Sylvinho nunca esteve tão pressionado no Corinthians. Pressão pela demissão
MARCELLO ZAMBRANA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO 02.06.21São Paulo, Brasil
"FORA SYLVINHO
"Embora a diretoria do Corinthians tenha realizado importantes contratações, o desempenho dentro de campo continua abaixo do esperado pela Fiel Torcida.
"Por parte de jogadores queremos Cássio, Fagner, Fábio Santos, Gil, Renato Augusto (jogadores mais experientes desse grupo), que cobrem mais desse elenco dentro de campo.
"Na parte técnica, falta definição tática. Diante disso, não existe qualquer desculpa para manter um técnico como Sylvinho, ele é fraco. Não há espaço no Corinthians.
"Desde a sua contratação não consegue organizar o elenco, não soube montar um time forte como deveria ser e continua insistindo em escalações que nunca deram certo e ainda sequer realiza todas as substituições que tem à disposição numa partida.
"O Corinthians não é para iniciantes e estagiários. Não sabe escalar. Não sabe motivar. Não serve para o Corinthians. Roberto de Andrade, fora!
Ao Sr. Presidente Duílio, honre suas palavras.
"Fora Sylvinho."
O manifesto da principal torcida corintiana, a Gaviões da Fiel, após a derrota diante do São Paulo tem grande peso no Parque São Jorge. A ala, que domina politicamente o clube desde 2007, com o primeiro mandato de Andrés Sanchez, tem sua força nas organizadas. Elas ganharam respeito, votos e até medo dentro do clube.
Há 14 anos há uma aliança entre os dirigentes da situação e as diretorias das principais organizadas. Elas são avisadas, informadas em primeira mão de inúmeras decisões dos presidentes que passaram pelo Corinthians. Houve conflitos, divergências até públicas, mas menores do que poderiam ser.
Andrés já foi muito cobrado, xingado. Mas sempre houve reuniões, e as situações foram contornadas.
Assim como há trocas de comando no Parque São Jorge, há nas organizadas. E a tolerância, principalmente em relação ao futebol, segue cada vez menor.
O caso Sylvinho é simbólico.
Cada vez mais tenso, Sylvinho discute com Vuaden, árbitro do clássico contra o São Paulo
FERNANDO ROBERTO/ESTADÃO CONTEÚDO - 18.10.2021O presidente Duilio Monteiro Alves estava muito pressionado. Assumiu o clube com dívida de mais de R$ 1 bilhão, com elenco fraquíssimo. Vagner Mancini conseguira evitar o rebaixamento no Brasileiro em 2020. E havia avisado que, se o clube não contratasse jogadores importantes, a temporada seria "terrível". Os jogadores não vieram, e o treinador acabou demitido sumariamente depois de o clube acumular eliminações na Sul-Americana, para o Peñarol, e no Paulista, diante do Palmeiras.
Duilio passou por dois vexames seguidos. Convidou, garantiu que o clube faria grandes contratações, ofereceu salário altíssimo a Renato Gaúcho. E mesmo ao uruguaio Diego Aguirre.
Os dois viraram as costas ao Corinthians.
Foi quando o diretor de futebol e ex-vice-presidente indicou Sylvinho. O ex-auxiliar de Tite na Seleção se recusou a comandar a Seleção Olímpica em Tóquio para assumir o Lyon. Na sua primeira experiência como treinador, ficou apenas 11 partidas, sendo demitido de forma constrangedora depois do pior início de temporada nos últimos 24 anos do clube francês.
Apesar do contrato até 2021, Sylvinho ficou apenas 11 partidas em 2019, no comando do Lyon
LyonA saída aconteceu em outubro de 2019. Ele ficou 19 meses sem trabalhar até que o Corinthians o convidou. Estava morando no Porto, em Portugal.
Ser ídolo corintiano serviu como escudo, assim como o fato de haver jogadores fracos. Foi quando Duilio e Roberto de Andrade decidiram, apesar das dívidas corintianas, investir em grandes atletas vividos e sem contrato. Foi assim que chegaram Giuliano, Renato Augusto, Roger Guedes e Willian. Além de ter tudo certo com Paulinho, a partir de janeiro de 2022.
De uma hora para outra, o Brasileiro mudou de figura. Sylvinho deixou de ter de lutar pela sobrevivência na Série A, pela obrigação de uma vaga na Libertadores.
Antes dos reforços, o Corinthians tinha feito 14 jogos no Brasileiro. Quatro vitórias, quatro derrotas e quatro empates. 12 gols a favor, 14 contra.
Depois da chegada do quarteto, foram 13 partidas. Seis vitórias, cinco empates e duas derrotas. Com 16 gols a favor e 10 contra.
Acontece que o Corinthians tem se mostrado instável. Mesmo na série de nove partidas invictas as críticas se acumulavam. A principal era a dependência de jogadas individuais. Nas últimas três partidas, contra Sport, Fluminense e São Paulo, o time se mostrou pior. Previsível, muito bem marcado, apesar da vitória diante dos cariocas.
Perder para os rivais Palmeiras e São Paulo sempre traz abalo no Corinthians. Daí a pressão pela demissão de Sylvinho crescer, já que a arrancada para a Libertadores está travada.
Mas Duilio Monteiro Alves deu sua palavra a Sylvinho de que ele teria reforços de alto nível e, principalmente, tempo para trabalhar. Por isso o contrato, com multa, até dezembro de 2022.
Duilio garantiu ontem a conselheiros de seu grupo político que não demitirá Sylvinho. Mas ele e Roberto de Andrade darão respaldo, com direito a cobrança de melhor futebol já no importante confronto de domingo, em Porto Alegre, contra o Internacional.
Alguns desses conselheiros pediram paciência à diretoria da Gaviões da Fiel. E que seguisse apoiando a equipe nesta reta decisiva. E que fizesse uma avaliação mais profunda no fim do Brasileiro.
Os jogadores, principalmente os experientes, sabem em detalhes o que acontece. E se comprometeram a apoiar Sylvinho. Não querem sua saída.
O treinador sabe que está em um momento muito difícil.
Mas confia na palavra empenhada de Duilio.
O argentino Vojvoda tem feito ótimo trabalho no Fortaleza. Já tem seu nome cogitado no Corinthians
FortalezaOu seja, acabou a breve paz no Corinthians.
A partida contra o Internacional terá peso enorme para o futuro do clube.
Sylvinho sabe que uma derrota pode custar caro.
E já há quem defenda o nome de um argentino para o seu lugar.
Juan Pablo Vojvoda, o técnico do Fortaleza...
Benzema enfrenta julgamento na França por caso de chantagem
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.