‘Projeto Neymar’ fracassou. Devendo R$ 1 bilhão, clube faz o que não queria. Virar SAF. O gigante Santos terá um dono
Marcelo Teixeira sonhava com patrocinadores bilionários, jogadores importantes se oferecendo para atuar na Vila Belmiro. O projeto Neymar fracassou. A dívida cresceu assustadoramente, o dirigente resolveu ceder à realidade. E busca empresa para comprar o Santos
Neymar chorou muito, de emoção, naquele 31 de janeiro.
O bilionário presidente Marcelo Teixeira sorria, orgulhoso, esperançoso.
Aquela sexta-feira foi batizada pelo Santos.
Nas redes sociais virou #Neyday.
Havia jornalistas mais iludidos que os próprios 12 mil torcedores que foram à Vila Belmiro.
Depois de 12 anos no Exterior, o jogador mais importante, depois de Pelé, voltava à ‘sua casa’.
Programas de televisão, de Internet, celebravam.
O carente futebol brasileiro voltava a ter seu maior ídolo.
Não houve o mínimo cuidado de analisar os 33 anos e as 42 lesões do atleta.
Nem verificar com responsabilidade as finanças do Santos, que caminhava para onde está: R$ 1 bilhão em dívidas.
Teixeira vendeu o sonho que patrocinadores fariam fila com projetos mirabolantes para o clube e para Neymar.
Assim como atletas de enorme potencial aceitariam ganhar pouco, só pelo privilégio de estar com o midiático camisa 10.
Sim, a ‘camisa de Pelé’ foi reservada a ele.
O time, sob o comando do português Pedro Caixinha, estaria fortíssimo.
Não só para lutar pelo título do Paulista, mas pelo Brasileiro, pela Copa do Brasil.
Pois bem, depois de menos de quatro meses, a realidade bateu à porta.
Duas contusões musculares importantes na coxa esquerda de Neymar.
Não disputou a semifinal do Paulista, que o seu time foi eliminado.
Está desde o dia 13 de abril sem entrar em campo, tentando se recuperar.
Nenhum atleta de nível internacional importante quis jogar com Neymar.
O elenco é limitadíssimo.
O Santos está mergulhado na zona do rebaixamento, no Brasileiro.
Teixeira tirou o time da Vila Belmiro.
Trouxe para atuar no Allianz Parque, estádio com gramado sintético, do rival Palmeiras.
Tudo para escapar da pressão, das ameaças, dos xingamentos, dos rojões da torcida santista, no seu estádio, como respostas ao fraquíssimo futebol.
Pedro Caixinha foi demitido e entrou na Fifa exigindo receber os R$ 15 milhões de multa, que tem direito.
O Santos queria parcelar o pagamento em três anos.
Para agradar Neymar, Teixeira contratou Cléber Xavier, auxiliar de Tite há mais de 21 anos.
Inclusive nas duas Copas, de 2018 e 2022, que o Brasil fracassou.
Os dois sempre se deram muito bem.
Xavier jamais foi treinador, comandou time algum.
Os juros bancários, impiedosos, levaram a dívida ao temido R$ 1 bilhão.
O balanço de 2024 mostrou um déficit de R$ 104 milhões a mais que o clube já devia.
Ou seja, na frieza da lei, a gestão de Marcelo Teixeira é considerada temerária, pelo estatuto do próprio Santos.
Diante desse quadro, Teixeira capitulou, desistiu.
E decidiu que a única saída é ‘vender’ o Santos.
Ou seja, transforma o futebol do clube em uma Sociedade Anônima de Futebol.
O caminho escolhido por Teixeira foi o mesmo feito pela direção do Cruzeiro.
Procurou a investidora XP, que levou Ronaldo Fenômeno a comprar o clube mineiro.
Conselheiros e o próprio Teixeira não queriam perder a autonomia sobre o futebol do clube.
Mas não há outra saída.
A primeira reunião na XP já aconteceu e as partes seguem conversando.
A divergência está no valor do clube.
Por ter sido a ‘equipe de Pelé e de Neymar’ e o clube mais conhecido no Exterior.
Mas a XP está analisando as dívidas e a perspectiva do Santos.
Teixeira quer que o negócio seja fechado o mais rápido possível.
Há o medo cada vez mais evidente de rebaixamento.
O patrimônio de Neymar e seu pai, de acordo com a revista Forbes, é de R$ 4,4 bilhões.
Dinheiro mais do que suficiente para comprar o Santos.
As partes sempre negaram que o negócio pudesse acontecer.
Mas a situação é delicadíssima.
Antes de renovar seu contrato, que vence dia 30 de junho, Neymar quer saber como será o segundo semestre.
Ele jamais foi rebaixado em clube algum.
Se não houver uma mudança radical, a volta para a Segunda Divisão é mais que possível.
Daí a importância da chegada de uma SAF o mais rápido possível.
Para sanar as dívidas prementes, principalmente com os bancos.
Seguir bancando os vencimentos de Neymar, que bate nos R$ 21 milhões, somados salários e parte dos poucos investidores, que estavam empolgados no início do ano.
O clube terá pago a ele R$ 105 milhões, até 30 de junho.
Teixeira imaginou que com a vinda do midiático atleta, tudo seria diferente no Santos.
Não foi.
O ‘projeto Neymar’ fracassou.
Daí, apelar para o último recurso, que não queria.
Fazer o gigante Santos Futebol Clube ter um dono...