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Cosme Rímoli - Blogs

Racismo do Corriere Dello Sport envergonha a imprensa no mundo

Jornal quis ironizar Lukaku e Smalling, dois jogadores negros disponíveis, na sua manchete. Não teve piedade. E estampou "Black Friday". Mas pagou caro

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Vergonhosa manchete racista do Corriere dello Sport. Punição merecida
Vergonhosa manchete racista do Corriere dello Sport. Punição merecida

São Paulo, Brasil

Os clubes de futebol são instituições particulares.

Mas com interesse público, de milhões.

O direito à informação é o que faz dirigentes tolerarem jornalistas frequentando as dependências dos Centros de Treinamentos, a área social, participarem de coletivas.


Questionarem técnicos, jogadores e os próprios dirigentes.

Foi criada a bizarra figura dos 'assessores de imprensa' que, na verdade, são censores. Jornalistas que não assessoram em nada os repórteres, atrapalham o trabalho, o colocam contra jogadores, dirigentes, técnicos. Fazem de tudo para que a notícia que não seja favorável ao clube não sejam divulgadas.


Treinam atletas a darem coletiva sem falar nada verdadeiro, sincero, só o que não possa atrapalhar o clube. Isso está por trás da geração mimada, vazia, sem personalidade, que domina, por exemplo, a Seleção Brasileira.

Mas nem este triste cenário impede clube, jogadores, treinadores e dirigentes de merecerem respeito.


O que o tradicional Corriere dello Sport fez foi abominável.

Inacreditável para um jornal de 95 anos.

O diário romano aproveitou que o belga Lukaku, de origem congolesa, e o inglês Smalling, de origem jamaicana, estão em péssima fase na Inter de Milão e na Roma. Anunciou que os dois podem ser comprados por preços baixos na janela do final de ano.

Só que de forma vergonhosa, bizarra, preconceituosa, racista.

Com a foto dos dois jogadores negros estampou na primeira página, uma manchete enorme.

"Black Friday."

Os editores quiseram ironizar o dia em que o comércio faz ofertas mais baratas para a população.

Comparar os jogadores a meros objetos que podem ser vendidos em uma pechincha.

E, sem hipocrisia, aproveitar que os dois são negros.

A ligação ao tempo da escravidão foi evidente.

Lógico que houve reação à revoltante manchete.

A reação dos jogadores, da Inter e da Roma foi de indignação.

E os demais veículos de comunicação foram corretos.

Não apoiaram o jornal.

Pelo contrário.

Fizeram duras críticas.

O Corriere fez inúmeras matérias atribuindo a reação à uma histeria injustificada.

Não admitiu o erro.

Teve chance e tempo para se retratar.

Se desculpar.

Não quis.

Mesmo ciente da atual fase de nacionalismo extremo que a Itália e a Europa vivem, revivendo grupos neozistas, que são absolutamente xenófobos, contra estrangeiros, principalmente negros.

A Inter e a Roma se uniram.

Decidiram que os jornalistas do Corriere dello Sport estão impedidos de entrarem no clube até o final deste ano.

Uma reprimenda dura.

Mas que não provocou revolta de outros veículos de comunicação.

Nem da população.

Ninquém está chamando de 'censura'.

A brincadeira racista não agradou ao povo italiano.

Ficou a lição.

Não se brinca com a cor da pele das pessoas.

A liberdade de expressão tem limite.

Esse limite é o bom senso.

Corriere dello Sport não foi censurado.

Foi lembrado de sua função como jornal.

Informar,questionar, criticar, especular até.

Mas nunca incentivar o racismo.

Inter e Roma deu uma lição ao mundo...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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