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Cosme Rímoli - Blogs

“Pra galera que só aproveita o momento para criticar: a eles eu não devo nada. Somos prata aqui e ouro na vida’. O magoado adeus de Marta

Os Estados Unidos venceram o Brasil na decisão da medalha de ouro, em Paris, por 1 a 0. As norte-americanas tiverem muito mais organização e consciência tática. Marta teve humildade, como antecipou o blog, aceitou a reserva. Entrou. No fim, desabafou

Cosme Rímoli|Do R7


Swanson comemora o gol que valeu o ouro olímpico. No segundo tempo, o Brasil cansou e perdeu a organização tática Reprodução/U.S.Women's National Soccer

A derrota foi muito dolorida.

Pela expectativa criada nas vitórias contra a França, sede da Olimpíada, e da Espanha, campeã mundial.

Mas diante do maior histórico carrasco, o time de Arthur Elias não resistiu.

O Brasil sucumbiu.


Como aconteceu nas Olimpíadas de 2004 e 2008, a Seleção foi derrotada pelos Estados Unidos.

Por 1 a 0, gol de Swanson.


A dor ficou ainda maior porque marcou a última partida de Marta nos Jogos Olímpicos.

A seis vezes melhor do mundo foi vencida pelo tempo.


Aos 38 anos, não é nem sombra da espetacular jogadora que já foi.

Ela sabia que não atuou bem, o que é normal para uma atleta de 38 anos, que enfrentou várias lesões.

Não fez um gol durante toda a Olimpíada.

Deu só uma assistência contra a Nigéria.

Valeu a compensação da Seleção que, depois de 16 anos, voltou a decidir o ouro.

Mostrando que Arthur Elias descobriu um caminho para as mulheres.

Ainda mais lembrando que a Copa do Mundo de 2027 será disputada aqui.

O Brasil voltou ao pódio, trouxe medalha.

A pálida comemoração tem explicação fácil porque a prata vem com derrota.

O bronze, que vale menos, é fruto de vitória.

Mas não há como ser apenas ufanista, vitimista, dar volta olímpica com a medalha da segunda colocação.

Houve muitos erros.

E todos partiram da CBF, organização que cuida das Seleções Brasileiras femininas e masculinas, em todas as categorias.

Além de organizar campeonatos nacionais.

O faturamento da CBF em 2023 chegou a R$ 1,1 bilhão.

Recorde na história de lucro.

Mas a cúpula da entidade, encabeçada por Ednaldo Rodrigues, foi incapaz de fazer um trabalho profundo para a Olimpíada de Paris.

A começar pelo fracasso retumbante da Seleção Brasileira masculina, que não conseguiu sequer se classificar para a competição.

O treinador Ramon Menezes, que acumula dois rebaixamentos na sua péssima carreira como técnico profissional, ficou à frente de uma geração que tinha como estrela Endrick.

A CBF não conseguiu convencer os clubes a liberarem Vitor Roque, Beraldo, Danilo, Murillo, Yan Couto, Martinelli, João Pedro, Ângelo e João Gomes.

O feminino se classificou sem problemas.

O erro foi o planejamento para Paris.

Marta saudou a torcida brasileira que a aplaudiu em Paris. Adeus às Olimpíadas CBF

A sueca Pia Sundhage perdeu o comando da Seleção.

Até antes mesmo da Copa do Mundo da Austrália, não era segredo para quem acompanhava de perto, que jogadoras importantes não concordavam com as ideias básicas de Sundhage, que defendia futebol estático, ultrapassado.

Mas Ednaldo ficou ao lado da técnica.

E o Brasil caiu, de forma vergonhosa, no ano passado, ainda na fase de grupos.

Eliminado pela França e pela Jamaica, sim, Jamaica.

O presidente da CBF ainda ficou em dúvida, perdeu tempo.

Mas demitiu a indesejada Pia.

Arthur Elias, que já deveria estar há anos comandando a Seleção, assumiu em setembro do ano passado.

O ciclo olímpico, que teria quatro anos de preparação, teve 11 meses.

E com a problemática despedida da maior jogadora de todos os tempos.

