R$ 4 bilhões foi pouco. Segue a farra dos clubes com o dinheiro público
A vergonha continua. A medida populista de Dilma, que parcelou R$ 4 bilhões em dívidas dos clubes com os cofres públicos não bastou...
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Os políticos brasileiros não têm limites. O país mergulhado em uma profunda recessão. A corrupção se alastra. Temos a presidente com o maior índice de rejeição da história do Brasil. Governadores, prefeitos, senadores, deputados e vereadores não têm credibilidade. Fazem o que querem com o dinheiro público. É uma farra.
Leia também
COSME RÍMOLI: Banido por corrupção, Blatter faz o Palmeiras campeão mundial
Pablo fará cirurgia e está fora da final do Campeonato Paulista
Corinthians tenta reencontrar gols e aposta em Boselli contra a Chape
Hora H! Grêmio e Internacional jogam pelo título do Gauchão 2019
Vasco encara Santos e busca reação após derrota para o Flamengo
No futebol, a bancada da Bola está comemorando. Só ingênuos acreditaram que Dilma sancionaria a Medida Provisória que modernizaria os clubes, revolucionaria a CBF, as Federações. A transparência chegaria às administrações incompetentes, irresponsáveis e, muitas delas, corruptas. Pura ilusão.
Dilma foi populista com o dinheiro público. Os clubes terão vinte anos para pagar as dívidas que acumularam com o governo. Deixaram de pagar impostos e cumprir suas obrigações com a Receita Federal. Cidadãos 'normais' estariam presos, processados, suas empresas estariam fechadas há muito tempo se fizessem a mesma coisa."
Essa é uma parte importante do texto publicado no blog.
A data: 6 de agosto de 2015.
No dia anterior, Dilma havia sancionado a Medida Provisória 671. A que perdoava 70% das dívidas e 40% dos juros das dívidas dos clubes com os cofres públicos. Dinheiro que, teoricamente, deveria ser repassado para a população, em forma de hospitais, estradas, contratação de policiais, professores, funcionários públicos em geral.
Os clubes teriam 20 anos para pagar os R$ 4 bilhões em dívidas acumuladas com o país.
Vinte anos...
Medida populista para seduzir milhões de torcedores, que antes de amar seus clubes, eram eleitores.
Veja mais: City e Tottenham se reencontram na Champions em jogo sem favorito
Ingênuos acreditaram que seria a solução para o futebol deste país.
Afinal, as contrapartidas eram importantes: não poderiam mais antecipar receitas, como os direitos de televisão, e só poderão usar 80% de suas receitas brutas obtidas com o futebol para o pagamento da folha salarial e direitos de imagem de atletas da modalidade.
Todos só poderiam disputar qualquer campeonato com a comprovação de regularidade fiscal e trabalhista, e impunha o rebaixamento como punição a quem não estivesse em dia com impostos federais.
Ou seja, deveriam apresentar as fundamentais Certidões Negativas de Débito.
A balela durou pouco tempo.
O Supremo Tribunal Federal, em setembro de 2017, derrubou a exigência. Com o argumento de que os clubes devem ter o mesmo tratamento do cidadão comum. Quando atrasa qualquer pagamento tem a execução fiscal, é processado.
Assim como também caiu a obrigatoriedade de os clubes se tornarem sociedades privadas, o que traria muito mais transparência nas suas administrações.
O fair play financeiro, a responsabilidade de gastar apenas 80% do orçamento com o futebol, não é fiscalizado. Todos gastam à vontade.
Usando a Bancada da Bola, deputados federais, senadores, governadores, os clubes conseguiram não só ficar com o dinheiro, como anular as contrapartidas.
Os dirigentes só ganharam incentivo para a irresponsabilidade, incompetência com o dinheiro do clube.
Mas o perdão de 70% das dívidas públicas e 40% dos juros foi pouco.
Veja mais: Com vantagem, Liverpool visita Porto pelas quartas da Champions
Como dividir R$ 4 bilhões em 240 meses.
Não, como o blog havia antecipado aos ingênuos.
A Procuradoria da Fazenda Nacional trouxe uma bela e esperada 'novidade'.
18 clubes que receberam o perdão demagógico de Dilma Rousseff voltaram a se endividar com os cofres públicos.
Vale a pena nomeá-los.
Cruzeiros, Grêmio, Corinthians, Fluminense, Botafogo, Vasco, Palmeiras, Flamengo, Guarani, Sport, Figueirense, América de Minas Gerais, Brasil de Pelotas, Paraná, Coritiba, Botafogo de Ribeirão Preto, Oeste e Vila Nova.
Os registros da Dívida Ativa da União chegam a mais R$ 92,7 milhões em dívidas.
São débitos tributários, previdênciários, Imposto de Renda, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, PIS, Cofins, FGTS e INSS.
Sim, depois dos R$ 4 bilhões divididos em 20 anos, mais R$ 92,7 milhões em dívidas.
Veja mais: Volpi tenta voltar a surpreender Corinthians em Itaquera
Uma vergonha para qualquer país decente.
E que os políticos aceitam sem contestar.
Foi o ministro Alexandre Moraes que suspendeu a exigência do rebaixamento para os clubes que não conseguissem provar a eficiência administrativa.
Não poderiam disputar qualquer torneio sem a Certidão Negativa de Débitos.
Moraes alegou que se os clubes fossem excluídos dos campeonatos, rebaixados, aí é que não teriam como pagar o refinanciamento.
Vale a pena lembrar que antes mesmo de Dilma aprovar a MP 671, a Bancada da Bola conseguiu tirar um item fundamental.
O que transformaria a Seleção Brasileira em patrimônio cultural do país, o que a tiraria do jugo da CBF.
Por influência dos apoiadores de Marco Polo Del Nero, tudo seguiu na mesma. Mesmo banido do futebol, ele segue com imenso poder na entidade.
Colocou seu afilhado político Rogério Caboclo como presidente.
E os clubes seguem fazendo sua farra.
Com os cofres públicos escancarados.
À disposição.
Veja mais: Vasco encara Santos e busca reação após derrota para o Flamengo
Vergonha.
Péssimo exemplo para pessoas sérias deste país.
Um tapa na cara dos ingênuos.
Os que acreditaram na MP 671.
Tolos não viram um palmo à frente do nariz.
Não acreditaram que a farra continuaria.
Continua.
E o país mergulhado na recessão.
Com 13 milhões de desempregados...
Veja quais são os 20 clubes mais endividados do Brasil
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.