Presidente do Santos não demite técnico acusado de assédios sexual e moral. Eles mantêm ótimas relações há 16 anos. Dirigente não aceita denúncias anônimas
Marcelo Teixeira, presidia o clube quando Kleiton Lima foi o treinador campeão da Libertadores da América, com o time feminino, em 2009. Os dois são muito próximos. O dirigente só optará por demissão se receber denúncias públicas. Protestos de outros clubes não adiantarão
O presidente do Santos, Marcelo Teixeira, foi direto.
Antes de declarar seu apoio a Kleiton Lima, que enfrenta 19 cartas denunciando assédios sexuais e morais, o dirigente deixou claro para a coordenadora de futebol feminino do clube, Thais Picarte.
Se houver denúncias públicas, caso jogadoras decidam acusar Kleiton ‘frontalmente’, ou seja, sem ‘se esconder’ no anonimato, ele pode rever seu apoio ao treinador.
Caso contrário, se nenhuma atleta que estiver no clube assumir as acusações, Kleiton seguirá no clube.
Não importam os protestos de outros clubes.
“Internamente e em outras esferas não há nenhum tipo de denúncia concreta ou processo.
“Ao contrário, foi arquivado por falta de autora. O departamento do futebol feminino entendeu que o profissional era importante para darmos prioridade ao futebol feminino.
“Se eu tivesse uma mínima ou qualquer tipo de fato concreto e que pudesse ser provado que ocorreu algo grave, envolvendo qualquer pessoa, seja ela atleta ou funcionária, imediatamente tomaremos as medidas cabíveis. Até esse momento não temos nada.”
Teixeira tem ótimo relacionamento com Kleiton.
No seu pior mandato, o terceiro, entre 2008 e 2009, quando o time masculino fracassou, só o feminino lhe deu alegria.
Com a excelente equipe, tendo Marta, a melhor jogadora de todos os tempos, como estrela, o clube venceu a Libertadores da América e a Copa do Brasil.
Na época, o dirigente se mostrava empolgado pelo trabalho de Kleiton Lima, que mesmo com convites para trocar de clube, seguiu no Santos.
Postura que ganhou a fidelidade do presidente.
E não é de estranhar, para quem conhece os bastidores do futebol feminino santista, Teixeira dê sua solidariedade neste momento ao pressionado Kleiton, 15 anos depois.
“Quando se há uma manifestação, e eu estou ao lado dessa manifestação, ela deve ser justa. E apurar. O silêncio, tudo isso o Santos concorda e está ao lado. Agora, não podemos admitir hoje que esteja certo ou errado algo que não temos nada a ser definido.
" Nem no âmbito externo do Santos, que poderia existir. Tanto as [atletas] que estavam ou as que já saíram, né? E que poderiam fazer uma assinatura. Imediatamente estaríamos tendo conhecimento do que aconteceu. Eu não sei, vocês não sabem. Se eu souber, imediatamente a diretoria tomará suas medidas.”
Teixeira se apega ao fato de que nenhuma jogadora acuse abertamente o treinador.
Ou seja, de nada adiantou os protestos das atletas do Corinthians, do Palmeiras e do Avaí, que taparam suas bocas durante o hino nacional, antes de suas partidas, ironizando o Santos recontratar Kleiton, demitido no ano passado, pelas 19 cartas.
Independente da postura de Marcelo Teixeira, a tendência é que os protestos continuem nos outros clubes, pela permanência do técnico.
Kleiton já assegurou à direção que não pedirá demissão.
Ele segue não admitindo assédio algum.
E, publicamente, as atletas se calam...
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