Quatro anos de cadeia. Marin envergonha o futebol brasileiro
O ex-presidente da CBF foi condenado por corrupção nos Estados Unidos. Aos 86 anos, ele chorou ao saber que passará quatro anos na cadeia
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
José Maria Maria colheu o que plantou.
Aos 86 anos, o ex-governador de São Paulo, principal organizador da Copa do Mundo no Brasil em 2014 e ex-presidente da CBF, passou por seu último vexame. Chorando copiosamente recebeu a sentença por comprovada corrupção. Os crimes de fraude bancária e lavagem de dinheiro e organização criminosa foram comprovados e punidos pela justiça norte-americana.
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Sua idade avançada e suas lágrimas pesaram.
Mas ele acaba de ser condenado pela juíza Pamela Chen.
Ficará quatro anos preso.
E terá de pagar uma multa de 1,2 milhão de dólares de multa, cerca de R$ 3,9 milhões. E ainda teve 3,3 milhões de dólares confiscados, cerca de R$ 13,1 milhões.
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Não serão descontados os 13 meses que ele já passou preso.
Punição que muitos poderão achar branda.
Mas é histórica.
E humilha não só Marin.
Mas também o Brasil.
Mostra que o país não detectou e não soube punir um corrupto.
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Mesmo depois de todas as provas que ele exigia propina de empresas que compravam a transmissão de torneios no país. A Copa Libertadores da América, Copa do Brasil e Copa América. Recebeu dinheiro entre 2012 e 2015, período em que Marin foi presidente da CBF. Tentou lavá-lo em paraísos fiscais. Foi descoberto.
Em Nova York, hoje, Marin ainda teve a desfaçatez de se comparar a Jesus Cristo.
"Jesus carregou uma cruz. Eu carrego duas, a minha e a da minha mulher", disse, se referindo à pena que terá de cumprir por ser corrupto e pela tristeza, vergonha, desgosto que dá para sua esposa Neusa, de 79 anos.
Ele poderia ser condenado a 20 anos de cadeia.
Mas passará quatro anos como penitenciário nos Estados Unidos.
Marin sempre se defendeu garantindo que o responsável pelos seus atos criminosos era Marco Polo del Nero, ex-presidente da CBF. E que ele assinava o que Del Nero determinava.
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Mas as investigações deixaram claro que Marin sabia o que fazia.
Uma das provas cabais foi uma gravação de José Maria cobrando propinas do falecido e então proprietário da Traffic, Jota Hawilla. Aliás, Hawilla foi o grande delator que acabou com a prisão de 42 membros da alta cúpula da Fifa, que era presidida por Joseph Blatter.
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Marco Polo e Ricardo Teixeira ainda são investigados pela justiça norte-americana.
Mas a queda de Marin é um grande marco.
Mostra o quanto era corrupto o comando do futebol deste país.
O incômodo é que a punição veio dos Estados Unidos.
O FBI e o Departamento de Justiça fizeram o que nossas autoridades não conseguiram. Apesar de várias e várias denúncias. José Maria Marin vivia como um chefe de estado aposentado. Com direito a todas mordomias e ainda mandava no futebol brasileiro ao lado do seu parceiro Marco Polo Del Nero.
22 de agosto de 2018 é uma data histórica.
Os Estados Unidos fez justiça.
E condenou um criminoso.
Que fez o que quis com o futebol deste país...
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