Pressão dos jornalistas e de tribunal alivia punição a Pussy Riot
Os 15 dias de prisão aos invasores da final da Copa do Mundo acabaram sendo leve demais. A punição não foi o que Putin e a Fifa desejavam
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Há uma chance de a punição não ser forte, como costumam ser as manifestações políticas, aqui na Rússia. A opinião pública está muito forte a favor deles, por causa dos jornalistas que cobriram a Copa. A divulgação do vídeo dos manifestantes indo fumar algemados é forte.
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"A pressão internacional vai pesar na hora de decisão sobre a punição", dizia, com convicção, ao blog, o secretário de Direitos Humanos, Ivan Melnikov. "Mas sigo preocupado."
E foi a pressão internacional, ao lado da Corte Europeia dos Direitos Humanos que acabaram superando a vontade do governo Putin e da Fifa pela punição exemplar.
Afinal, Pyoter Verzilov, Olga Kuracheva, Olga Pakhtusova e Nika Nikulshina invadiram a final da Copa do Mundo. Enquanto França e Croácia duelavam no segundo tempo, os quatro, que se vestiram de policiais para conseguir o acesso ao estádio, invadiram o gramado.
Nas redes socias, o grupo Pussy Riot assumiu a autoria do protesto. Fez várias alegações, deixando claro que não há um comando central. Mas a maioria enfatizou o fim das detenções ilegais em manifestações, libertação de prisoneiros políticos. O principal deles é Oleg Sentsov, cineasta ucraniano, que reclama publicamente sobre a anexação da Crimeia pela Rússia.
Ele está preso, acusado de tramar atentados contra o governo russo. Segundo o grupo, sem prova alguma.
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A pressão foi imediata. Ainda mais depois da divulgação pelo mundo do vídeo feito, com exclusividade pelo portal, às três da manhã do domingo, da final. Só o R7 foi até a delegacia Lujniki naquela madrugada. O repórter André Avelar acompanhava este jornalista.
Depois da transferência em camburão da delegacia para a Corte Khamovnichesky. Lá o quarteto foi acusado de dois crimes. O primeiro, usar uniforme oficial da polícia e o segundo, invadir o gramado.
Todos os detalhes foram acompanhados pela imprensa internacional.
"É impossível prever a sentença. Impossível", dizia o advogado Vasilev Nikolay. Muito assustado com a repercussão, depois do primeiro dia na prisão, ele passou a não falar mais, não atender os telefonemas da reportagem.
A sentença foi divulgada ontem.
E acabou pesando a imagem da Rússia para o mundo.
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Apenas 15 dias de cadeia para os manifestantes.
A pena foi ridicularmente baixa para quem acompanhou o que aconteceu em fevereiro de 2012.
O grupo invadiu uma igreja no centro de Moscou e gravou três canções de protesto contra Putin.
Todos as três integrantes foram condenados a dois anos de prisão.
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Só que, o Tribunal de Direitos Humanos da Europa, acabou de condenar a ação da Rússia. E obrigou que o governo pagasse indenização a Mariya Alekhina, Nadezhda Tolokonnikova e Yekaterina Samutsevich. Elas ficaram presas cinco meses antes da senteça definitiva.
A postura do tribunal saiu horas antes da sentença aos invasores da final da Copa.
Evidente que acabou pesando a favor do quarteto.
O Pussy Riot se aproveitou dos holofotes durante e depois do Mundial.
Mas agora seguirá suas lutas sem auxílio importante.
Dos milhares de jornalistas que foram à Rússia cobrir a Copa...
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