Pressionada, com medo de novos vexames com Ramon, CBF escolhe Diniz como interino, até Ancelotti assumir. Escolha injusta
Treinador que só ganhou um Carioca, em 12 anos de carreira, vivendo um fraco momento, foi o escolhido para ocupar o lugar de interino até Ancelotti assumir. O ideal seria Abel Ferreira. Mas a pressão da mídia carioca pesou
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Fernando Diniz vive um péssimo momento como treinador do Fluminense.
Mas isso não impediu que o presidente Ednaldo Rodrigues decidisse oferecer a ele o cargo de técnico interino da seleção brasileira.
Com um contrato de seis meses, que pode ser prorrogado por até um ano.
O suficiente para que Carlo Ancelotti se livre do Real Madrid. Ou, ficando até junho de 2024, quando o compromisso termina. Ou, se for demitido, por qualquer motivo, antes. A partir daí, o italiano comandará o Brasil até a Copa do Mundo.
Fernando Diniz seguirá comandando o Fluminense.
Ele apenas fará a convocação e treinará a seleção nos jogos das Eliminatórias em 2023.
Serão apenas quatro partidas até o ano acabar.
Contra a Venezuela (em casa) e Uruguai (fora), em outubro, Argentina (em casa) e Colômbia (fora), em novembro.
Depois, em 2024, há amistosos e mais jogos das Eliminatórias.
A escolha de Ednaldo tem muito a ver com o fato de a imprensa carioca considerar Diniz um treinador "moderno" e que leva em consideração o que acontece com o futebol europeu.
Ou seja, um aluno dos melhores treinadores do mundo.
Diniz é absolutamente encantado com Pep Guardiola, não com Carlo Ancelotti.
Guardiola monta times com muita movimentação, com saída de bola da defesa para o ataque, com zagueiros trocando passes, nada de chutões, lançamentos.
Do meio para a frente, muita movimentação, vibração.
E forte recomposição.
O Fluminense atual de Fernando Diniz está se mostrando irregular, fraco na recomposição, com o treinador não conseguindo fazer seu time se impor, como aconteceu, por exemplo, no Carioca.
Aliás, seu único título como técnico na elite do futebol brasileiro, em 13 anos de carreira.
Apesar de formado em psicologia, Diniz apela para palavrões aos seus jogadores. O caso mais evidente foi o que fez com Tchê Tchê, quando treinava o São Paulo.
Ele acumulava cinco demissões seguidas, Athletico Paranaense, o próprio Fluminense, São Paulo, Santos e Vasco, nos últimos cinco anos.
Só se firmou neste retorno ao Fluminense.
A escolha acontece por conta do sufoco de Ednaldo Rodrigues.
Ele não poderia manter Ramon Menezes, que não tem a menor condição de ser treinador da seleção principal do Brasil.
A goleada contra o Senegal por 4 a 2 finalmente fez o presidente da CBF enxergar.
A escolha de Fernando Diniz é injusta.
Porque o escolhido pelo desempenho no futebol brasileiro tinha de ser Abel Ferreira. O português acumula títulos e campanhas excelentes.
Só que ele não é tão acessível como Diniz em relação aos dirigentes.
Diniz já conviveu com jogadores problemáticos e que exigiam privilégios táticos.
Como Daniel Alves, no São Paulo. O excelente lateral jogava como queria, como volante medíocre. E Ganso, que é favorecido taticamente no Fluminense.
Ou seja, não será difícil para Diniz suportar os exageros de Neymar.
O Fluminense não aceitou liberar seu treinador.
Apenas para os jogos.
O acordo foi fechado com toda a facilidade.
Mas é uma escolha incompatível da CBF.
Fernando Diniz está longe de ser um pupilo de Carlo Ancelotti.
Muito pelo contrário.
Mas a decisão foi tomada mais pela avidez de ter um treinador até o italiano deixar o Real do que como uma escolha consciente.
A preparação da seleção para a Copa de 2026 está caótica.
E tem apenas um fundamento.
A palavra de que Ancelotti assumirá o time em julho de 2024.
E dois anos serão suficientes para ir além de outros treinadores selecionados da elite mundial, como França, Argentina, Holanda, Alemanha e Inglaterra, que terão quatro anos ou mais.
Só que é assim que trabalha a CBF.
Feliz por vazar ter Fernando Diniz, em um momento ruim, como seu treinador interino.
Até que Ancelotti venha.
E comece tudo do zero...
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