Aos 38 anos, sem movimentação, intensidade, não seria uma atleta que Elias aproveitaria no ‘seu’ Corinthians tão vencedor.

Só que a presença de Marta em Paris era uma obrigação, pelo que ela representou pelo futebol feminino deste país.

O Brasil fez uma péssima primeira fase de grupos na Olimpíada.

Jogou mal, mas venceu a Nigéria por 1 a 0.

Outra vez mal, caiu derrotada diante do Japão.

E atuou acovardado contra a Espanha, na queda por 2 a 0.

Nesta partida, Marta queria dar um chutão à frente da zaga, e acertou a cabeça de Carmona.

Foi expulsa e tomou dois jogos de suspensão.

Foram justamente as duas partidas que o Brasil conseguiu suas consagradoras vitórias, em jogos eliminatórios.

Diante da França, dona da festa olímpica.

E contra a Espanha, surpreendida taticamente por Elias, que esqueceu a covardia tática.

Colocando o Brasil para marcar a saída de bola das campeãs mundiais.

Veio a vaga para a final, a decisão da medalha de ouro.

A mídia deste país, como um todo, foi do pessimismo à empolgação ufanista, ‘pacheca’.

Os Estados Unidos fizeram campanha espetacular na Olimpíada.

O time venceu todos os seus jogos.

A inglesa Emma Heyes foi contratada a peso de ouro.

Tem o maior salário entre todos os técnicos do futebol feminino.

São R$ 8 milhões por ano.

Com 17 títulos pelo Chelsea, entre eles a Champions League, ela foi condecorada pela Família Real Inglesa.

Assumiu os Estados Unidos em maio, mas encontrou uma equipe nova, mas com espinha dorsal fortíssima.

Ela impôs sua maneira intensa de jogar, povoando as intermediárias e privilegiando velocistas no ataque.

Além de volantes e laterais ofensivas.

Sem a bola, ela exige recomposição, vibração, na marcação.

O preparo físico das norte-americanas é assustador, um dos pontos exigidos por Heyes.

Foi assim que os Estados Unidos, tetracampeão olímpico, chegou em Paris.

Arthur Elias comprou o desafio, colocando a Seleção Brasileira para marcar forte, na intermediária norte-americana.

E explorar as jogadas em velocidade nas costas de Fox e Girma, lateral direita e zagueira, muito fracas na marcação.

O Brasil entrou com três zagueiras, cinco meio-campistas e duas atacantes.

Com Marta corretamente no banco.

O blog já havia revelado que ela e Arthur haviam conversado.

E a melhor de todos os tempos aceitou a realidade e o banco de reservas na final.

A partida ficou aberta no primeiro tempo.

Mas depois, na segunda etapa, a força física das brasileiras arrefeceu.

E as norte-americanas tiveram mais espaço para atacar.

Aos 11 minutos, Swanson aproveitou o péssimo posicionamento da zaga.

E não desperdiçou, diante da ótima goleira Lorena.

O Brasil não teve forças para reagir.

Não adianta disfarçar porque foi o adeus da maior jogadora de todos os tempos.

E por ela ser brasileira.

Marta mostra a sua terceira medalha de prata que conseguiu com a Seleção Reprodução/Twitter

Marta entrou e não fez absolutamente nada.

A não ser não marcar ninguém e desperdiçar ataques da Seleção.

Mas ela já fez demais na sua trajetória.

Os Estados Unidos conquistaram sua quinta medalha de ouro no futebol feminino.

Provando a força de um projeto.

Que sirva de exemplo para o Brasil.

O orgulho pela superação de Arthur Elias e suas atletas tem de ser genuíno.

Mas não fingir cegueira pelos erros primários na preparação.

E que o Brasil aprenda, finalmente, a jogar sem Marta.

Para o bem da imagem dela e de planejamento da Seleção...

Que hoje tenha sido sua despedida da camisa verde e amarela...





Veja também: Marta busca medalha de ouro inédita pelo Brasil

A lenda do futebol ganhou duas medalhas de prata em sua carreira e agora tem a chance de fazer história para o Brasil contra os Estados Unidos.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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