistências de Dembélé.)
Quem afinal de contas é esse ‘tal’ de Dembélé, que desbancou o brasileiro Raphinha na luta pela Bola de Ouro?
A história é marcante desse francês, filhos de pais migrantes, nascidos na Mauritânia, país muito pobre da África, que tem 90% de área no deserto do Saara.
Muito hábil, veloz, goleador e inteligente, ele surgiu como grande revelação no Rennes. O Borussia Dortmund resolveu comprar a revelação do futebol francês. E não se arrependeu, Dembelé seguiu fazendo sucesso.
E convenceu o Barcelona a apostar nele, para substituir Neymar, que virou as costas ao clube espanhol e foi jogar no PSG.

A pressão sobre Dembélé foi enorme. A imprensa espanhola queria que repetisse o que Neymar fez. O francês tem grande talento, mas seu futebol é diferente. Menos espetáculo, mais objetivo, mais força física, de imposição sobre o marcador.
Foi escalado de maneira errada, no lado do campo.
Seu rendimento foi frustrante.
Ainda mais para a segunda contratação mais cara da história do Barcelona.
Foram 105 milhões de euros, R$ 681 milhões.
Mais variáveis que poderiam aumentar seu passe para mais 40 milhões de euros, cerca de R$ 259 milhões.
Chegaria a 145 milhões de euros, cerca de R$ 941 milhões.
Lembrando que o PSG pagou 122 milhões de euros, R$ 792 milhões.
O Borussia não conseguiu o plus porque Dembélé não rendeu o que era sonhado.
Nada de artilharia, titularidade absoluta.
Muito pelo contrário.
Jogando fora de sua posição, rendeu muito menos.
E ele não soube reagir.
Passou a frequentar baladas, hostilizar a imprensa catalã, se isolar.
A direção do Barcelona desistiu do jogador.
E o repassou, sem dor na consciência, para o PSG.
O clube francês pagou menos da metade que o Barcelona gastou.
Foram 50 milhões de euros, cerca de R$ 324 milhões.
Ele tinha 26 para 27 anos.
Ele chegou com a indicação de Luis Enrique, que também pisava em Paris, contratado, em julho de 2023.
Tudo mudou para Dembélé.
Foi preparado com muito esmero.
Sua missão: atuar pelo setor de Mbappé, que mostrava comportamento de estrela deslumbrada, só pensando no Real Madrid.
Quanto menos Mbappé se empenhava no PSG, melhor jogava Dembelé.
E quando o egocêntrico atacante foi para a Espanha, o caminho estava aberto para o seu futebol.
Aos 28 anos nunca jogou tão bem.
E com tanta confiança.
Foi escolhido como melhor jogador do Campeonato Francês, desta temporada, vencido de forma invicta pelo PSG.
Melhor jogador da Champions League, que venceu ontem.
Na temporada chegou a 33 gols e 14 assistências.
Fundamental na conquista histórica e inédita do PSG.

Ganhou o que Messi, Neymar, Ibrahimovic não conseguiram.
E está pronto para repetir Benzema, que foi o Bola de Ouro em 2022.
Desbancou Raphinha, que era um dos candidatos.
O Super Mundial de Clubes não tem força para desbancar a Champions.
É um torneio ‘laboratório’ da Fifa.
Com os jogadores europeus desgastados, no final de temporada.
A votação para o melhor do mundo se fecha com o jogo mais importante de 2025.
Ele aconteceu ontem na Alemanha.
PSG 5 a 0 na Inter.
E consagrou o francês Masour Ousmane Dembélé.
Ele ganhou seu sétimo título no PSG, em dois anos.
Tem mais nove.
Entre eles, a Copa da Rússia, com a Seleção da França.
E é o melhor jogador do mundo em 2024/2025.
Luis Enrique está certo, mais uma vez.
E não adianta Raphinha prometer ‘dar porrada’ em ninguém...
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