R$ 2 bilhões, por dois anos, na Arábia para Cristiano Ronaldo. Consolação pelo fracasso no United. E pelas vaias na Copa do Catar
Cristiano Ronaldo, que ironizou o futebol árabe, assinou contrato por dois anos com o Al Nassr. R$ 1 bilhão por temporada. Depois de fracassar na volta ao United e o adeus à Seleção Portuguesa, uma bela compensação
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Eu sou o jogador mais buscado da internet.
"Quando Xavi fala de mim é porque busca publicidade. Ganhou tudo, mas nenhuma Bola de Ouro. Eu tenho três. E está jogando no Catar.
"Não sei nem se continua jogando."
Esta foi a resposta irritada, tensa, de Cristiano Ronaldo em 2016. Ele não disfarçou o desprezo pelo espanhol estar atuando no mundo árabe.
A dois meses de completar 38 anos, o midiático atacante não teve outra escolha. Ou se rendia ao bilhões de reais oferecidos pelo Al Nassr ou iria ficar procurando um clube médio europeu antes de encerrar sua carreira no Sporting, clube que o lançou, como jurou fazer.
A notícia vazou ainda durante a Copa do Catar. E o português negou a possibilidade de atuar no Al Nassr, como o jornal Marca havia garantido, em manchete.
"Não é verdade", jurou no dia 7 de setembro.
Mas hoje, 23 dias depois, a confirmação da notícia do jornal espanhol.
O maior ídolo da história do futebol português não tinha outro caminho a seguir.
De repente, todas as portas que sonhava ter, se fecharam.
Depois de surgir como enorme talento, força, velocidade e artilharia, no Sporting, desenvolveu ainda mais estas características no Manchester United. Depois, midiático, foi ser melhor do mundo no Real Madrid.
Depois de nove temporadas, o desgaste. E a briga pública com o presidente Florentino Peres. E a saída para a Juventus. Não se adaptou ao futebol italiano com seu fortíssimo esquema defensivo. E, já desgastado em todos os sentidos, voltou ao Manchester United.
Pensou que estaria 'voltando para a casa'. Só que encontrou pela frente o treinador Erik ten Hag. E querendo se firmar na Premier League, o holandês está tentando montar um time intenso, vibrante, rápido, extremamente ofensivo.
Cristiano Ronaldo não teve explosão muscular, velocidade, vibração, força física para ser um dos atacantes titulares de ten Hang. Simples assim.
E o holandês não se dobrou ao cinco vezes melhor do mundo. Para ele, 'passado fica no passado'. Para ten Hang pouco importou se Cristiano Ronaldo era um dos maiores ídolos da história do United.
Percebendo que não se encaixava, Cristiano Ronaldo tratou de demonstrar sua insatisfação com a inesperada reserva. E acabou deixando o clube onde foi tão feliz.
Para completar a pior temporada da sua carreira, veio a Copa do Mundo.
E com o seu amigo, o treinador Fernando Santos, tentando montar também uma equipe nos mesmos moldes de ten Hang, que é a tendência mundial. Portugal tratou de dar o máximo para ser uma equipe intensa, vibrante, muito veloz nos contragolpes. Principalmente pelas laterais do campo.
Cristiano Ronaldo sem velocidade para jogar de lado como sempre fez. Foi improvisado como um atacante de referência. Só que, sem velocidade, agilidade, se tornou um peso para o time português.
Acabou passando pelo maior vexame da sua carreira. Nos estádios do Catar, quando era anunciado como titular, a torcida portuguesa vaiava muito. Virou reserva e mesmo quando ia entrar, novas vaias.
O garoto Gonçalo Ramos, de 21 anos, ficou com seu lugar. E foi aclamado pela imprensa e pelos torcedores lusitanos.
Situação inimaginável para quem foi cultuado por 19 anos jogando por sua seleção.
E quando veio a eliminação de Portugal diante de Marrocos, nas quartas, o sonho de uma reviravolta épica morreu.
Cristiano Ronaldo chorou muito, a cena foi marcante.
Ele percebeu que o tempo chegou inclemente.
Não era mais o fabuloso jogador de dez anos atrás.
E o que restava era usar o seu imenso poder midiático e fazer um contrato fabuloso antes de ir encerrar a carreira no Sporting.
Cedeu ao futebol árabe, que ironizou.
Mas ganhará muito bem por isso.
R$ 1 bilhão por cada temporada no Al Nassr, da Arábia Saudita.
Serão duas.
Exatamente como o jornal Marca havia antecipado.
Com dois bilhões de reais a mais na sua fortuna, Cristiano Ronaldo seguirá longe do futebol de elite. Mas certo que fez história. Não ganhou cinco Champions League, quatro Campeonatos Mundiais de Clubes, três vezes a Premier League, duas vezes o Campeonato Espanhol e duas vezes o Campeonato Italiano à toa.
Fora conquistar a Eurocopa e a Taça das Nações por Portugal.
Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro não merece críticas nem vaias.
E sim todo o respeito do melhor jogador da história de Portugal.
Mas que está no final da carreira.
Como acontece com todos.
Ele tem uma carreira espetacular.
Só que ninguém vence o tempo.
Que ele aproveite os dois bilhões que os árabes vão lhe pagar.
E desfrute o futebol que tanto ama...
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