Primeiro senador cassado, e preso, está por trás da Supercopa do Brasil, entre Palmeiras e Flamengo, em Brasília. Luiz Estevão

Brasília, Brasil

2023 começou com uma renhida disputa no futebol nacional.

Grupos econômicos do Recife e de Salvador disputavam, com ardor, o direito de sediar a Supercopa do Brasil.

A CBF queria a melhor oferta.

Quando a capital da Bahia estava quase sendo anunciada como vencedora, surpresa geral.

De última hora, a empresa Metrópoles Sports desbancou a proposta de R$ 4 milhões 'livres de impostos' à CBF, pelos baianos.

Ofereceu R$ 6 milhões e ficou com a final. Com direito à organização e arrecadação.

E quem é o dono da Metrópoles Sports?

O mesmo proprietário do conglomerado jornalístico Metrópoles: o bilionário e ex-senador da República, Luiz Estevão.

Aos 73 anos, ele decidiu recolocar Brasília no cenário do futebol nacional.

Utilizando o estádio Mané Garrincha, que estava subutilizado por conta da fragilidade dos clubes de Brasília.

A arena, para 67 mil pessoas, foi a mais cara da Copa do Mundo de 2014.

Custou R$ 1,8 bilhão aos cofres públicos.

Luiz Estevão foi o primeiro senador da história a ser cassado e preso. Foi condenado por corrupção e desvio de R$ 169 milhões da construção do Tribunal Regional de Trabalho. O esquema comprovado de corrupção era liderado pelo juiz Nicolau dos Santos Neto.

Em 2000, ele foi cassado, ficou oito anos inelegível. E preso. Conseguiu vários recursos que garantiram períodos fora prisão. Devolveu à justiça quantia proporcional ao que ganhou.

Admitiu à revista Veja, que se beneficiou da construção da sede do TRJ.

“Não sou personagem principal desse esquema de corrupção. Fui beneficiário da situação, o que é diferente. Saí da sociedade quatro dias antes da licitação, quando percebi que meus sócios estavam ganhando muito dinheiro. Não estou dizendo que sou inocente. Sim, tirei proveito de alguma maneira, fiz negócios lucrativos, mas não fui agente direto desse esquema. Eu não era o responsável pela obra. No Senado, era também muito conveniente me cassar naquele momento."

“Qualquer personagem do mundo da corrupção, não é episódico, aprendeu um modus vivendi, aprendeu uma maneira de ganhar dinheiro.

'Nesse submundo, não há inocentes.

"Quando surge uma obra, o cara do órgão público, que representa um político ou um grupo político, indica um operador. E aí se inicia um processo que não tem limites, em que todos passam a ganhar."

Suas declarações também foram divulgadas também no veículo de comunicação que é dono, em 2020.

Luiz Estevão fundou e é dono do Brasiliense. Sua filha, Luiza, foi presidente da equipe.

Com a parceria dos administradores do estádio Mané Garrincha, o ex-senador decidiu investir pesado para trazer grandes clubes do país para Brasília.

Neste primeiro momento há a certeza de 12 partidas em 2023.

A final da Supercopa do Brasil, entre Palmeiras e Flamengo, é apenas a primeira.

Portuguesa e Corinthians, pelo Campeonato Paulista.

Cruzeiro e América, pelo Mineiro.

Botafogo e Boavista e Nova Iguaçu e Vasco, pelo Carioca.

Estas cinco estão garantidas.

Bangu e Fluminense, pelo Carioca, está em negociação.

Outras seis, envolvendo outra vez o Flamengo, devem ser alinhadas.

A compra de mando nos Estaduais não está sendo tão cara.

A Portuguesa cobrou 'apenas' R$ 1 milhão para jogar na Capital do Brasil contra o Corinthians.

Aliás, o ex-senador resolveu que seu grupo jornalístico seria um dos patrocinadores da camisa do tradicional clube paulista.

Luiz Estevão é um dos homens mais ricos do país.

Por conta dessa fortuna, Flamengo e Palmeiras estão aqui em Brasília.

Prontos para jogar no Mané Garrincha.

Estádio mais caro da Copa do Mundo de 2014.

E que estava no caminho do abandono...