"Quem manda aqui sou eu." Luxemburgo humilha Viña
Treinador pensa que está nos anos 90, quando poderia menosprezar jogadores. O tempo passou. Os atletas estão cada vez mais poderosos
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Quando Vanderlei Luxemburgo foi contratado, ele teve uma conversa séria com Mauricio Galiotte.
O presidente o queria de volta, mas avisou que precisava se conter, evitar polêmicas desnecessárias.
Ele se conteve, até ontem.
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Não bastasse o decepcionante futebol do Palmeiras no Brasileiro, Luxemburgo resolveu mostrar que ainda pensa como quando começou a trabalhar como técnico.
Em 1980.
Aos 25 minutos do segundo tempo do empate contra o Internacional, após substituir Matías Viña por Diogo Barbosa, ele não se conteve.
Ao perceber o lateral uruguaio irritado, inconformado com a substituição, o ego do treinador veio à tona.
Ele não pôde fazer o que se espera de um comandante de grupo, um treinador moderno.
Fez questão de virar as costas para o jogo e impor sua autoridade ao atleta.
"O técnico sou eu. Quem manda aqui sou eu."
Falou diante dos reservas, companheiros de Viña.
O uruguaio é a maior aposta em valorização do atual elenco.
Foi comprado para ser vendido à Europa.
Desmoralizá-lo não é trabalhar a favor do Palmeiras.
Não custava nada dar um bronca no lateral no vestiário.
Longe das câmeras, da transmissão.
Mas Luxemburgo não se conteve.
Pensou nele.
Não no clima ruim que estava criando.
Depois, diante da repercussão negativa de sua atitude, Luxemburgo teve de se explicar.
Tem que esclarecer essa coisa, porque ele fala um idioma, eu falo outro. Ele saiu obviamente chateado, mas o treinador sou eu, eu fui falar com ele, que faz parte. Ele disse que estava bem para jogar, mas eu falei que o treinador sou, eu que tomo a decisão. Eu não briguei com o Viña – disse.
"Eu não falei alguma coisa a mais do que isso que eu falei. Eu falei que o treinador sou eu, eu tomo a decisão, e ele ficou chateado. E é normal um jogador sair chateado, não vejo nenhum problema.
"Mas a decisão cabe a mim, não cabe a ele, porque eu sou o treinador da equipe.
"Se eles (jornalistas) falaram alguma coisa diferente, é só pegar a minha fala, fazer minha leitura labial e ver que eu falei que: "Eu sou o treinador e quem manda sou eu". Em momento algum eu ofendi ele de outra maneira."
Aos 68 anos, Luxemburgo não percebeu.
O futebol mudou.
Um treinador não desmoraliza um de seus jogadores e nada acontece.
Os atletas estão muito poderosos.
E unidos.
Principalmente quando um deles é injustiçado.
O treinador palmeirense criou outro problema para ele mesmo.
O primeiro é o frustrante futebol do seu time.
E ontem humilhou Vinã.
Perder o elenco é muito fácil.
O lateral uruguaio é muito querido no elenco.
Luxemburgo não está mais nos anos 80, 90.
Ele precisa entender que a relação entre jogador e técnico mudou.
Se quiser sobreviver como treinador...
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